A busca da verdadeira luz

A busca da verdadeira luz

 

Ao sermos iniciados somos atraídos pelos mistérios, ou seja, ocorre a passagem da obscuridade para a LUZ. Tudo isto representa as penosas etapas da educação do prisioneiro liberto, cujos pensamentos, na verdade eram frutos de um falso conhecimento.

 

Platão encena esse drama que envolve a libertação de um prisioneiro acorrentado à caverna. Depois de ele ter conhecido a LUZ do grande dia e as verdadeiras realidades, ser-lhe-á imposto o retorno à caverna, desta vez para levar a verdade aos seus amigos companheiros de prisão.

 

No preâmbulo do livro do Aprendiz, encontramos “a Maçonaria é, portanto, o progresso contínuo, mediante ensinamentos de uma série de graus, visando, por iniciações sucessivas, incutir no íntimo dos homens a LUZ ESPIRITUAL E DIVINA”.

 

O Venerável Mestre ao invocar o auxílio do Grande Arquiteto do Universo (GADU), suscita: “faze, senhor, com que nossos corações e inteligência sejam sempre iluminados pela tua LUZ”.

 

Na iniciação ao entrarmos pela primeira vez no templo, o Irmão Experto diz: “suspendei vossa espada Irmão Guarda do Templo, pois ninguém ousaria entrar neste recinto sagrado sem vossa permissão, desejosos de ver a LUZ, estes profanos vêm humildemente pedi-la”.

 

No eixo principal do Templo do fundo do oriente é sobre três pequenos degraus (Pureza, LUZ e Verdade), eleva-se o trono, de forma triangular, destinado ao Venerável Mestre.

 

Três, também, é o número da LUZ (Fogo, Chama e Calor). Três são os pontos que o Maçom deve orgulhar-se de apor a seu nome (), pois esses três pontos, como o Delta luminoso e sagrado, são emblemas dos mais respeitáveis, representam todos os ternários conhecidos e, especialmente, as três qualidades indispensáveis ao Maçom:

 

VONTADE - AMOR OU SABEDORIA - INTELIGÊNCIA

 

A Estrela Flamejante representa a principal LUZ da Loja e o Sol nos ensina a praticar o bem a todos aqueles que necessitam e até nossa caridade alcançar.

 

O homem deve necessariamente tomar consciência da essência divina em si, se quiser descobrir Deus. Consequentemente, o homem tem como futuro tornar-se LUZ, como meio, a sabedoria que é a visibilidade de Deus.

 

No mundo manifesto, o homem é limitado por suas próprias esperanças e seus próprios desesperos. Ele não é LUZ nem trevas, mas uma sombra que tende a desfazer na medida em que ele se abre para a espiritualidade.

 

Por exemplo, a sombra da alegria é a tristeza congelando a vida. Os maus pensamentos são de algum modo, pensamentos de sombras, onde as virtudes não conseguem se expressar.

 

A palavra divina equilibra à LUZ e as trevas no corpo humano, sem que este seja envenenado pela angústia  e aniquilado pelo sofrimento.

 

O homem vivencia um inferno passivo quando seus pensamentos não são mais purificados na fonte interior, ou um inferno ativo quando suas paixões o impelem a ações demoníacas.

 

Existe um caminho traçado para todos aqueles que sentem o chamado da verdade e sua alma um pensamento iluminado.

 

A LUZ não pode ser compreendida, a não ser pela revelação, está no final do caminho profano.

 

A angústia talvez não seja mais do que a oposição entre o desejo tenebroso e o desejo luminoso, enquanto a natureza divina não seja compreendida como uma entidade viva no homem.

 

Na consciência, a sombra e a LUZ parecem não se excluir. Pelo contrário, parecem se misturar para preparar a exposição de um sentimento misterioso: O SAGRADO.

 

Quando LUZ e sombra se defrontam em seu interior, o homem vive momentos dramáticos, pois existe a incomunicabilidade com Deus, ou seja, a perda total da língua original que o liga a ele

 

O homem de desejo percebe a LUZ velada, ele sai da sombra e vive a claridade, tendo descoberto o fogo de virtude que o harmoniza e lhe confere a missão de mostrar Deus no coração dos outros homens.

 

O novo homem é o pensamento de Deus: ele está na LUZ. O reino de seu amor e de sua ação ali se encontra. Suas convicções mentais cederam lugar à revelação e Deus se expressa através de suas palavras.

 

Se toda LUZ pressupõe uma sombra, não há qualquer dúvida de que é a sombra que deve servir à LUZ e nunca o inverso. O homem não poderá desgarrar se seguir com o olho interior o raio que une sua sombra com a claridade.

 

Em harmonia consigo mesmo, ele não pode recusar a palavra luminosa. Ele tem tudo para reconhecê-la, não como um possível substituto para os seus sentidos, mas como um princípio de sua natureza.

 

A visão ensombrada, velada, dos sentidos não é o intervalo entre a cegueira das trevas e o olhar luminoso para o absoluto. Neste sentido, lembremo-nos sempre das palavras do Apóstolo João: “a LUZ brilhou nas trevas, mas as trevas não a compreenderam”.

 

Paulo Stahlhōfer