AS IMENSURÁVEIS RIQUEZAS DO ESPÍRITO HUMANO LIVRE


Não há arsenal atômico tão poderoso quanto as potencialidades imensuráveis do espírito humano livre!
Potencial muito maior que o arsenal atômico contemporâneo, e que pode muito bem ser destinado, conscientemente, para o progresso e o bem geral de toda a Humanidade, guarda o homem, intacto, em sua natureza primordial; entidade pródiga, fecunda e bela, porém esquecida, destituída de valor.

Grande parte da Humanidade consome toda sua vida, épocas e oportunidades, em momentos vãos, destituídos de alicerces sábios; segue a trama superficial da vida, no consumismo, na cultura exterior despida de espiritualidade; sem perceber o quanto poderia destinar para a evolução humana, individual e coletivamente; se alcançasse uma visão bem mais ampla acerca dos mistérios profundos, sagrados, que regem a nossa existência; mas que, infelizmente, dormitam nos recônditos do ser humano, indelevelmente.

Encontram-se essas forças sob forma de disposições, promessas, verdadeiros prelúdios prometendo vida; setas seguras indicando novos percursos, direção; precisam ser trabalhadas, aparadas as arestas, pelo ser humano com coragem indomável e cautela; do contrário, permanecem ocultas, inacessíveis ao conhecimento; devem, portanto, ser dinamizadas, vitalizadas pela magia do pensar livre, claro, consciente e sábio; elevando-se aos patamares vertiginosos de potências poderosíssimas que a acanhada condição pensante e limitada humana sequer é capaz de imaginar; infinitamente acima do alcance dos recursos do arsenal atômico contemporâneo elas se encontram.

O homem torna-se não só um co-criador de sua estrutura divina, superior, como também colabora com as hierarquias celestiais, participando do grande culto celeste dos deuses e dos homens; a ponte maravilhosa entre o Céu e a Terra, onde seres espirituais, verdadeiros irmãos, trabalham pelo bem geral da Humanidade.

Prestativo, nobre e bom, o sábio benfeitor de si mesmo e de todos os seus semelhantes, sem discriminações. E, num sentido mais alto ainda, transforma-se, no convívio com seres mais avançados, nessa escala evolutiva vertiginosa, ao longo de milhares e milhares de anos, num gerador de possibilidades de vida, acompanha a criação de mundos, civilizações e povos; estabelece as sublimes leis dos astros, tece a vida das estrelas, dos planetas, auxiliando as hierarquias divinas.

O plano celestial vai se cumprindo, a ascensão das hostes espirituais a planos sempre mais altos vai engendrando a vida no universo, a evolução continua. A esse cortejo celestial o homem dá o melhor de si, tão logo começa a compreender-se a si mesmo com sabedoria e apreço pelos outros seres, sem nenhuma distinção.

Grande verdade espiritual marca a essência da sentença “ninguém serve a dois senhores simultaneamente”. Enquanto o homem destina suas energias, que são muito preciosas para a vida, para uma satisfação de necessidades simplesmente de ordem inferior, ele não pode se aproximar com veneração, bastante humildade, respeito, do portal que vela as disposições que as hierarquias sublimes introduziram em nós com o intuito de nos dar a chance para que um dia nós mesmos possamos estruturar-nos verdadeiramente.

Natureza velada, verdade escondida, sementes procrastinadas; feliz o homem que consciente da extrema situação mundial por que passa o planeta, dá passos de mestre, seguindo outros grandes benfeitores e instrutores da Humanidade; deposita no altar do coração para sacrifício os impulsos e as necessidades de nível inferior, abrindo mão delas, envidando todos os esforços a seu dispor para metamorfoseá-las à luz de uma grande oferenda ao Cristo Jesus e aos demais seres espirituais; para, em seguida, doá-las, uma vez transformadas, em luz e compreensão, no campo social, distribuindo-as aos irmãos que sofrem; clamam no martírio do sofrimento e da dor; seres que buscam não só o alimento para o corpo físico, mas também a verdade espiritual que consola a alma sedenta de luz e compreensão viva.

Entra, assim, o homem novo, transformado pelo bem, nos mundos internos; torna-se o conhecedor de si mesmo e do mundo; um irmão que compreende, a todos; assim age abnegadamente no mundo.

Acende, portanto, o homem a tocha flamejante do amor humano-universal, a Pedra Fundamental do Bem, que Rudolf Steiner no Congresso de Natal de 1923, em Dornach, Suiça, depositou no coração de oitocentos presentes e, com especial consideração, ele estendeu esse ato cerimonial também a toda a Humanidade.

Centrada no coração dos discípulos de boa vontade, Ela brilha com uma luz fulgurante; sua luz, luz da nova consciência de Cristo no homem, é atiçada no seu sangue pela Alma Natânica, graças ao seu quinto sacrifício ao Cristo a favor da causa humana; luz que brilha nos mais belos matizes; sua forma maravilhosa é tecida pelas imaginações poderosas do grande arcanjo Widar, tornando possível a vivência do amor humano-universal sob forma de uma sublime Taça, a Taça do Santo Graal; e sob a imaginação sublime da vivência do nascimento no Cristo Etérico no homem, a figura imponente de Micael, vitorioso, jogando o dragão do coração humano para os membros e o metabolismo, enriquece o majestoso cenário; de Widar partem ainda impulsos de guarnição que acompanham a Alma Natânica, protegendo-a, com amor espiritual.

Verdade é que os avanços das conquistas espaciais e os mais requintadíssimos e apurados processos de refinamentos e aperfeiçoamentos de minérios não podem alimentar em nós o sentido verdadeiro de conhecimento necessário para justificar o sentido digno da evolução do homem na Terra; o olhar dirigido sempre para fora, mais e mais, sem o conhecimento prévio dos fundamentos verdadeiros do ser humano a partir da realização do espírito livre, conduz os pesquisadores e grandes estudiosos ao caos, à ilusão; não se apercebem de que a verdade não se encontra naquilo que eles nos apresentam como realidade plena e justa.

Por outro lado, a vida nos ensina que, com admiração, respeito, devoção, veneração, humildade, reverência, amor, podemos nos aproximar do ponto decisivo da questão, onde o colegiado dos bodhisattvas, individualidades plenas e sublimes do amor, os portadores da vontade do Cristo, grandes mestres da sabedoria e da harmonia das sensações, benfeitores da Humanidade, trabalham amorosamente pela condição humana decaída, carente; a vivência da Pedra Fundamental do Bem no solo sagrado do coração, com a presença viva do Cristo e das hierarquias superiores, portais para as forças do Pai, do Filho e do Espírito, é a única solução verdadeira pela qual deve o homem lutar na contemporaneidade para encontrar o leme seguro.

Não é por uma afinidade com os avanços da ciência centrada no intelecto, mas, sim, pela aproximação verdadeira, consciente dessa Pedra que o homem seguirá pelas veredas justas e plenas.

Gildo Oliveira