A Intolerância

A intolerância (Não Tolerar) tem sua fonte em uma disposição comum a todos os homens que é a de impor ou pretender impor aos demais suas próprias crenças, suas próprias convicções, do que cada indivíduo supõe ter o poder para impô-las convencido sempre da legitimidade de sua própria crença.

Dois são os aspectos essenciais da Intolerância:

1.       A desaprovação das crenças e convicções dos outros impondo as nossas.

2.       O poder de impedir aos outros de pensar e viver como queiram talvez até um tipo de vida condicionado por nossos valores e pensamentos.

A Intolerância tem raízes biológicas que nos animais se manifesta sob a forma de defesa do território e no humano sua origem se encontra em reações puramente emocionais de seu Eu: “não gostamos os que são distintos de nós naquilo que cremos ou sentimos”.

A Intolerância se vê como um aspecto natural na criança como uma pré-socialização ao qual que o instinto de se apoderar de tudo o que lhe agrada no exercício sem restrição de sua vontade de seu querer ou desejo Disto se deriva que a tolerância é um aprendizagem que requer uma permanente autoeducação, entender que na maçonaria a tolerância se inicia a partir de Eu e o Outro, que somos um, semelhantes, mas distintos donde o diálogo Eu-Tu é uma relação compreensiva nosso como indivíduos. Na vida quotidiana estamos expostos à experiência do diferente, e ainda que se estudem as teorias da diferença ou normalmente se preste suficiente atenção ao tópico da intolerância espontânea, pois esta escapa a toda definição e a todo análise crítico, pois é uma reação que afunda suas raízes no inconsciente manipulado por valores familiares, grupais ou étnicos.

A Intolerância mais perigosa é sempre a que nasce dos impulsos elementares a margem de toda doutrina ou pensamento e aí finca a dificuldade para isolar e refutar com ajuda de argumentos racionais.

Uma pessoa me é antipática a primeira vista e não a tolero, sem saber por quê, isso é um impulso emotivo e aparentemente irracional ao que dificilmente se lhe pode por um valor racional. No entanto, deve se superar esta atitude tratando de compreender o que é o outro, isto é, apreender, captar e aceitar a diferença.

A Tolerância é uma conquista pessoal, uma virtude elaborada entorno à crença e convicção de que cada indivíduo é diferente e que o espaço de encontro implica na aceitação do pluralismo das individualidades.

A aceitação “do outro em mim” implica no plano da igualdade do alheio com o meu, para o qual se deve passar por estados espirituais de trabalho de nossa Pedra Bruta com humildade e constância:

1.       É necessário desbastar a pedra pensando primeiro no que se tolera, o que se desaprova, mas, não se pode impedir, porque isto é o umbral mínimo da tolerância: a impossibilidade de impedir e a possibilidade de aceitar o outro.

2.       O segundo estado de trabalho interior é a vontade de intentar e compreender as convicções do outro – que não implica em aderir a elas – somente compreendê-las. Este é o intento de suspensão da violência ou intolerância espontânea pelo conhecimento do outro.

3.       A etapa decisiva e final é aquela em que se reconhece o direito ao erro pessoal unido à ideia que cada qual tem o direito de sustentar suas próprias convicções baseadas na liberdade interna da eleição de suas crenças. O trabalho em Loja deve traçar geometricamente o diálogo sobre as crenças e convicções dentro da ética da discussão que pressupõe haver chegado a esta terceira etapa do trabalho pessoal da Pedra Bruta.

A Intolerância é um dos mais funestos inimigos da Maçonaria como trilha do conhecimento e a compreensão do humano e sua totalidade. E sua totalidade é sempre a expressão do conhecimento que a confrontação de ideias assegura a coesão de uma vida e identidade coletiva deixando de lado a supremacia de meu próprio ser em detrimento dos outros e da ordem natural em virtude do qual os seres humanos somos idênticos e distintos.

Assim a Intolerância é a resultante do exercício da liberdade de cada um, em igualdade de direitos com os outros, em um ponto de encontro que é o exercício da livre expressão, produzindo certa irmandade ou fraternidade na convivência dos opostos em um ato de unidade baseado na liberdade e igualdade de todos e cada um.

Este conceito da tolerância levado ao campo das ideias políticas implica no conceito da liberdade e da igualdade como elementos fundamentais da Justiça Social e o Bem Comum.

A universalidade da aceitação destas ideias é o Estado Social de Direito.

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Por DIEGO BERTOLUCCI

é Past Grão-Mestre da Grande Loja Simbólica do Paraguai.

Fonte: JB News – Informativo nº 1.682.

Tradução livre do Espanhol para o Português feita por: Juarez de Oliveira Castro.