Uma visão do homem

A palavra “homem” não significa o ser organizado que se encontra na terra. Homem é todo ser formado de uma parte de Espírito e de uma parte de matéria de que está composta a esfera que ele habita e que é capaz de manifestar por atos morais a parte do Espírito que está nele.

A finalidade do universo é o progresso. Logo, a finalidade de cada homem, que é parte do universo, não pode ser outra coisa senão uma parte do progresso.

Os planetas e as esferas não são em si mesmos suscetíveis ao progresso. Somente é suscetível ao progresso o ser moral formado de uma parte de espírito e de outra parte da matéria de que está formada aquela esfera. O ser moral metade espírito e metade matéria é o homem.

O homem é a miniatura do universo, por isso lhe chamam microcosmos, porque contém todas as qualidades que foram dadas a todos os seres nascidos antes dele.

Tudo quanto foi feito antes do aparecimento do homem foi feito para o homem. Logo, possuindo a quinta essência de todas as qualidades dadas a todos os seres anteriores a ele, o homem será o rei da criação – ou um universo em miniatura. No entanto, se o homem não é a última palavra da perfeição no caminho do progresso, é sem dúvida o mais perfeito no estado atual.

Todos os seres anteriores ao homem lhe serviram de duas maneiras: uns foram organizados cada vez melhor para lhe darem saída, e outros para lhe serem úteis e servi-lo em suas necessidades.

O homem recorreu aos animais, aos vegetais, aos minerais, aos gases, etc., para ter vida por meio dos alimentos, da roupa, da respiração, do abrigo, etc. A terra o carrega, a água lhe mata a sede, o ar move a sua respiração, o calor o abriga e o sol lhe conserva a vida, por que o sol é a alma da terra e de todos os planetas. Portanto, o homem não poderia viver se não tivesse em si tudo isso. Logo, o homem é um resumo de tudo quanto está no universo até a sua aparição nele.

Por conseguinte o homem é o mais poderoso agente do progresso e o único ser capaz de perfeição moral; porque o progresso coroa o progresso material, como o homem coroa a escala genealógica dos seres organizados.

O espírito ao agir sobre a matéria é incorporado nela. Antes da organização do homem, o espírito existia na matéria e estado latente. Isso quer dizer que não tinha poder para manifestação moral ou livre.

Durante a época cosmogênica a matéria impedia a manifestação livre do espírito. Isso está representado pela estrela microcósmica invertida, com a ponta para baixo. Quando chegou a estabelecer-se o equilíbrio entre o espírito e a matéria – devido à transformação contínua – então, se manifestou a consequência de um progresso moral e livre. Todo progresso moral produz um progresso material e vice-versa, isto é, todo progresso material exige progresso moral.

A organização universal é completa: onde existe necessidade encontrar-se o que a ela possa satisfazer. Perto da dor está o remédio próximo da fome, o alimento; perto da ferida, o bálsamo. Esta ordem que combina e supre se chama com razão: previdência.

A previdência é a harmonia entre o espírito e a matéria. A previdência interna não nos deixa caminhar às cegas na senda do progresso, nem tem o poder de nos deter a marcha rumo à perfeição.

A perfeição é indefinida porque o resultado do progresso é infinito e, como tal, nunca pode ser alcançada. Certamente existe uma perfeição parcial, a qual se pode aspirar: é a perfeição relativa que consiste em satisfazer a todas as necessidades de uma época com todos os elementos postos a sua disposição a alcançar o ideal de bem estar mais possivelmente desejado.

Jaime França de Moraes

In-memória.

Os planetas e as esferas não são em si mesmos suscetíveis ao progresso. Somente é suscetível ao progresso o ser moral formado de uma parte de espírito e de outra parte da matéria de que está formada aquela esfera. O ser moral metade espírito e metade matéria é o homem.