A Instrução do Aprendiz Maçom

Abro minha prancha, agradecendo aos irmãos, por mais uma vez terem parado seus trabalhos para me ministrarem a instrução, visando o meu crescimento em loja e na vida. Rogo ao G... A... D... U... que faça com que as palavras aqui descritas, sejam a mais sincera expressão do que tenho em meu coração.

Gostaria de iniciar este trabalho com um pensamento de um grande pesquisador:

“A experiência mais bela e profunda que um homem pode ter é o sentido do mistério. Ela é o princípio fundamental da religião, bem como de todo esforço sério em termos de arte e ciência. Parece-me que aquele que nunca teve esta experiência, se não está morto, pelo menos está cego”.

Albert Einstein, Meu credo, 1932 In: Mlodinow Leonard – De Primatas a Astronautas – A jornada do homem em busca do conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

Prezados irmãos, escolhi algumas passagens da instrução que mais me marcaram, me perdoem se não abordei todos os aspectos, mas como colocado no começo desta prancha, são as palavras que me vieram ao coração e à mente.

A instrução de aprendiz maçom se inicia com uma colocação em relação a uma verdade, que é a existência de um G... A... D... U... Tal nos remete a fatos que antecedem até a nossa iniciação, quando da entrevista nos é perguntado se acreditamos em Deus. Condição inicial para que possamos iniciar os estudos dos mistérios da Maçonaria. Coloca-se a Maçonaria como “locus” onde poderemos desenvolver ainda mais, algo que deveria ser comum a toda humanidade, ou seja, uma sã moral, destacando algo que um grande mestre que passou entre os homens deixou como mensagem, ou seja, o amor ao próximo: “Amai ao próximo como ama a ti mesmo”.

Destaca-se neste ponto ainda que uma condição para fazermos parte desta comunidade é que sejamos livres e de bons costumes, onde se fala da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Onde destaca que: “... o homem que voluntariamente abdique da sua liberdade, deve ser excluído de nossos mistérios, por que não sendo senhor de sua própria individualidade, não pode contrair nenhum compromisso sério”. Mas o que seria esta liberdade? O ato de estar livre ou de ser livre? Quantos irmãos na história da humanidade não estavam livres, devido a perseguições, mas eram livres, pois com tudo que podem ter sofrido, continuavam com a mente livre, com a continuidade do livre pensamento.

Na sequência da instrução (...) nos foi mostrado o significado das várias viagens (iniciáticas) que fizemos naquele dia que tivemos o privilégio de ver a luz. Relembra-nos as viagens, apresentando-nos alguns significados de eventos que ocorreram naquelas.

Podemos interpretar estas viagens em uma visão macro olhando o universo desde sua criação até atingir um equilíbrio, mais ou menos estável, como temos atualmente, pelo menos no nosso sistema solar. Podemos interpretar ainda como as diversas etapas do ser humano, desde a infância, passando pela adolescência até a idade adulta, onde temos maior maturidade e serenidade, na escolha dos rumos de nossa vida. Neste ponto temos a simbologia das diversas portas que cruzamos. Na primeira mandaram-nos passar, na segunda fomos purificados com a água (lembra alguma simbologia cristã?) e a terceira, na fase que chamo adulta, com fogo. Por que o fogo somente na última? Isso me remeteu a minha infância, recordando uma pessoa que, agora sei que era nosso irmão, uma pessoa que fez todos os aqui presentes rirem um pouco e voltarem a ser um pouco criança, quando em uma música dizia que criança que brinca com fogo faz xixi na cama. Não faço tal referência como uma brincadeira, mas mostrando que símbolos, ritos de passagens e a permissão para conhecer alguns mistérios, têm no mundo profano alguma equivalência. Aspectos que marcam de certa forma passagens. Podemos ver isso na religião judaica, nos índios, no escotismo (lobinho, escoteiro, sênior) este último com “portas” que também são colocadas para adentrarmos no devido tempo.

Ao final somos relembrados do nosso juramento, lembrando que devemos proteger e socorrer os irmãos sempre que estes estiverem em justa necessidade. Aqui voltamos à questão do amor ao próximo, pois lembramos que mesmo não sendo irmãos de sangue (na maioria) somos irmãos por escolha, acolhimento, que em muitos casos têm laços mais fortes do que os irmãos consanguíneos. 

Tão bom seria o mundo se os laços que nos unem um dia fossem comuns a toda humanidade, mas acredito que isso ainda irá demorar muito, pois a mesma não se encontra ainda preparada para compartilhar a mensagem de um mestre, aqui já citado: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amo”.

Ir... Marcelo Castelo Branco Reis

Aug. ́. e Resp. ́. Loj. ́. Maç. ́. Comendador Afif Georges Farah no 135, GLMERJ.