A diferença é o diferente

Experimente acordar diferente um dia desses. Você nunca desejou isso? Claro que desejou. Todo mundo, por mais que goste da vida que está levando, um dia já quis sair da rotina. Você já pensou para que serve o carnaval, por exemplo? Já imaginou por que tanta gente passa o ano inteiro sonhando com esse momento mágico em que vai deixar a vida real pendurada em um prego no escritório ou num cabide em casa, para vestir uma fantasia de príncipe, rei ou jardineira, como dizia o famoso samba de Tom e Vinícius? 


Você não precisa esperar o carnaval para viver um momento desses. Só por experiência, ao invés da ducha quentinha que você toma de manhã, tome uma ducha fria. Depois, no lugar de sentar-se naquela mesma cadeira, no mesmo lugar da mesa, onde você se acomoda todos os dias para tomar o seu café, sente-se em outro lugar. A propósito, se quiser ser um pouco mais ousado, tome o seu café em outro cômodo da casa e mude também alguns tipos de alimentos que você habitualmente consome no café da manhã. 


Quando sair para o trabalho, se você usualmente vai de ônibus, experimente ir de carro; se de carro, tope pegar um ônibus. Se habitualmente usa um ou outro, experimente pegar um trem. Se não puder dispensar o carro, faça um caminho diferente. Se puder ir a pé, melhor ainda. Experimente. Depois vá mudando, durante o dia, uma coisinha aqui, outra ali. Troque de lugar o grampeador, vire a mesa para o outro lado, escreva um pouco com a mão esquerda – ou direita se for canhoto (a). Ao sair para almoçar, mude de restaurante. E se tiver um pouco de coragem experimente outros tipos de comida. E quando voltar para casa, á noite, faça um esforço e tente ver outro canal de televisão, outro telejornal ou novela, ou, se quiser ir mais longe do que isso, simplesmente troque a televisão por outra forma de lazer nessa noite.  

 
Porque estou lhe sugerindo isso? É simples. Durante sua vida pessoal e profissional você sabe que para ter sucesso não basta ser muito bom no que você faz. Você tem que aprender a lidar com pessoas, seja qual for o produto ou serviço que você vende ou a vida que leva. E mesmo que não queira ver isso de um ponto de vista profissional, há que considerar que a sua qualidade de vida está vinculada ao êxito que você tem nos seus relacionamentos. E as pessoas, você sabe, não são iguais, não são se guiam pelos mesmos padrões, não professam as mesmas crenças, não tem os mesmos desejos. Por consequência, nós não podemos definir um ritmo e querer que elas dancem conosco no mesmo compasso. E depois as coisas mudam todos os dias. Novos processos, novas informações, novos objetivos, novas ideias.  


Pessoas flexíveis têm mais probabilidades de estabelecer bons e diversificados relacionamentos.  Além disso, com a prática da flexibilidade, mudanças de ambiente, de emprego, de parcerias, de amigos e de hábitos são menos dolorosos e mais fáceis de administrar. Sentimentos de perda diminuem de intensidade, acontecimentos inesperados são absorvidos com mais facilidade, soluções para os problemas que nos são postos surgem em nossa mente com maior frequência.  


Flexibilidade não deve ser apenas uma característica de personalidade: adote-a como forma de viver mesmo. Um dia você poderá depender dela como tábua de salvação para a sua vida. Lembre-se: a decomposição só alcança os organismos inertes. A conformidade é a nossa primeira morte. E a diferença, no mais das vezes, está no diferente. 

*João Anatalino. 

Fonte: https://www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br/