Bandido bom é bandido morto?

 

 

O Brasil atravessou a virada de ano assistindo a uma série de chacinas nos presídios de Roraima, Manaus e Rio Grande do Norte, comprovando o fracasso do Estado em coibir a violência dentro de estabelecimentos prisionais. A grande verdade é que a paz só prevalece quando as facções permitem!

 

As prisões, que deveriam ser um ambiente de ressocialização, na prática são universidades do crime, organizadas e financiadas pela própria sociedade, sob a conivência de muitos governantes. A sociedade, por sua vez parece ter se acostumado à barbárie, chegando ao ponto de festejar as mortes em massa ou comercializar 

Dvds com decapitações. Estamos regredindo aos tempos medievais.

 

O governador do Amazonas chegou a afirmar publicamente que entre os mortos não “havia nenhum santo”. A Constituição Federal permite excepcionalmente, a pena de morte quando houver guerra declarada, mas isso são guerras entre facções.

 

"O Brasil é um país que acusa, prende, condena e, depois julga".

É imprescindível ressaltar que qualquer pessoa pode se tornar um “bandido”. Em Minas Gerais, um homem permaneceu mais de um ano preso, condenado por estupro, mas, após revisão do processo, acabou inocentado, pois a vítima o confundiu com o irmão dele.  

 

Temos um sistema que não investe na qualificação e valorização do policial, em tecnologia, entre outros fatores determinantes para que tenhamos efetivamente justiça! O governo federal “trata a doença” anunciando um investimento bilionário na construção de presídios enquanto a educação sofre cortes, prova de que não investimos na prevenção.

 

Os presídios não são hotéis, tampouco são campos de concentração nazistas. A sociedade deve se conscientizar de que qualquer cidadão pode ser vítima da precariedade lado sistema, tornando-se o bandido de amanhã aos olhos da (in)justiça brasileira. 

 

O Brasil é um país que acusa, prende, condena e, depois, julga. Portanto, quando pensar em defender que bandido bom é bandido morto, lembre-se que muitos inocentes estão presos, podendo sofrer todo tipo de abuso, sendo mortos por culpa de um sistema penal falido, e nada impede que a próxima vítima seja eu ou você.

 

Sandro Azevedo

Advogado

 

Florianópolis.