A Sala dos Passos Perdidos

Nas nossas deliberações, especificamente nas instruções que são ministradas no Grau de Aprendiz Maçom, vemos toda a simbologia e significado do nosso Templo. Porém, existe muito mais. É por isto que é preciso pesquisar para interpretarmos a simbólica da Maçonaria. É nisto que reina o Espírito investigativo que o Maçom deve ter.
Neste caminho chegaremos ao Esoterismo Maçônico, que muitas das vezes é tão ausente nos nossos dias, nas nossas interpretações.

Comecemos pela Sala dos Passos Perdidos, a ante-sala onde os Irmãos são recepcionados, se cumprimentam, confraternizam e aguardam o momento de entrarem no Templo. Esta Sala também possui um significado simbólico, pois é em essência a nossa presença fora do Templo, preparando-nos junto ao Átrio – onde fica o assento do Irmão Cobridor – para iniciarmos os nossos trabalhos maçónicos.

Como bem sabemos, a Maçonaria é universal e o universo é uma imensa oficina, logo o nosso Templo Maçónico é a representação do universo, do cosmos. Neste sentido, quando estamos trabalhando maçonicamente falando, estamos reunidos num ideal Justo e Perfeito. Estamos por assim dizer dentro de um espaço sagrado, numa Oficina de Aperfeiçoamento Iniciático.

Quando estamos fora do Templo, na nossa vida quotidiana, ou seja, na nossa vida “extrassensorial”, estamos vagando pelo cosmos de forma ampla, onde o Maçom pode encontrar da boa ou da má sorte, onde pode experimentar da taça doce ou da taça amarga. Neste obstante, a Sala dos Passos Perdidos simboliza que o Maçom fora do Templo, pode se perder…

Ao analisarmos a expressão: “Sala dos Passos Perdidos”, logo se percebe em primeira vista a estranheza da expressão – que parece ser um local onde se caminha sem chegar a lugar algum. Contudo, esta expressão, em maior aprofundamento simbólico, significa o espaço perdido do cosmos, a que comumente chamamos de mundo profano.

Além disto, devemos estar cada vez mais conscientes de que A Sala dos Passos Perdidos é um recinto também de reflexão, onde devemos – no mínimo – pensar sobre o seu Real Objectivo: o de representar o mundo lá fora, com os seus eventuais perigos e infortúnios. Para combater estes perigos e mazelas, o Maçom deve sempre armar-se de espada, e estar pronto para guerra: para lutar contra a ignorância, os preconceitos e erros! lutar em prol do Direito, da Justiça e da Verdade, a bem da Pátria e da Humanidade!

Este comum objectivo da Arte Maçónica pode parecer coisa utópica para muitos, mas nunca será para o Maçom verdadeiramente iniciado, pois neste reinará à chama da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade; neste viverá a vontade e a motivação de se tornar um homem melhor, de se aperfeiçoar sempre e de ser um bom exemplo de valores tão nobres e ao mesmo tempo tão ausentes mundo afora.

Ademais, a Sala dos Passos Perdidos é essencialmente a concentração de um exército marchando para o treino – pois como sabemos, a nossa ritualística e doutrina treina-nos, mas é lá fora – no mundo dos passos perdidos – é que realmente “testaremos” a nossa capacidade de colocarmos em prática tudo quanto aprendemos enquanto maçons.

Esta Sala simbólica é, portanto, um ambiente altamente maçónico, digna de ser estudada e melhor compreendida, pois o seu significado pode encontrar raízes esotéricas profundas, alimentando assim o nosso espírito com grandes conhecimentos.

Não é por acaso que nenhum Templo Maçónico pode ser consagrado sem que esteja presente a ante-sala simbólica, ou seja, a sala dos passos perdidos! Se esta sala existe é porque tem razão se ser, e o seu significado não pode ficar a esmo.

Entretanto, ao transpormos o Portal do Templo, aí sim, não se têm mais passos perdidos; daí aparecem os verdadeiros objectivos da Arte Real Maçónica os quais conhecemos entre colunas. No Templo a atmosfera deve ser de Amor, de União, da Verdade e da Justiça formada por corações ávidos das mesmas esperanças, sequiosos de idênticas aspirações, porque sem esse raciocínio de acção, sem essa elevação, sem essa energia, poderá existir quando muito em “grupos de homens” e nunca, porém, na Maçonaria.

Meditemos sobre isso, meus Irmãos!

Danilo da Silva Gomes, Mestre Maçom

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