A cor de todos os dias
A-cor-dar. Aprendemos a acordar mais felizes quando descobrimos a significado poético dessa palavra. A cor que damos ao dia que nasce bem à nossa frente. A escolha dos tons do que vai acontecer no capítulo de hoje da sua história. Não sei se esse é o verdadeiro sentido da palavra ou se é invenção de alguém com alma sensível. Mas dá gosto de acreditar que a vida possa ser assim.
Há dias muito fáceis de colorir. São nossos momentos onde a alegria reina. O dia das boas notícias. Talvez de férias. Quem sabe na praia. Com certeza sem prazos e outras preocupações. A gente não precisa de pincéis para encontrar as cores, elas estão por aí numa bandeja farta de tons. No céu azul. No verde da copa das árvores. No amarelo incandescente do sol. Na florada hipnotizante dos ipês.
Há dias lbe difíceisl de colorir Neles o cinza insiste em aparecer no céu e nessa nuvem lque agora paira sobre a cabeça. A gente arrisca um tom e tudo parece meio preto azulado e sem graça, Alguém solta uma piada e você dá um sorriso amarelo pastel. De repente, apagaram tudo que era vibrante. Do nada, lvem uma onda forte que quase os afoga.
Há dias em que só dá para viver se alguém trouxer um estojo de lápis de cor para ajudar você na tarefa. Alguém com empatia para estar ao seu lado mesmo que não entenda a dificuldade que você tem em colorir os dias difíceis. Alguém que ajude você a encontrar as cores que estão escondidas atrás dessa cara triste que você não consegue disfarçar.
Acordar é sempre uma chance de recomeçar. Os dias fáceis de colorir são presentes que devemos apreciar. Os dias difíceis de colorir exigem mais para aprenderos a caprichar no desenho.
Nossa história nunca é colorida do jeito que esperamos sempre do jeito que precisamos. As cores da realidade também são bonitas porque têm reviravoltas que nos sacodem e surpresas que nos comovem. Dizem que a vida tem que as cores que gente pinta. As dos dias fáceis acordam você. As dos dias difíceis despertam você. Juntas e misturadas transformam a sua própria história numa verdadeira obra-prima
Thais Ferreira Gattás
thaisferreiragattas@gmail.com
Publicado originalmente no Plural do jornal "Notiícias