A Espera...

Crônica 

 

A ESPERA...

 

 

Ele acordara bem cedo naquele dia, e era num sábado. Imediatamente vieram à sua mente aqueles pensamentos novamente. Não chegavam a lhe causar temores, não o deixavam nervoso, mas traziam uma expectativa que chegava a ser angustiante. Sabia que após o almoço seria procurado por alguém e que partiria para uma experiência totalmente nova.

 

Sentou-se na beira da cama e continuou a pensar “Será que vale a pena?” Porque não lhe deram mais detalhes? Porque ao invés de lhe adiantarem alguma coisa séria, já que gostava das coisas bem explicadas, estava apenas ouvindo através de telefonemas, ou de algum amigo ou conhecido quando andava pelas ruas, piadas jocosas e sem sentido tais como que ele deveria levar milho no bolso, que teria que montar um determinado animal. Coisas tão esquisitas. Para que isso? Por acaso iria a algum circo? Achava que deveria ter tido aulas á respeito da filosofia daquela sociedade. que o receberia como um deles. Estava achando que estava prestes a viver uma aventura sem saber nada a respeito. Isso o intrigava. Para ele havia qualquer coisa de errado. Não podia ser assim.

 

Sempre tinha ouvido falar bem da honorável sociedade, coisas boas a seu respeito. Mas também tinha ouvido muita coisa ruim, contra. Havia inclusive pressão de membros de sua família para que não se envolvesse com aquelas pessoas.

 

Inclusive, há alguns meses havia dito à sua noiva que ingressaria naquela associação. Ela não gostou, franziu a musculatura da face, ficou quieta e como religiosa que era, foi logo falar com o seu confidente religioso e este inexplicavelmente, já que os religiosos por má programação de suas mentes sempre dizem horrores contra a tal sociedade, mas este disse a ela que não haveria problemas, que conhecia seu noivo, que era um homem íntegro e que sabia o que queria. Afirmou ainda que aquela sociedade não era contra Deus, conhecia-a muito bem e tinha certeza de que ela procurava o bem da humanidade e investigava a Verdade.

 

Continuou a pensar. Havia ainda uma razão muito forte. Estava procurando buscar algo novo que preenchesse o vazio que tinha dentro de si e que vinha lhe causando um conflito existencial. As religiões não lhe deram as respostas necessárias. Elas não respondiam a uma série de questionamentos. A civilização está em crise, abandonando velhos paradigmas e buscando novos. A tecnologia avançou demais e desintegrou valores antigos. O Homem estava tentando se reencontrar. Ele vivia dentro destas indagações.

 

E ele se sentia inserido neste contesto, sabia que talvez por esta série de razões estivesse naquele dia ansioso, naquele estado de espírito. Um reencontro consigo mesmo, buscar e  atingir os aspectos transcendentais da existência era a sua esperança. Achava que aquela sociedade lhe daria uma nova oportunidade, e lhe traria muitas respostas.

 

Continuava a pensar “Não disseram um só palavra que lhe desse uma pista”. O amigo que o convidara a fazer parte da sociedade não lhe dissera coisa alguma. Gostaria de saber para que fosse mais receptivo aos ensinamentos que iria receber pelo menos uma direção, um trajeto, mas nada lhe foi revelado.

Um amigo que era contra a tal sociedade lhe dissera que teria que fazer um juramento. Que espécie de juramento? Seria magia? Seria uma lavagem cerebral?

 

Ou seria aquela ladainha longa e entediante que as religiões impingem aos seus fiéis? Seria um psico-drama? Não seria exposto ao ridículo?

 

Lembrou-se que leu que grandes homens da humanidade pertenceram ou pertencem à sociedade. Pensou: Se eles o foram, se seguiram este caminho, também ele poderia segui-lo tranquilamente.

Ai se sentiu pronto e preparado. Restava apenas aguardar o momento de ser procurado por alguém que viria buscá-lo.

 

Verificou o terno preto, a gravata preta conforme lhe instruíram, lustrou seus sapatos pretos, e assim vestido ficou calmamente ficou esperando...

 

Desde a hora em que havia acordado pela manhã, tinham-lhe passados centenas de pensamentos pela mente, milhões de fantasmas e ele sem querer já havia iniciado a catarse, que iria modificar sua vida.

Realmente à hora marcada, naquela tarde de sábado, alguém muito afável, com um sorriso sincero e acolhedor veio buscá-lo para a grande viagem, para a sua grande jornada; Sim, era o dia de sua Iniciação na Maçonaria...

 

Hercule Spoladore

Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil – Londrina – PR.