A SEMANA SANTA

  

A Semana Santa nos oferece a mais bela e terapêutica imagem para o desenvolvimento humano, sobre a qual podemos refletir e na qual encontramos relações com a nossa própria vida. Os acontecimentos da Semana Santa compõem uma via sacra, através da qual trilhamos verdades existenciais, cujo conhecimento, se não for considerado de forma dogmática, pode ser um oásis no deserto espiritual que constantemente vivenciamos, quando o nosso pensar se torna, unilateralmente, racional e materialista.  

A cosmovisão antiga descreve o universo através de imagens e símbolos, numa linguagem analógica que, por ser poética, toca mais profundamente a nossa alma. Ela nos proporciona a vivência de estarmos integrados a uma ordem cósmica que não contradiz a visão racional que temos do universo, mas contribui, fecundando a nossa lógica.  

Do ponto de vista da sabedoria antiga, a Semana como unidade de tempo, tem relação com a tradição religiosa – no Gênesis temos a descrição da criação do mundo em sete dias.  

A Semana Santa representa o processo de passagem da Terra para um Novo Sol, vivificada pelo Eu do Cristo.

Os dias da semana recebem seus nomes dos sete planetas; arquétipos (princípios) que regem a ordem do universo, sendo que das esferas dos Sete Planetas emanam forças espirituais que impulsionam o desenvolvimento humano.  

A Semana Santa começa no domingo de Ramos e vai até o Sábado de Aleluia, sendo que, o Domingo da Ressurreição, denominado Domingo de Páscoa (do hebraico Pessach = passagem) é o primeiro dia da passagem para o Novo Sol que será a Terra vivificada pelo Eu do Cristo.  

DOMINGO DE RAMOS – Dia do antigo Sol – Centro, Eu, Humanização  

No primeiro dia da Semana Santa, Jesus Cristo entra na cidade santa de Jerusalém, montado em um burrinho branco. Com brados de “Hosana” o povo o saúda com ramos de palmeiras. A força solar que emana do Eu do Cristo reascende no povo a antiga clarividência, vivenciada nos rituais das festividades em homenagem ao sol. A palmeira sempre fora considerada o símbolo do sol natural.  

O Cristo atravessa em silêncio a vibração popular, sem se contagiar. Internamente, sabe que aquele entusiasmo, logo passará. Não tem consistência interna. É o entusiasmo natural que logo se transfere para outra novidade, para outro acontecimento externo. Cristo sabe o que ele próprio representa e a que veio. Quer penetrar na camada mais consciente da alma humana. O seu brilho é um brilho próprio que emana da própria essência de seu ser espiritual. O seu estado de alma é autoconsciente e acolhedor. Permanecerá.  

Entrar em Jerusalém montado no burrinho, tinha para Cristo, o sentido de deixar clara a transição: da antiga exaltação visionária inconsciente, desencadeada pelos elementos externos da natureza, para a atitude receptiva, fruto da presença de espírito, do Sol interior na alma individual e vigorosa.  


Edna Andrade

Fonte: bibliotecadaantroposofia@antroposofy.com.br