A importância da Maçonaria e do Maçom na Sociedade

Uma das características mais grandiosas da Maçonaria é que sua filosofia não mudou com o passar dos séculos. Ela é atemporal. Pouco foi alterado nos rituais e na própria filosofia, como podemos atestar, em relação ao pronunciamento transcrito abaixo, realizado por ocasião da posse como Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil em 24 de Junho de 1901, ao assumir o elevado cargo Maçônico.

Este Ir... era Quintino Bocaiuva (1). Veja a atualidade do discurso:

"Pelas tradições gloriosas da nossa Ordem, pela pureza das nossas doutrinas, pela majestade dos símbolos dos nossos ritos, pelo influxo dos sentimentos honestos e piedosos que são a essência da nossa moral maçônica; pela vastidão dos domínios onde impera a autoridade da nossa soberania; pelos vínculos fraternais que enlaçam a todos os maçons na superfície de nosso planeta; pelo esplendor dos Templos aonde se reúnem nas diversas partes da terra habitada todos os homens de boa vontade que rendem culto a Religião do amor e do Bem, pela força que resulta da nossa própria união; pela comunhão sagrada e misteriosa em que virtualmente nos encontramos unidos pela mesma aspiração do Ideal; pela influencia benéfica e salutar desta Escola em perpetua. e assídua função onde fazemos a aprendizagem das virtudes que, únicas, podem enobrecer o homem e aonde reciprocamente nos educamos sob as austeras regras do Dever, qualquer que seja a esfera aonde exerçam a nossa atividade; pela ação até aqui potente e irresistível dos nossos princípios maçônicos de Tolerância, Fraternidade e Justiça, somos no seio Sociedade Profana um Poder cuja autoridade se exerce pela influencia moral, cem vezes mais forte e eficiente do que a força que possa ser representada por todos os exércitos do mundo.

Esse Poder estriba-se em duas colunas inabaláveis: a UNIVERSALIDADE E A UNIDADE.

Onde quer que haja um Templo Maçônico ai esta a nossa Religião; onde quer que haja um grupo de obreiros trabalhando pelo Bem da Humanidade, ai temos o nosso lugar.

Somos um só Povo no meio de todos os Povos; falamos urna língua no meio da diversidade de todos os idiomas; SOMOS CIDADAOS COM IGUALDADE DE DIREITOS NO SEIO DE TODAS AS NACIONALIDADES. O Continente Maçônico abrange os continentes terráqueos, nas devesas dos mais sombrios e desolados desertos podemos encontrar um irmão ou ainda na solidão melancólica dos oceanos, flutuando à mercê das vagas, ou quietas ou revoltadas podemos com outros irmãos entoar o hino da nossa gratidão ao Supremo Arquiteto do Universo e, aportando ao primeiro porto achar mão amiga que por um dos sinais simbólicos nos faça sentir que estamos, senão em terra da nossa Pátria, pelo menos em uma terra amiga.

Tal é a concepção mais elevada e justa da nossa Instituição; tal é a eficácia e a solidez dos vínculos que devem ligar a todos os Maçons espalhados pela superfície da Terra.

Como todas as instituições humanas, a nossa tem atravessado séculos de existência acompanhando as vicissitudes dos tempos e conformando-se com elas, lutando, agindo, criando, resistindo, vencendo, em todas as épocas em todas as latitudes, em todos os climas, em todas as nações, mantendo sempre a luz do dia ou nas criptas dos subterrâneos sóbrios, erguido e majestoso, o Lábaro da Fé, - o estandarte impoluto da nossa crença maçônica, o pendão glorioso sobre o qual se esculpiu o Triangulo simbólico que e a estrela guiadora que nos conduz a conquista do nosso Ideal, - a posse definitiva da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade entre os homens.

Fundindo no seio da nossa Sociedade Maçônica todos os elementos sãos da Sociedade Profana, amalgamando-os e depurando-os no cadinho da nossa Fe; purificando-os ao fogo das caçoilas aonde fazemos arder a mirra perfumosa que em espirais de fumo, se evola, como uma invocação ao Grande Arquiteto do Universo, nós nos habilitamos a influir sobre os destinos dos povos, infiltrando no seu seio as nossas doutrinas, a nossa moral, as nossas idéias, os nossos princípios, procurando modelar as agremiações humanas pela feição da nossa Sociedade e procurando transfundir no seu seio o vigor e a energia; a virilidade a discriminação, o desprendimento, o altruísmo, enfim, que e a resultante da depuração a que nos próprios nos sujeitamos de boa mente afim de alcançarmos para as nossas consciências a satisfação de havermos praticado o Bem e para o nosso próximo os benefícios da paz e o estimulo do aperfeiçoamento, progressão moral, sucessiva e ascendente, por meio da qual nos aprimoramos lenta mas continuamente, do nosso Criador Onipotente - foco eterno da Luz, fonte perene do Bem, da Justiça e do Amor.

É essa, meus prezados irmãos, a face política da missão histórica desempenhada pela Maçonaria em todos os tempos e em todos os países.

Na nossa Pátria não registra a Historia um só cometimento social e político de grande alcance a que não esteja ligada a influencia da Maçonaria.

Para não citar mais de quatro fatos recordarei com orgulho que podem considerar-se efeitos da ação maçônica: a Independência que nos deu a soberania da Pátria; o Sete de Abril que nos deu a primeira vitória democrática: A Abolição da Escravidão que instaurou o regime de igualdade entre os cidadãos brasileiros e, finalmente, a instalação da Republica que selou para sempre o princípio de Soberania popular.

Em todos os movimentos sociais colaborou a nossa Ordem, não somente pela influencia das suas doutrinas, como ainda pela ação de muitos dos seus mais distintos Membros - doutrinas e homens que levaram para o campo da luta política a inspiração da Magnanimidade e da Tolerância - a cujo influxo puderam realizar as essas Revoluções de modo incruento e atraindo para a nossa Pátria a admiração do mundo.

No momento atual a ação da nossa Sublime Ordem pode e deve ser de salutar efeito para a sociedade Brasileira.

A nossa missão tem o caráter de perpetuidade porque o progresso e o aperfeiçoamento humano são sucessivos e no desdobramento a vida sempre renovada das gerações que se sucedem não há limite para o esforço humano.

Educar, ensinar, melhorar constantemente as condições do povo, e a tarefa mais nobre e mais profunda a que podem dedicar-se os homens de boa vontade congregados, como nos, na mais forte e poderosa das agremiações sociais. Somos um organismo vivaz e poderoso pela contextura da nossa Instituição; exercemos a nossa influencia desde o lar domestico ate a praça publica; temos voz, e temos voto desde os Templos ate os comícios populares ou ate as assembléias deliberantes; a infiltração dos nossos princípios opera-se continua e ininterruptamente no seio da sociedade.

Modelada hoje a nossa Instituição pelo mesmo molde das instituições políticas da nossa Pátria, tendo adotado para nosso regime maçônico a mesma forma federativa do regime político em que vivemos, nós representamos, contudo o principio superior e elementar da UNIDADE - base da nossa grandeza e garantia do nosso poder.

Na aspiração comum da nossa Ordem devem se manter vivas e respeitadas as tradições veneráveis da Instituição Maçônica e, como obreiros abnegados do Bem, temos o dever de trabalhar pela felicidade da Nação em cujo seio vivemos e a qual nos prendem, com os vínculos bem mais fortes, dos interesses morais e afetivos da nossa alma. A cada geração, a sua parte no trabalho e na luta, no esforço e no sofrimento.

Saibamos cumprir o nosso dever como souberam cumprir o seu os nossos predecessores. Leguemos aos vindouros, intacta e refulgente, a gloriosa herança dos nossos antepassados, e acrescentando e mais opulento ainda, o cabedal da sabedoria, do seu patriotismo, da sua abnegação, das suas virtudes, da sua grandeza moral, única majestade inacessível as vicissitudes e alternativas das revoluções humanas".


Autor

QUINTINO BOCAIUVA (24/06/1901)


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(1) Breve Biografia:

Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiúva (Itaguaí, 4 de dezembro de 1836 - Rio de Janeiro, 11 de junho de 1912) foi um jornalista e político brasileiro, conhecido por sua atuação no processo da Proclamação da República. Como político, foi o primeiro ministro das relações exteriores da República, de 1889 a 1891, e presidente do estado do Rio de Janeiro, de 1900 a 1903. Em 1899 foi reeleito Senador, sendo subseqüentemente escolhido para o governo do Estado do Rio de Janeiro (1900-1903). De 1901 a 1904, na Maçonaria, ocupou o Grão-Mestrado do Grande Oriente do Brasil, posto mais elevado na hierarquia da Ordem. Em 1909 retornou ao Senado, tendo exercido o cargo de vice-presidente de 1909 a 1912. Nessa função, apoiou a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República (1910) e, nesse mesmo ano, ocupou a presidência do Partido Republicano Conservador do caudilho gaúcho José Gomes Pinheiro Machado. 

Quintino Bocaiúva faleceu no bairro do Rio de Janeiro onde morava, e que hoje, em sua homenagem, leva o seu nome: Quintino Bocaiúva.