A Fraternidade como fator de crescimento e consolidação social da maçonaria

 

Segundo Buarque de Holanda (s.d.) fraternidade significa parentesco de irmãos; irmandade, amor ao próximo, fraternização ou ainda, união ou convivência como de irmãos, harmonia, paz, concórdia.

 

Fraternidade no sentido lato do termo “é o transbordamento incondicional ao semelhante em qualquer situação imaginável ou inimaginável. Sem qualquer exagero, ela deve ser exercida igual ao amor de uma mãe pelo seu filho. Neste trabalho nos ateremos única e exclusivamente ao significado da fraternidade maçônica, de acordo com o nosso humilde entendimento.

 

Fazendo um retrospecto da iniciação maçônica quando, na Câmara das Reflexões, vimos afixada à nossa frente uma frase de enorme significado, que acreditamos tenha sido para todos que iniciaram na Arte Real: “se fores dissimulado aqui, serás descoberto.” No nosso entendimento, a fraternidade jamais conviverá com a dissimulação. Não existe ou não deveria existir fraternidade mentirosa ou hipócrita fazendo parte do dicionário e das atitudes de um verdadeiro maçom.

 

Por ser uma Ordem-escola, eivada de ensinamentos nobres, seu primeiro grau, o grau de aprendiz-maçom é consagrado à Fraternidade, tendo como objetivo principal a união de toda a humanidade. Aqui está a palavra chave do nosso tema: a humanidade.

 

Neste mundo tão conturbado em que vivemos hodiernamente, pode-se perceber e detectar em toda a sua essência, a falta quase total da fraternidade entre os homens de boa vontade, e a maçonaria, por sua força e pela sua presença em países de todo o mundo, tem plenas condições de resolver este intrincado problema social. Como fazê-lo? Na nossa modesta opinião, duas providências que há muito não veem sendo observadas, deveriam hoje e sempre ser melhor analisadas: a indicação do futuro maçom e as sindicâncias acerca das suas qualidades éticas, morais, espirituais e, principalmente, humanitárias.

 

Para que a Fraternidade possa ter influência benéfica e positiva como fator de crescimento e consolidação social da maçonaria, está em primeiro plano a escolha e seleção daqueles que serão iniciados. Que sejam pessoas cultas que possuam cultura política básica, a fim de poderem contribuir com a sociedade na qual estejam inseridas e que sejam possuidoras de conhecimentos sólidos para que possam participar efetivamente dos destinos desse nosso imenso Brasil. Não há aqui qualquer sinalização ou intenção de elitização, pelo contrário, apenas procurando compreender e colaborar efetivamente com a nossa realidade.

 

Não se deve confundir fraternidade com caridade ou com vaidade. Quando se é fraterno, implicitamente poderá estar presente o sentimento de caridade, uma caridade no puro sentido de ajuda ao próximo que estiver necessitando dela e, a vaidade, jamais poderá se aliar à fraternidade pois, nunca se deve ser fraterno por vaidade. Jamais isso poderá ocorrer no meio maçônico.

 

Não existem perfumes mais inebriantes dos que os exalados pela humildade, pela simplicidade e pela fraternidade. Mas, dentre todos eles, não há um mais penetrante do que o perfume emanado pela gratidão...

 

Na maçonaria duas máximas existem que poderiam estar intimamente associadas ao verdadeiro significado de fraternidade. A primeira delas é que se deve fazer sempre o bem sem olhar a quem, considerando que todos serão considerados sempre em igualdade de condições. A segunda é que a mão esquerda jamais deverá saber o que faz ou fez a mão direita ou vice-versa.

 

Ser fraterno é estar sempre ao lado do irmão e da sua família, oferecendo-lhe o apoio e a solidariedade quando deles necessitar, ao mesmo tempo participando do seu sucesso, como convivendo intimamente com as suas alegrias e seus momentos de felicidade.

 

Ao nos reportarmos à trilogia maçônica de Liberdade, Igualdade e Fraternidade poderemos aqui fazer um questionamento: qual delas é a mais importante? As três estão intrinsecamente interligadas embora possam ter sentidos antagônicos. Poderiam sobreviver cada uma desempenhando a sua verdadeira função na vida de cada ser humano? Pensamos e entendemos que não, pois, uma jamais conseguirá sobreviver sem o suporte da outra.

 

Para se exercer a fraternidade em toda a sua plenitude sempre haverá a necessidade de se fazê-la observando a liberdade e, principalmente, a igualdade. Lembremo-nos que aquilo que fazemos não é para o bem apenas de um homem ou de uma pessoa, e sim para o bem de toda a humanidade.

 

Ser fraterno é estar sempre atento aos anseios do seu semelhante, é abraçá-lo efusivamente ainda que dele muito distante estiver. Seria impossível ou sem sentido prático o abraço em pensamento? Seria necessário o contato corporal para caracterizar o abraço fraternal? Simbolicamente, como se traduziria o termo quando se diz que temos que abraçar as causas maçônicas? Onde ficarão os nossos braços? Paremos para uma reflexão momentânea, meus caros irmãos...

 

É muito comum várias Lojas maçônicas adotarem em seus nomes a Fraternidade, em nossa região, por exemplo a Fraternidade Ubaense, ao Oriente de Ubá, Fraternidade Riobranquense, ao Oriente de Visconde do Rio Branco, Fraternidade Ferrense, ao Oriente de São Pedro dos Ferros, Fraternidade Ervalense, ao Oriente de Ervália e tantas outras que existem neste nosso imenso Brasil.

 

Uma salutar providência emanada dos Veneráveis Mestres da maioria das Lojas brasileiras, deveria ser a de colocar em suas programações o maior número de comemorações cívicas como a Proclamação da República, Inconfidência Mineira, Independência do Brasil e tantas outras, fazendo-as em sessões públicas quando em cada uma delas, poderiam convidar pessoas ilustres da sociedade para terem uma pequena idéia do que possa ser e o que representa a maçonaria brasileira.

 

Que o mundo possa ser, com o auxílio do GADU, sempre, sempre e cada vez mais fraterno. Que todos os maçons, verdadeiramente livres e de bons costumes, espalhados pela superfície da terra possam mudar os rumos da nossa história, como incansáveis artífices do bem fazer e que possam se orgulhar de se constituírem, eternamente, em fator de crescimento e consolidação social da maçonaria brasileira e de todo o mundo.

 

Que assim possa acontecer....

* Adalberto Riguera Viana.

Esta Peça foi apresentado no XXI Encontro de Estudos e Pesquisas realizados em Juiz de Fora pela Loja Maçônica Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas, em 18/10/2014.

Originalmente publicado no JB News Nº 1505.