Caminhos da Liberdade

A Maçonaria nos tem ensinado que a liberdade é a melhor forma de se estar em paz com a consciência. Não importa o “status” social da pessoa, ou sua condição financeira, ou ainda, a sua ideologia político/partidária. Ensina-nos que a “liberdade” gera o equilíbrio emocional e a mais completa paz de espírito, que permite serem coordenados nossos atos e ações, isentos de sectarismo, de vício e de paixões.

Porém, alerta-nos as grandes dificuldades em sermos livres. Infunde, em nós, a necessidade de um constante policiamento, uma pertinaz perseverança, uma luta permanente contra tudo aquilo que possa nos tornar escravos de algum poder, de alguma ideologia, de qualquer princípio que não seja compatível com a nossa própria vontade. Mostra-nos um caminho reto, sem obstáculos; livre de preconceitos, para que possamos viver em harmonia.

 

Vê-se, desta forma, o quão difícil é ser livre. Quantos envolvimentos terão de ser descartados para que se possa viver livremente. Quantos desafios devem ser superados. Quantos problemas enfrentados terão de ser vencidos com coragem, com audácia e com sabedoria.

 

Tudo, no entanto, nos leva a compreender que ser livre não é fazer o que bem se entende. Não é praticar todos os atos que vêm à nossa cabeça, inconsequentemente. Não é viver uma vida alheia ao que acontece à nossa volta, esquecendo-nos de nossos Irmãos, nossos familiares e nossos semelhantes.

 

Para o Homem ser livre é necessário que tenha disciplina, que se ajuste às circunstâncias do meio em que vive, sem que, com isto, tenha de se subjugar, indistintamente, à vontade de outras pessoas. É preciso que saiba respeitar as diferenças entre os homens e usar de todos os meios para que não sejam cometidos melindres e desprezo às susceptibilidades de outrem.

 

Ser livre é ter consciência dos deveres e das obrigações. Ser livre é assumir compromissos e estar comprometido com a verdade, embora ela possa nos doer de forma intensa. Ser livre é estar em sintonia com os objetivos e com os ideais que visem o bem comum e o sentimento de solidariedade, de disponibilidade e de responsabilidade.

 

Pode-se dizer, também, que ser livre é ouvir a voz da consciência, é não se deixar levar pela força do egoísmo e do orgulho, e não se deixar contaminar pela prepotência e nem pela ignorância, vivendo fraternalmente e cuidando para que haja harmonia e respeito entre todos.

 

Sabe-se, ainda, que a liberdade mantém laços muito estreitos à sabedoria. Que os sábios, já, desde as épocas mais distantes, nunca se preocuparam em escravizar os analfabetos e nem ser escravos dos cultos ou dos mais letrados. Eles mantêm-se incólumes aos sistemas e às normas que sejam contrárias às virtudes e o bem.

 

O Cristão não pode escravizar-se ou ser escravizado pela ideologia de uma religião que tolhe a sua liberdade, e que o subjugue a doutrinas sociológicas que podem resultar em “lavagem cerebral”. Todavia, os ideais religiosos, a doutrina equilibrada, calcada na verdade, os dogmas que oferecem a sustentação, básica e definitiva, de sua crença, terão de ser seguidos, respeitados, cultuados e difundidos no exercício desta mesma crença.

 

Por todas estas razões (ou argumentos), é que se diz que o verdadeiro Maçom não pode ser um ateu irreligioso e nem um ignorante fanatizado. É por isto que a Maçonaria, com muita firmeza e muita coerência, combate o fanatismo, a ignorância, a intolerância e a deslealdade. Combate os vícios e os preconceitos, com todas as forças, com todas as armas e argumentos disponíveis em seus princípios e filosofia, sem trégua e sem esmorecimento.

 

Embora não estejamos criando nenhuma cartilha de como ser verdadeiramente livre, temos por princípio e por convicção, que ser livre é saber respeitar os ensinamentos contidos no Livro da Lei; é saber manter acesa a LUZ recebida na Iniciação Maçônica; é não temer as consequências de defesa da verdade; é ser cristão convicto, mas sem fanatismo, seguindo os preceitos de sua Igreja; é respeitar e obedecer as leis, quando justas e não unilaterais; é manter o solene juramento presado sobre a Bíblia Sagrada; é ser compreensivo, tolerante e ponderado dentro dos princípios da justiça e da retidão, da bondade e da benevolência.

 

Sabemos que a Maçonaria não é uma escola professoral. Sabemos, igualmente que ela não nos impõe nenhuma verdade que não esteja embasada em seus princípios régios e integrados à essência de sua filosofia. Ela espera que cumpramos nossos deveres e obrigações, que busquemos os conhecimentos básicos de sua ideologia, que respeitemos seus landmarks e que nunca nos afastemos da justiça, da verdade, da lógica, do juízo e da razão. Pega para nós, a Igualdade, a Liberdade e a Fraternidade, tríade sustentáculo de sua razão de ser.

 

Viver livre é andar, permanentemente, por uma longa estrada, procurando direcionar os passos sob a luz das virtudes, longe dos vícios, buscando atingir os ideais e os objetivos ditados pela consciência, assentados na fortaleza dos pilares da verdade.

 

Talvez sejam estes os verdadeiros “Caminhos da Verdade”. “A libertação espiritual acontece quando renovamos os objetivos da vida, direcionando-os ao bem comum. É preciso muita paciência para construir o edifício da resignação”. (Dr. Libórni Siqueira)

 

José Vicente Daniel

 

Loja Theodórica, 154 – Oriente de Pequeri/MG

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