A MAÇONARIA E A RELAÇÃO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS

A famigerada frase do químico francês Lavoisier: 
“...Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma...” , talvez se encaixe como uma interessante alegoria para a perspectiva que dá conta sobre a Maçonaria e as novas tecnologias.

A Maçonaria, enquanto uma instituição de caráter eminentemente filosófico, traz em sua essência uma complexa propriedade dialética que  confere-lhe um perfil único e incomparável.

Historicamente suas origens são imemoriais, seus postulados e princípios se baseiam na Tradição Oral e em Códigos Morais moldados pela civilização humana.

Assim como a nossa Existência se manifesta e se desenvolve ao longo do tempo e naturalmente leva-nos a nos adaptar às circunstâncias, sem que percamos  nossa identidade, o mesmo podemos dizer com relação à Maçonaria.

O nosso corpo sofre transformações, crescemos, engordamos, emagrecemos, entretanto a nossa alma continua lá, intacta e singular.  O que mudam são as vestimentas. Adaptamo-nos à moda; revestimo-nos de novos paramentos e damos ares de mais modernidade e requinte às aparências.

Assim ocorre com a Sublime Ordem.

Ela conserva seus princípios, mantém sua identidade e acima de tudo, continua valendo-se da Simbologia (entre símbolos e alegorias) como sua "piece de résistence".

O que muda é o jeito de fazer as coisas, de administrar, de gerenciar e conduzir a instituição.

A cada pouco, novas ferramentas tecnológicas são introduzidas, visando criar mecanismos mais seguros, ágeis e complexos para que a engrenagem possa operar com maior efetividade. É o que chamamos de Maçonaria Exotérica. Sim com "x" evidenciando o âmbito exterior da mesma

Isso contudo, não pode contaminar ou tampouco extinguir o legítimo caráter esotérico de uma entidade que promulga antes de mais nada o aprimoramento da consciência humana.

Não se aprimora a consciência tampouco se conquista a felicidade humana através de procedimentos high-tech,  de tecnologia sofisticada ou mesmo de uma inteligência artificial.

Da mesma forma que a Maçonaria não é e nunca foi Religião, como alguns tantos insistem em afirmar; o mesmo se aplica ao fato de que a Maçonaria não é e nunca será um Laboratório de Experimentos ou uma Ilha de Inteligência Artificial - onde o Livre Pensador fica desestimulado e impedido de exercitar toda sua capacidade especulativa em nome de Dogmas ou Verdades Prontas - contribuindo para que a Filosofia perca a sua função precípua.

A filosofia especulativa maçônica tem como propósito estabelecer uma concepção dinâmica e relacional entre atualidades e virtualidades, relacionalidade e existência.

A existência não é uma condição vazia e amorfa, portanto a Maçonaria pode e deve conviver com as circunstâncias inovadoras para a sua legítima prática, porém  sem que isto descaracterize suas disposições filosóficas, simbólicas, alegóricas, intelectuais e ritualísticas.

NEWTON AGRELLA