A Fraternidade de um Maçom.

Os textos da Maçonaria nos dizem: “A maçonaria é uma associação essencialmente fraternal e uma escola de superação espiritual”.

Entende-se por fraternidade a união e boa correspondência entre irmãos ou entre os que se tratam como tais. Depois da minha iniciação como Aprendiz Maçom, o término fraternidade ganhou outro sentido em minha vida. Em contato com pessoas a quem não conhecia anteriormente e sentir que me brindavam seu afeto e respeito como se nos conhecêssemos por toda a vida, me dei conta de algo que o Ven... Mestre pronunciou na cerimônia de iniciação: “Que somos Irmãos”. O termo fraternidade provém do latim “frater” que é igual a irmão; então, eu estava não entre amigos, mas entre irmãos.

A amizade implica no conhecimento mútuo entre dois seres e que está condicionada à correspondência e certa afinidade de pensamento, gostos e afincos. Mas por outro lado, a amizade é muito frágil já que qualquer discrepância poderia rompê-la. É por isso que existe um dito que diz que as amizades têm que cuidá-las como uma flor e cultivá-las com muita sutileza.

A fraternidade por outro lado é um laço indestrutível que nos une com nossos semelhantes em nossos interesses comuns; sem implicar condição alguma. É uma expressão que provém da alma, é uma manifestação livre do amor ao nosso próximo, não importando que tenhamos diferentes crenças, ideologia, gostos, afinidades ou diferente posição social.

Proclamada como dogma religioso no Antigo e Novo Testamento, a fraternidade foi ensinada também como princípio filosófico pelos estoicos da Grécia e Roma, a partir dali o termo de fraternidade foi adotado por algumas associações, logo surgiram irmandades e confrarias derivados da mesma origem etimológica de “frater”.

Como mencionei, a fraternidade implica muitos vínculos com nossos semelhantes e que se traduz em afeto ainda em pessoa que nunca vimos e que unidas a uma comunidade de interesses que é a busca de nosso aperfeiçoamento espiritual, cooperam conosco para alcançar nossos ideais, de maneira espontânea e livre de prejuízos.

Conta uma pequena lenda que no ano de 1789, quando se promulgaram “os direitos do homem e do cidadão”, se falou do início da justiça, da igualdade e da liberdade.

Mas, não se pode falar de igualdade se não se é fraterno e não se pode falar de liberdade sem fraternidade; e porque a justiça só pode ser compartida por alguém semelhante ou um irmão; é assim que o termo ficou estampado como igualdade, fraternidade e liberdade. Na comemoração dos 200 anos da revolução Francesa as autoridades desse país disseram que não iam falar dos excessos na dita revolução, mas sim da fraternidade que houve entre esses irmãos e companheiros porque sem pensamento livre e igualitário não se pode levar dita troca que levou a uma nova estrutura social na França e no mundo.

Fraternidade é a aprendizagem de nossa própria natureza, que nos induz a nos conhecer, pelo conhecimento de nossos próximos e, também é o companheirismo de nossos semelhantes para conosco, logrando alcançar nossos ideais.

Fraternidade é a maestria que nos conduz pelos caminhos da perfeição através do ensinamento mútuo.

Fraternidade é essa chama que ilumina e descobre todas essas ciências ocultas, que existem em nós, que nos mostram a razão de nossa própria natureza.

Fraternidade é dominar nossa língua e evitar que dela saia a intriga e a calúnia; porque a intriga e a calúnia afogam o amor fraternal e trocarão por ódio e desconfiança; fraternidade é oferecer, dar, sem esperar receber nada em troca, compreensão e tolerância.

Assim mesmo, pode-se dizer que para fraternizar tem que reconhecer nossos erros e estar disposto a reconhecer os erros e falhas dos outros.

Ninguém poderá saber o significado de fraternidade e fraternizar, se não estiver disposto e disponível a ser fraternal, porque primeiro temos que ser fraternais se queremos saber o que é fraternizar. Recordemos que primeiro é dar e logo receber.

Mas, pode-se ser fraterno com todo o mundo? Parece que não, mas o homem moderno fez da fraternidade um termo que é a solidariedade. A fraternidade não é massiva nem coletiva, nem da cultura das massas sem rosto e sem alma. O amor fraterno implica aos irmãos se reconhecerem como pessoas distintas, únicas, mas iguais em dignidade e direitos; iguais diante de Deus. Não podemos construir fraternidade a partir do individualismo nem da massificação.

Finalmente, a fraternidade tem que conquistá-la e mantê-la; isto exige a compreensão, o perdão e a renúncia ao egocentrismo.

Autor

Tony Iñiguez

Fonte: Diário Maçônico.