Você é feliz?

Não amável leitor, não se trata de uma pergunta louca. Tão pouco é uma pergunta impertinente; ainda que possa parecer. Pelo contrário, é uma pergunta muito pertinente. A vida, sem felicidade, é carente de significado. Nenhuma vitória – seja do tipo que seja – é realmente vitória se não traz consigo a felicidade. Nenhum fragmento de nossa vida diária tem algum valor se não vai acompanhado da felicidade. Em uma palavra, a vida é felicidade.

O filósofo grego Epíteto, que durante sua vida longa de 91 anos na Grécia antiga chegou a grandes verdades que legou para a posteridade. Entre elas destaca uma muito clara: “Deus criou a todos os homens para gozar da felicidade e da constância do bem”.

Volto a lhe perguntar: Você é feliz? Goza da felicidade e do bem? Não estou falando de uma felicidade momentânea ou temporal como ganhar em uma carreira ou que lhe toque um prêmio em alguma loteria. Não, isso é efêmero, quase sem valor para o que estamos debatendo, mas refiro a se sua felicidade é plena, felicidade completa. Sempre? Se você se inclina a dizer que tal coisa é impossível tenho que lhe dizer que seu pensamento não passa por ser mais que uma racionalização do que você crê; mas não é a realidade.

A felicidade é possível e deveria estar sempre a seu lado e ao lado de todo o mundo. Charles Darwin, o famoso naturalista, também era um notável filósofo. Escreveu muito acerca da luta pela existência das espécies e sua sobrevivência e chegou à mesma conclusão que Epíteto: “todos os seres conscientes foram criados para gozar da felicidade” diz Darwin, e acrescenta: “A felicidade impera, sem dúvida alguma”.

Pode que você diga que não é feliz, mas certamente que também diz que tem direito a ser feliz e por ele repito a pergunta: Você é feliz?

A experiência e o contato com milhares de pessoas, as relações passageiras e a estatística nos dizem que muito poucas pessoas dizem que são plenamente felizes. O mais grave é que muitas, muito mais de que alguém possa crer, afirmam que nunca experimentaram a felicidade.

Chegados a este ponto cabe se perguntar: Quem tem a culpa de que alguns – muitos – jamais experimentassem a felicidade? Se você lê os escritos que sobre o tema da felicidade escreveram filósofos, sábios e religiosos poderá comprovar que todos estão de acordo em que o ser humano é o responsável de sua própria felicidade. A melhor definição que se pode dar sobre a felicidade e as causas de que esta não seja alcançada são as palavras de Abraão Lincoln quando disse que as pessoas são tão felizes como decidem ser.

Mas a felicidade não vai aparecer diante de você por arte de magia. A magia não existe. A grande parte da culpa a temos nós, não há dúvida. Olha a seu redor e verá que a imensa maioria vive em seu mundo. Um mundo criado e artificial onde quase todos procuram ocultar seus sentimentos para não fazer visível sua infelicidade. Não deveria ser assim e não deveríamos fazê-lo nunca. Negar nossa infelicidade não nos faz feliz e fecha portas a poder sê-lo e à ajuda que os demais nos podem prestar.

Alguém vai caminhando pela rua, se senta em um parque ou olha pela janela do ônibus e se fixa nas pessoas com as que se cruza e vemos que a maior parte está triste, deprimida, preocupada... infeliz. E quando vemos a alguém que sorri, alegre, feliz; nos chama poderosamente a atenção; como se fosse algo anormal quando o normal deveria ser o contrário. Onde, então, está o erro? Epíteto volta de novo em nossa ajuda: “Recorde que o infeliz é infeliz por sua própria culpa”.

E aqui se abre a realidade da felicidade. A verdade dita por Epíteto nos conduz a outra – muito mais importante – que nos diz que se o homem cria sua própria infelicidade também é quem cria sua própria felicidade.

Para criar sua própria felicidade só precisa aprender uma grande lição e empregá-la com frequência. Não é uma lição complicada, na realidade é muito simples, o complicado é que você deve mudar seu pensamento. Deve deixar para traz o que durante anos esteve fazendo, trocar seus hábitos... e isso sim que custa.

Você precisa adquirir o hábito de ser feliz. Isto quer dizer que simplesmente tem de se dizer a si mesmo e com frequência: “Eu faço da felicidade um hábito”. “Eu sou feliz porque quero ser feliz”. Esta simples afirmação contém uma grande verdade. Diz o livro dos Provérbios (15:15) que o homem de coração alegre tem um banquete contínuo.

Cultivando o hábito da felicidade, sua vida pode ser mais agradável e proveitosa. Os hábitos são fáceis de cultivar, mas nesta sociedade atual solemos cultivar hábitos negativos como a pressa, a preocupação, o estresse e um sem fim de hábitos mais que agoniam.

Mas a felicidade é um hábito positivo... que a maior parte das pessoas se esquece de cultivar. A felicidade precisa se querer, mas também precisa se cultivar. Se você não a cultiva, se desde seu interior não se sente feliz nunca o será. A felicidade é um hábito a cultivar e que voltará sua vida feliz.

Para ser feliz você precisa ser consciente, sobretudo e em primeiro lugar, de que sua própria felicidade não depende de nada nem de ninguém. As pessoas creem que será feliz só o dia que os problemas que os rodeiam se resolvam. Isso é uma ilusão! Os problemas seguem e aparecerão novos problemas. Alguns se solucionarão e outros não; mas, a felicidade não depende dos problemas: Depende de você. Você pode ter muitos problemas, mas se decide ser feliz o será. Uma coisa não é incompatível com a outra. Ser feliz é desfrutar da vida em cada momento. Ser feliz não é ter tudo resolvido sem conviver com os problemas, olhá-los de frente e dizer: sim, tenho um problema: mas não vou a deixar que ma amargue a vida. Dito de outro modo aplique a seguinte máxima:

Se um problema tem solução para que vou a preocupar-me; se não tem, para que vale que me preocupe.

Tão pouco pense que cultivando o hábito de ser feliz poderá modificar o comportamento de todos os que o rodeiam, como em um passe de mágica, para que possam ser felizes e assim ser feliz você. Não é assim, não. A grande transformação será interno e silencioso. Sucederá dentro de você e não fora; seus valores se transformarão, começará a dar valor ao que realmente tem valor e, de repente, olhará a seu redor e descobrirá que apesar de todos os problemas, que continuarão em seu lugar, você está mais além deles, alheado desfrutando do que realmente merece e, portanto, sendo feliz. Compreenderá que a maior parte, para não dizer todos, os problemas que o faziam infeliz são problemas materiais, você vive em um planeta chamado Terra onde existe uma sociedade materialista que dá valor a tudo aquilo que é efêmero: um carro, uma casa, um ordenador, o último Iphone... e não considera as coisas quase eternas como a família, os filhos, o amor por sua companheira. Essa é a chave do assunto: decida ser feliz, identifique o verdadeiramente importante e... desfrute. Seja feliz.

Compreenderá, ademais, que jamais poderá modificar aos outros, pois cada um se encontra em seu nível de evolução próprio, em uma escada cujos degraus vão subindo passo a passo. Você viverá sua vida e deixará os outros viver a sua. Compreenderá que de nada vale ser infeliz porque a pessoa que o rodeia tem decidido não ser feliz ou não lhe apetece sê-lo. Compreenderá que nem todos pensam como você e não dão o passo para ser feliz.

Compreenderá que existes momentos felizes e tristes, mas em seu conjunto, você será feliz porque assim tem decidido e assim será.

Mario Lopez

Domiciliado em: Galícia – Espanha.

Mestre Maçom sob Obediência da Grande Loja de Espanha.

Tradução livre feita por: Juarez de Oliveira Castro.