A Corda de 81 nós

A Corda no Rito Escocês Antigo e Aceito parte de um nó central (sobre o Delta) estendendo-se no alto das paredes com nós equidistantes a partir do nó central com quarenta para cada lado até a parede ocidental terminando por duas borlas que pendem ao lado da porta de entrada. Assim os “nós” em número de quarenta para cada lado ocupam todo o espaço, desse a parede oriental até a ocidental (menos por sobre a porta) Também não há necessidade alguma das borlas tocarem o chão.

A origem do simbolismo da Corda – despido do número de 81 nós – está nos canteiros de obra da Maçonaria Operativa quando o espaço da construção era delimitado por uma corda grossa (às vezes até uma corrente de ferro) presa por anéis de metal em estacas fincadas na terra. A proteção limítrofe circundava todo o canteiro até a sua entrada que era marcada por duas estacas maiores (postes – paliçadas) que delimitavam a entrada e saída do espaço. Geralmente junto à banda Norte do acesso por dentro do canteiro havia um pardieiro onde um zelador guardava as ferramentas ocupadas no trabalho. Havia também um na banda Sul que abrigava outro zelador responsável pela fiscalização dos trabalhos (wardens = zeladores; origem dos Vigilantes Especulativos).

Como na Maçonaria Moderna a Loja simboliza um canteiro de obras especulativo (Oficina), o Rito Escocês Antigo e Aceito revivendo esse costume haurido do passado inseriu no simbolismo dos seus Templos uma corda circundando todo o espaço em alusão àquela que demarcava o recinto de trabalho dos operários da pedra. Assim, devida essa origem, a corda deve circundar toda a Loja, salvo o espaço destinado para a sua entrada (porta).

As borlas (elementos decorativos das duas pontas da corda) recomendam a interpretação de que a Maçonaria é uma Instituição progressista e evolucionista que, respeitados os verdadeiros Landmarks da Ordem, acompanha a evolução da ciência e das artes. Assim, a interrupção da Corda que circunda o Canteiro, representa simbolicamente essa passagem do progresso – a Ordem Maçônica é dinâmica e progressista, portanto aberta às novas ideias que possam contribuir para a evolução racional da humanidade.

É oportuno porém, salientar que a menção à Justiça e à Prudência feita no Ritual está em incorreta, já que o simbolismo relativo a essas virtudes está presente nas borlas estilizadas que aparecem ilustradas nos quatro cantos do Painel do Grau – Justiça e Prudência no Oriente e Temperança e Coragem no Ocidente. Já as borlas que são partes integrantes da Corda não têm essa conotação, senão àquela relacionada a demarcar e simbolizar o acesso do desenvolvimento.

Quanto ao número de Oitenta e Um Nós, o mesmo foi inserido provavelmente no século XVIII por obra e graça do pensamento dos místicos que deram ao nó central – sobre o Delta – a qualificação numeral de “um” como elemento primário da Criação, enquanto que a alusão feita ao número “quarenta” (para cada lado) corresponde ao simbolismo penitencial e da expectativa. Exemplo: quarenta dias que durou o Dilúvio; quarenta dias passou Moisés no Sinai; quarenta dias durou o jejum de “Jesus”; etc.

Existe ainda aquele que nomeia o número oitenta e um como o quadrado de nove e este por sua vez como o quadrado de três – número perfeito e de alto valor místico para todas as civilizações. Três eram os filhos de Noé; três eram os varões que apareceram a Abraão; três eram os dias de jejum dos judeus desterrados; etc.

Entretanto a interpretação mais plausível tem sido aquela (esotérica) que sugere a união fraternal que deve existir entre os Maçons, muito parecida com a fábula do feixe de Esopo. Em linhas gerais a corda constituída por muitas fibras de sisal corresponde à união e a resistência, já que poucas fibras tendem a se romper, porém em grande número e unidas umas as outras dão à corda a resistência necessária. Representa assim a comunhão de ideias e de objetivos da Sublime Instituição.

Encerrando e ratificando, a Corda de Oitenta e Um Nós circunda as quatro paredes (parede oriental, paredes Norte e Sul e parede ocidental) do Templo, interrompendo-se apenas no Ocidente junto à projeção do prolongamento das laterais da porta de entrada. As borlas decorativas terminam à meia altura da porta.

Pedro Juk

 

Fonte: JB News – Informativo Nº 1.547