CONHECENDO O INTERIOR DE UM VERDADEIRO INICIADO

"Conhece-te a ti mesmo" é um aforismo grego que revela a importância do autoconhecimento, sendo uma frase bastante conhecida no ramo Filosofia. Não há certeza absoluta em relação a quem foi autor desta máxima, mas há vários autores que atribuem a autoria da frase ao sábio grego Tales de Mileto. Apesar disso, existem teorias que afirmam que a frase foi dita por
Sócrates, Heráclito ou Pitágoras".

Após esse preâmbulo, iniciamos esse trabalho com uma analogia comparativa entre o homem Maçom e a Realidade vivenciada na Ordem, sem retóricas, em uma dissertação confeccionada à partir de estudos da personalidade dual, daqueles que entram, permanecem ou não, não dizem a que vieram ou que mantém acessa a verdadeira luz que receberam em suas iniciações.

Conhecer a si mesmo é um dos ditames de maior complexidade que poderia ser analisado, sob a égide da estatística formal, matemática e friamente falando, pois os indivíduos são diferentes, pensam de maneira diversa, se pronunciam com palavras que muitas vezes, vão de encontro com suas próprias atitudes e sobretudo, muitos se comportam de um modo hoje e
amanhã de outro.

Conhece-te a ti mesmo, frase emblemática, está inscrita na entrada do templo de Delfos, construído em honra a Apolo, o deus grego do sol, da beleza e da harmonia. Em grego (língua em que foi escrita), esta frase é gnōthi seauton; em latim é nosce te ipsum e em inglês é Know thyself.

A frase completa é: "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo."
Esta máxima também é amplamente usada no âmbito de algumas religiões como o espiritismo, que abordam a importância do autoconhecimento.

No decorrer dos séculos, esta frase foi usada por vários autores e pensadores, tendo por isso várias interpretações. Por isso estamos trazendo à baila de nossos usos e costumes, um ensaio filosófico e até mesmo esotérico comparativo.

Exegeticamente, fazendo um transfer para nossos usos e costumes veremos que o primeiro passo para o verdadeiro conhecimento é nos conhecermos a nós próprios. Se queremos conhecer o mundo à nossa volta, devemos em primeiro lugar conhecer quem nós somos. O conhecimento e conhecer a nós próprios é um processo, uma busca que não tem fim e a cada dia podemos aprender mais.

O processo de autoconhecimento muda a forma como uma pessoa interage com o mundo e com as outras pessoas, abrindo a possibilidade para conhecer e aprender novas coisas.

Outra explicação é que é mais importante nós nos conhecermos, termos noção de quem nós somos, e não dar importância ao que as outras pessoas pensam sobre nós. Na simbologia maçônica, na prova da terra, nas profundezas de uma masmorra, nos leva a uma profunda reflexão sobres nossos valores.

"Só sei que nada sei."
Intrigado com a mensagem do oráculo, o filósofo procurou todos os sábios de Atenas para que esses pudessem mostrar-lhe o que era o conhecimento.

Sócrates fazia-lhes perguntas sobre temas morais como a virtude, a coragem e a justiça, na esperança de que essas pessoas, reconhecidas pela sabedoria, pudessem ajudá-lo na busca pela verdade.

No entanto, ele sentiu-se frustrado ao perceber que essas autoridades gregas possuíam uma visão parcial da realidade, sendo capazes, apenas, de dar exemplos de alguém virtuoso, corajoso ou justo.

Fazendo um Transfer para o Sábio Mestre, Ele concluiu desses encontros, que esses sábios não passavam de pessoas com uma interpretação errada sobre o conhecimento, repletas de preconceitos e falsas certezas.

Levando pela ótica Maçônica, compreendemos que a mensagem do oráculo dizia respeito ao fato dele possuir um autoconhecimento e compreender a sua própria ignorância, tornando-o mais sábio que os outros.

Somente após abandonar os seus preconceitos que o sujeito está apto para buscar o conhecimento verdadeiro.

A filosofia Maçônica nasce a partir da reflexão, ou seja, do olhar para dentro. Faz-se necessário refletir sobre o que significa, de fato, conhecer alguma coisa. A partir daí, construir bases para todos os tipos de conhecimento.

Sendo assim, o motor da filosofia é o “conhece-te a ti mesmo” do próprio conhecimento, é o pensamento voltado para si. Busca no entendimento, as bases que fundamentam o saber.

Por conta disso, todas as áreas do saber são também áreas próprias da filosofia e seu objeto de estudo.

Agora teríamos obrigatoriamente adentrar pelo Estoicismo Maçônico para complementar essa visão filosófica.

Estoicismo é a corrente de pensamento cuja característica central é o pensamento de que todo o cosmos é regido por uma harmonia que determina todos os acontecimentos. Suas bases são:

Virtude como único caminho para a felicidade;

Ações baseadas na razão e não na emoção; Prazer como inimigo da sabedoria; Ataraxia: Ética baseada na indiferença aos acontecimentos externos, do mundo; Autarquia: Controle de si mesmo, das realidades interiores, das virtudes; Então é importante:

1) Conhecer a si mesmo.
2) Controlar a ansiedade.
3) Lidar com a insegurança.
4) Manter a calma em situações adversas.
5) Processar sentimentos e pensamentos negativos.
6) Reduzir o stress.

Por mais que uma análise nesse sentido requeira algumas variáveis, é possível afirmar que faltou lucidez mental aos criminosos mencionados aqui. Faltou a razão, que talvez os deixasse menos vulneráveis moral e psicologicamente.
Não se conquista tal lucidez mental senão através do autoconhecimento. Se os pais desejam ver seus filhos crescerem com mente sadia, o melhor remédio é incentivá-los a se conhecerem melhor a cada dia. Isto vale tanto para o campo racional quanto para o emocional. As repercussões práticas de cada um deles vão depender de quão harmonizados eles estiverem.

Indo agora além da Filosofia e mesmo do campo religioso, acredito que o autoconhecimento é obtido através de caminhos racionais e emocionais, mas, muito mais ainda, através da espiritualidade.

Excesso de razão pode desembocar em orgulho e prepotência; excesso de emoção pode provocar desequilíbrio e desencontros. A harmonia espiritual costuma ser o fiel da balança entre este dois extremos que habitam em cada um de nós.

O processo de autoconhecimento não é tarefa fácil e não tem fim. É importante dedicar atenção ao que te tira ou te coloca no eixo. E isso é de grande utilidade para a vida profissional e pessoal.

Os Maçons “sem autoconhecimento” são Irmãos que não têm preferência por um trabalho ético e justo, vestem-se de um arcabouço externo abstrato e sem brilho próprio, para agradar o outro, frequentam lugares que o outro gosta, enfim, parece que falta um "pouco de personalidade".

Essa falta de personalidade, na verdade, é o desconhecimento de sua própria essência. As pessoas comuns e também os irmãos ficam na correria do dia-a-dia e não conseguem tempo para meditar, para ler um bom livro ou para aquietar a mente e encontrar respostas sobre si mesmas. Assim acabam seguindo “a boiada” ou se tornam uma cópia desbotada do outro.

Enfim Conhecer a te mesmo, vai muito além da vã filosofia transcende os mais elevados
píncaros da imaginação humana, e é uma tarefa a ser protagonizada todos os dias... O Conhecer
é infinito e seu aprendizado eternizado na senda da Ética, da Moral, da Justiça, dos Bons Costumes e demanda uma auto lapidação diária e contínua.


 

Mestre Maçom (Instalado) - CIM 157465
Academia Maçônica de Letras do ES

Fonte: Informativo “O Malhete”, Ano XIV, Nº 164 - Linhares-ES