Brilhe. Não!

É da natureza humana aspirar ao “brilhar”, ao reconhecimento dos méritos – sejam eles legítimos ou embustes nobiliárquicos. Em nosso meio é tão comum que, embora se autoproclame “eterno aprendiz”, quase ninguém quer continuar sentado na Coluna do Norte.
Apesar de o Grau de Companheiro ser o mais bonito, muitos são os que vivem contando os poucos meses de interstício para, enfim, serem exaltados à maestria maçônica. Depois, seguir colaborando para o Quarto-de-Hora-de-Estudo.
Mas isso não é o fim do mundo e também não é nossa passagem para o Reino de Paimon. É, sim, mais uma oportunidade para refletirmos sobre as velas acesas nas sessões maçônicas.
Nesse sentido, salvo melhor juízo, sugiro que não usemos velas nem castiçais, muito menos haja acendimentos ou abafamentos em sessões públicas. Isso em virtude de que algumas pessoas vinculam o uso de velas às atividades religiosas e muitas ainda comparecem a essas atividades cheias de preconceitos e de conceitos errôneos. Tais equívocos são reforçados com frases do tipo: “altar do Venerável Mestre”, “Irmão Guarda do Templo”, “acendei as velas do altar dos juramentos”. Piora quando o Mestre de Harmonia coloca uma Ave Maria e uns Irmãos comparecem de balandrau (típica roupa de bruxo).
Retornando à ponderação para que os Irmãos não brilhem, cabe, então, a identificação do que seja “brilhar”. Entre as possibilidades de interpretação, no sentido proposto, encontramos: “dar-se a conhecer”. É quando o Irmão apresenta seu currículo nos mínimos detalhes, no qual, junto aos seus graus acadêmicos, salienta sua condição de sommelier e exímio cortador de grama.
Quando suas manifestações procuram mais “evidenciar-se” do que agregar valor ao momento vivido, são aquelas situações em palestras em que alguém pede a palavra e apresenta outra palestra. Neste ponto, “revela-se”, mostrando ou, em verdade, acreditando que seu brilho “cativa a atenção”. Ele “se distingue”, “se sobressai” e, portanto, é superior.
Pode parecer exagero, mas devemos tomar cuidado com elogios que damos e recebemos. Da mesma maneira que, por simpatia institucional, falamos bem de alguém ou de alguma situação/ato, também somos alvo dessa forma de manifestação. Isto acontece por questões sociais, mas, em verdade, não tem valor comburente.
Circulou nas redes sociais um determinado convite para uma sessão, em que nas qualidades do palestrante só faltou o brilho de ser santo. Até acredito que o layout do convite não foi feito por ele, porém, ao tomar ciência, ele e qualquer um de nós, nessas situações, devemos relembrar o personagem Seu Batista, da Escolinha do Professor Raimundo: “Menos, Batista, menos…”.
Diante de tanto escurecimento, não há um facho de luz?
BRILHE? NÃO! ILUMINE? SIM!
Observemos as velas. Elas não têm a função/missão de brilhar, mas sim de iluminar. Seus fachos de luz não estão ali para fazer sombra em ninguém nem concorrer com lâmpadas elétricas. Já repararam que o tamanho da chama varia pouco, mesmo em velas de tamanhos diferentes?
Assim devemos nos comportar: irradiando luz, reverberando o conhecimento que dissipa as trevas da ignorância.
Vejam quão interessante é o aspecto simbólico do BRILHAR e do ILUMINAR. O que pode lhe causar uma “cegueira”? Um brilho forte ou uma iluminação ampla? O brilhar está ligado ao fogo; o iluminar, à luz. Terra e fogo são os elementos do brilhar, ao passo que o ar e a água se ligam ao iluminar.
O BRILHO É MATERIAL. A LUZ É ESPIRITUAL.
Neste 19º ano de compartilhamento dos artigos dominicais, reafirmo o desejo de independente de graus, cargos ou títulos, continuar servindo os Irmãos com propostas para o Quarto-de-Hora-de-Estudo. Uma lauda para leitura em 5 minutos e 10 minutos para as devidas complementações e salutares questionamentos.
O exíguo tempo é um exercício de objetividade e pragmatismo que visa otimizar os trabalhos e cumprir integralmente o ritual.
Convosco na Fé - Robur et Furor
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Minas Gerais Shrine Club
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PRESIDENTE DO MINAS GERAIS SHRINE CLUB
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