A Pedra Bruta

A Maçonaria é uma associação de homens. Por ser uma associação de homens já apresenta uma imperfeição: o homem.

Um ser imperfeito, porém com ânsias, com desejo de atingir a perfeição ou, pelo menos, chegar perto dela. Esta perfeição é o objetivo de cada membro que compõe essa instituição de força e de colunas inabaláveis. Ele se exercita dia a dia com estudos, trabalhos e prática do bem para atingir, ou pelo menos, se aproximar desse objetivo.

A busca constante da perfeição vai exigir um desdobramento pessoal movido de um sentimento: O AMOR FRATERNAL. Ou seja, um progresso constante, com ensinamentos, que o leve ao caminho final.

O Aprendiz, essa pedra bruta, que precisa ser trabalhada, e muito bem, para ser utilizada na construção da vida na disposição de uma grande obra sob a proteção permanente do GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, com orientação segura dos Mestres dessa grande Escola Maçônica, para ajudá-lo a cumprir os elevados deveres do homem, cidadão e patriota, com liberdade, amor e solidariedade humana.

Mas, essa escola diferencia da escola vulgar, em que os alunos estudam, fazem deveres para obterem uma nota, enquanto na escola Maçônica cada um procura o saber, procura a retidão para vivenciá-los no diariamente entre os irmãos com exemplos de bons cidadãos no meio profissional. Essa procura, essa busca é que vai aprofundando a vida espiritual do homem, no conhecimento dos mistérios da vida, fazendo-o amar ao seu semelhante cada vez mais.

Não é qualquer pedra que serve para essa grande construção. Exige-se uma pedra, que trabalhada dentro dos parâmetros maçônicos, vá satisfazer as finalidades.

A escolha é fundamental. Da seleção certa, realizada por homens sábios, conscientes e caminhantes de longas estradas da vida, é que dependerá o sucesso do iniciante na longa caminhada levando-o a ser a pedra fundamental.

As pedras são muitas, contudo, poucas são as eleitas. Da escolha correta poder-se-á desbastá-la e torná-la apta e eficiente para o trabalho.

O Aprendiz, essa PEDRA BRUTA, antes de participar dos Augustos Mistérios Maçônicos, realiza três viagens simbólicas, estando antes no estado de cegueira, representado pelas vendas nos olhos, simbolizando as trevas “que cercam o mortal que não recebeu a LUZ que o guiará na estrada da virtude”.

Na primeira viagem simbólica, “com seus ruídos e obstáculos”, ele é guiado pelo irmão de passos firmes e conscientes porque não sabe o caminho e está cheio de imperfeições.

O Aprendiz representa a criança no seio da família maçônica onde ela é incapaz de se dirigir, porque necessita de amparo e guia de seus Mestres e daqueles que são mais experientes. Ele deseja instruir-se e aperfeiçoar-se, por isso é purificado pela água, simbolizando “pureza da vida maçônica”, com as mãos sempre limpas para trabalhar a PEDRA BRUTA. E, quando recebe “a mais honrosa insígnia do maçom”, o AVENTAL, ele se torna apto a trabalhar na construção e desbastamento da PEDRA BRUTA para torná-la polida.

A responsabilidade e o exemplo dos Mestres aumentam à proporção da aplicação dos ensinamentos dado ao Aprendiz. Ele está formando a pedra fundamental de toda uma vivência maçônica. O Mestre deverá saber onde começar e até onde poderá mergulhar o Aprendiz nesse mar misterioso e salutar à vida espiritual, como sol incandescente em que não poderá se aproximar demasiado sob pena de cegar. Por isso, o Aprendiz reside no NORTE, porque a LUZ nasce no Oriente para o Ocidente, deixando no NORTE as suas réstias luminosas suficientes para iluminá-lo.

Certos assuntos, atitudes ou questionamentos que não condizem com a condição de Aprendiz não deverá jamais ser ministrado ou ventilado, porque haverá o risco do processo de aprendizagem ser mal assimilado, podendo até ser desvirtuado do seu objetivo final. Poderá o comandante de um batalhão questionar problemas de guerra a seus soldados, quando deverá fazê-lo aos seus oficiais? O Aprendiz só trabalha na PEDRA BRUTA, até que esteja perfeitamente acabada e polida. Por isso seremos eternamente aprendizes, sempre estaremos aprendendo, desbastando as imperfeições no caminhar à perfeição.

A aprendizagem deverá ser segura, assimilada e vivida para obter os frutos do trabalho, criando um outro ser, pela espiritualização e elevação dos sentimentos do Aprendiz, dando-lhe condição de edificar o “TEMPLO DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO”.

Todo trabalho do Aprendiz se baseará no CONHECER-SE e APERFEIÇOAR-SE com educação e perseverança na construção de sua personalidade maçônica com “virtude, sabedoria, força, prudência, glória e beleza, enfim, com todos os elementos morais que devam ser o ornamento dos maçons”.

Esse alicerce a que se assenta o Aprendiz é necessário para a “construção moral da humanidade”, verdadeira obra da maçonaria, em um trabalho permanente de desbastar essa PEDRA BRUTA, concorrendo para uma verdadeira vida maçônica caracterizada pela virtude, honra e bondade.

Com tudo isso, o Aprendiz trilhará o seu caminho com a certeza e a evidência de que, com a vivência fraternal, educação e perseverança, buscará constantemente a VERDADE e harmonia do seu eu, em relação a sua existência.

Juarez de Oliveira Castro

é membro efetivo da Loja "Alferes Tiradentes",

registrada na Grande Loja de Santa Catarina sob o nº 20.

Florianópolis - Santa Catarina.