Alegoria do Peixe na Ordem

Meus Irmãos em postagem no Grupo Maçons em Reflexões, pelo Irmão Newton Agrega da Loja Maçônica Estrela do Sul, sobre o simbolismo e alegoria do peixe na maçonaria. Até então sabia que era uma alegoria maçônica. Porém não tinha noção do seu significado, isso despertou meu interesse em aprofundar a pesquisa sobre o tema.

E nessa busca encontrei outros, entre símbolos e alegorias, pouco falado e estudado, tais como abelha, ampulheta, giz, coruja, argila, carvão e outros. E ao longo da minha pesquisa, pude constatar o quanto estamos negligenciando estudos a respeito, colocando-os no limbo, levando-os lentamente ao esquecimento. Se não voltarmos os olhos para eles, as novas gerações de maçons deixarão de reconhecer e conhecer toda sua história e filosofia.

Os SÍMBOLOS e ALEGORIAS são utilizados desde a iniciação do Maçom que busca o seu aperfeiçoamento, sua lapidação ao longo de sua jornada na Ordem. Esta busca da luz interna do ser espiritual, muitas vezes utilizamos os símbolos e provocamos a reflexão e sua elevação a mais espiritualidade.

Por isso o tema do Trabalho é o PEIXE E SUA FILOSOFIA E ALEGORIA DENTRO DA ORDEM MAÇÔNICA. Muitos o confundem como símbolo da ordem, porém, trata-se de uma alegoria, para maior esclarecimento, segue abaixo a definição de alegoria:

ALEGORIA
Palavra que indica a representação de certos atos ou ideias. É uma figura que retrata um objeto ao espírito, de maneira a fazê-lo conceber outro, com a qual o primeiro tem relação.

Podemos, também, definir como uma exposição de pensamento sob o aspecto figurado que representa uma coisa para dar a ideia de outra.

Agora que já esclarecemos, vamos dar prosseguimento ao trabalho.

A primeira constatação sobre os estudos das alegorias na maçonaria, bem como seus símbolos é sua antiguidade na história, originadas as civilizações e religiões que antecederam a própria ordem. Onde absorvemos seus símbolos, e na transição entre a nossa fase operativa para especulativa, transformamos os símbolos em alegorias, dando um significado esotérico.

Isso vai ocorrer por volta do século XVIII, os Irmãos especulativos, que foram os responsáveis pela maior parte do desenvolvimento maçônico no ritual, nos procedimentos e formas de Loja e de incorporar símbolos. Essa postura deve ser sempre levada em consideração quando analisamos o crescimento do simbolismo na Maçonaria Simbólica de hoje.

Como eu disse absorvemos muitos dos nossos símbolos de outras culturas e religiões, o peixe é um desses casos, portanto, abro um espaço para falarmos dele em outros seguimentos:

RELIGIÃO AFRICANA

O eja (peixe) simboliza equilíbrio e tranquilidade. Por esse motivo, ele é um dos alimentos utilizados nos rituais de Bori (comida à cabeça). Assim como o igbín (o caramujo sagrado de Òsalá - Oxalá). O peixe é oferecido nos momentos em que a paz se fazia necessária.

NO BUDISMO

Os peixes aparecem representando um dos oito símbolos do Buda Iluminado.

NO ANTIGO EGITO

Eles eram vistos como símbolo da fertilidade e proteção, estando associados ao poder da criação.

NO HINDUÍSMO

O peixe representa Matsya, o primeiro avatar do deus Vishnu, simbolizado por um ser que tem a parte superior de homem e a inferior de peixe. Ele assumiu a metade de sua forma como peixe para salvar as escrituras sagradas dos Vedas, antes que o demônio pudesse pegá-las, conseguindo, assim, preservar o conhecimento e salvar a criação da destruição.

NO JUDAÍSMO

Os peixes são tidos como símbolos auspiciosos de fecundidade e sorte.

NA CULTURA CHINESA

Tem no peixe um dos símbolos mais importantes relacionados à riqueza, abundância, na fertilidade, devoção, determinação e união

NA CULTURA JAPONESA

Ele é símbolo da fertilidade, liberdade e longevidade.

NA CULTURA CELTA

Os peixes estavam ligados à fertilidade, vitalidade, sabedoria, conhecimento e percepção.

NO CRISTIANISMO

O peixe simboliza Jesus Cristo, pois quando é pescado e retirado da água só aí ele se revela. Também é o símbolo da pureza, pois é a única espécie de animal que reproduz sem o contato do macho com a fêmea.

O PEIXE NA MAÇONARIA
O emblema do PEIXE em nossa Ordem é representado por dois peixes, ligados e nadando em direções contrárias. Um nadando para a superfície ou orla do universo, e o outro para o lado oposto, descendo para o fundo.

Os dois peixes nadando em sentido contrário refletem que o Maçom é conectado com dois mundos: o físico e o espiritual, e pode passar de um mundo para o outro, captando o espírito por trás da matéria e concretizar a matéria em espírito.

Segundo o Ir. Daniel Martina: “A ligação entre os dois peixes é o fio de ligação da própria vida, o qual, quando se rompe, sempre causa a separação do corpo/espírito. Ambos os peixes vivem numa luta pela separação e ao mesmo união. A morte rompe as ligações”.

O fim e o início, o consciente e inconsciente estão ligados, as nossas descobertas mais profundas estão conectadas em algo infinito e eterno. Daí, a interligação entre o princípio e a finalização.

Mas a sua interpretação vai além. Vejamos o seu significado do peixe que está nadando para baixo, simboliza o movimento da INVOLUÇÃO rumo à matéria, porém quando está nadando para cima simboliza a EVOLUÇÃO do duplo Espírito e Matéria que retornam ao princípio Uno, segundo o Irmão Newton Agrella em sua publicação.

Ainda podemos fazer outra analogia outra analogia, representam dois tipos de maçons, o que está evoluindo na ordem e progredido espiritualmente e o outro inserido em um mundo confuso, nadando sem saber seu destino.

A posição que encontram desenhados lembram duas luas crescentes, Umar representa a dissolução da forma antiga, e a outra, o início do novo. Se forem juntadas formarão um círculo e assumirão a forma, SÍMBOLO DA TOTALIDADE.

Meus respeitados Irmãos, durante a nossa busca da transformação e da transcendência, somos colocados constantemente em situação em que nadamos como os peixes, contornando obstáculos, atravessando águas revoltas, que são as dificuldades que encontramos na jornada, para assim buscarmos os remansos da sabedoria da evolução, mais atentos que em cada curva do rio da vida poderá haver novos obstáculos e correntezas.

BIBLIOGRAFIA

GUIMARÃES, João Nery. A Maçonaria e a Liturgia, São Paulo: EVOLUÇÃO”, 1954
CICHOSKI, Luiz Vitorio. Fundamentos do simbolismo.Volume I, Londrina: “A Trolha”, 2016
ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédia Maçonaria e Simbologia. Londrina. A TROLHA, 2016.
MARTINA, Daniel: https://www.filhosdoarquiteto.com

Pedro Jorge de Alcântara Albani
ARLS “Montanheses Livres” Nº 09 - Grande Oriente de Minas Gerais - GOMG
Oriente de Juiz de Fora - MG
Membro da Academia Maçônica de Ciências, Letras e Arte - AMCLA
Membro da Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora e Região - AMLJF
Fonte: Revista Acácia 13 Nº 49 - Janeiro de 2023