Afinal, qual é o sentido do trabalho?

Os defensores do sistema capitalista prometeram que com os avanços tecnológicos os trabalhadores teriam mais tempo para o lazer, para o ócio; enfim, para viver uma vida mais tranquila e saudável.

O que se observa é justamente o contrário. Raras exceções, as pessoas acordam mais cedo e dormem mais tarde para “dar conta” de suas responsabilidades profissionais e familiares.

O que se vê é mais gente levando tarefa para casa e carregando o celular até para o banheiro, isto quando não dorme com ele ao lado do travesseiro.

Os famosos emails e uatisapis ganharam notoriedade e vida própria. Nos finais de semana e em qualquer horário esses recursos estão à disposição dos “viciados” em trabalho dos “amantes da produtividade”.

“Não devemos ser escravos de ninguém e de nada, muito menos podemos tolerar uma sobrecarga, um ritmo de trabalho que extrai de nós o direito de viver com saúde”.

Já que nos dizem que o tempo é precioso, não dá para perder tempo, não é mesmo? Sim, o tempo é precioso, mas para quê? Qual o sentido do trabalho? Que espaço ele deve e pode ocupar na vida?

Como não vivemos para sempre, o importante é tentar aproveitar a vida e o tempo da melhor maneira possível; porque o resultado dessa correria toda só podem ser dores, ansiedade, esgotamento. Não por acaso, pesquisadores já identificaram diversas doenças relacionadas ao excesso de trabalho. Estresse, distimia, depressão e burnout são apenas algumas.

Mas há também as chamadas doenças ocupacionais, que nem sempre são perceptíveis a olho nu. Tais doenças têm o poder de aprisionar o indivíduo, de calar sua expressão e provocar um sofrimento silencioso.

A pessoa afetada perde aos poucos a capacidade de desempenhar tarefas simples e de se comunicar normalmente. Quando não levadas a sério, as doenças do trabalho podem incapacitar as pessoas para a profissão e para a vida.

Antes que o pior aconteça, precisamos lembrar, como nos adverte Charles Chaplin, de que “não sois máquinas, seres humanos é que sois”.

Não devemos ser escravos de ninguém e de nada, muito menos podemos tolerar uma sobrecarga, um ritmo de trabalho que extrai de nós o direito de viver com saúde, com dignidade.

As propagandas, os apelos diários ao consumo, nos impelem a uma vida de aparência, nos remetendo quase sempre a querer mais e mais, a adquirir coisa que, na maioria das vezes, não fazem nenhum sentido. Pense nisto.

Dinovaldo Gilioli – Poeta.

 

 

 

Fonte: “Notícias do Dia”.