Cavaleiros Templários

Maomé nasceu em Meca, a cidade santa onde fica a CAABA ou KAABA –  sagrada Pedra Negra adorada pela multidão de tribos da Arábia Saudita. Era um jovem epiléptico, de natureza sensível, mas firme, que na mais tenra idade fora acometido por sonhos e visões que o levaram a acreditar que havia sido escolhido para ser o profeta de uma nova religião.

A conversão veio lentamente, mas depois de algum tempo multidões se acercavam dele e mais tarde seguiram-no até Medina. Lá, instituiu uma nova religião e organizou um exército poderoso. Com isto, retornou a Meca e conquistou-a. Daquela cidade rústica, desde então santa para seus devotos, organizou as tribos árabes numa confederação de guerreiros invencíveis. Planejou a queda do Cristianismo, profetizou a conversão do mundo e, ao morrer em 632 d.C, legou o Alcorão, o livro sagrado do Islamismo.

Maomé deixou uma série de sucessores, ou Califas, que eram capitães da guerra e líderes religiosos. O slogan dos Califas era “Islã, tributo ou espada”.

Omar, o segundo Califa, tomou Jerusalém em 637 d.C.. No lugar do Templo de Salomão, uma grande mesquita foi construída e, onde uma vez São Pedro pregou a boa nova de que Jesus era o Messias, beduínos morenos proclamaram o evangelho islâmico, “Há somente um Deus, Alá, e Maomé é seu Profeta”.

Inspirados pelo seu fanatismo e apoiados por suas espadas, as multidões de muçulmanos começaram a dirigir-se ao ocidente para tentar derrubar o Cristianismo.

Conquistaram a Palestina, a Síria, o Egito e transformaram milhares de igrejas cristãs em mesquitas. Todo o norte de África sucumbiu a eles em 707. Quatro anos depois, conquistaram o sul da Espanha e instalaram sua capital ocidental em Córdoba. Em 732, cruzaram os Pirineus para atacar a França, com os olhos sempre em Roma, a capital Cristã, onde pretendiam acomodar seus cavalos.

A Europa respondeu a este perigo iminente com as Cruzadas, cujo objetivo era a derrocada do islamismo em sua própria fortaleza.

Era o tempo do feudalismo. Não havia governos, nem estados, nem nações como conhecemos. Cada indivíduo pertencia de corpo e alma a um senhor; cada senhor pertencia igualmente a um superior – bispo, cardeal, conde, barão, duque; esses senhores superiores por sua vez pertenciam a reis, imperadores, cardeais, etc… e, teoricamente, acima de tudo, ao Papa, que era possuidor das chaves do céu e do inferno, soberano nos mundos secular e espiritual.

A Igreja ensinava aos homens que para escapar dos pecados eles deviam fazer penitências. A penitência era um método de autopunição para assegurar o mérito espiritual, e suas formas eram incontáveis. Um dos meios favoritos de penitência era a peregrinação.

Alexius, Imperador do Império Oriental, pouco depois que chegou ao trono, em 1095, assustado com os turcos batendo a sua porta, apelou para a ajuda das nações ocidentais, enviando um pedido de ajuda ao Papa Urbano II. Este consultou imediatamente os mais poderosos nobres, que aceitaram e decidiram que chegara a hora de agir.

Em 25 de novembro, o Papa Urbano, em pessoa, discursou para a multidão e mostrou o que os historiadores descreveram como “a mais empolgante oratória já registrada na História!”:

Aquela terra na qual a luz da verdade brilhou primeira; onde o Filho de Deus, em forma humana, dignou-se a andar como homem entre os homens; onde o Senhor ensinou e sofreu, morreu e ressuscitou; onde o trabalho de redenção do homem consumou-se – esta terra consagrada por tantas santas memórias passou para as mãos dos ímpios!”.

Urbano prometeu a todos os voluntários a proteção da Santa Igreja, de São Pedro e de São Paulo, e pronunciou anátema sobre qualquer um que os molestasse; declarou trégua de Deus entre os príncipes e nobres em guerra; ofereceu o perdão das dívidas de quem se alistasse e declarou que libertaria qualquer prisioneiro ou criminoso que se oferecesse para ir.

Exibindo uma cruz ante os olhos bem abertos dos ouvintes, declarou: “usem-na sobre seus estandartes, lembrando que Cristo morreu por vocês, e que é seu dever morrer por ele”. O movimento recebeu seu nome: “Cruzada” do latim Crux, Cruz.

Imediatamente após este discurso hipnotizante, uma excitação incontrolável tomou conta dos ouvintes. Exclamando em voz alta, “Deus o quer”.

Jerusalém estava a mais de 3 mil quilômetros de distância. Na primavera de 1096 uma multidão, estimada em 600 mil civis, saíram em viagem, em várias divisões, sob a liderança de Pedro, o Eremita e Walter, o Sem Posses. Foi uma tragédia. Foram trucidados pelos Hunos, e os que retornaram pereceram nas mãos dos turcos, ou caíram na escravidão. Em pouco mais de 200 anos, houve oito cruzadas.

Em 1099, cerca de 20 mil cavaleiros calejados e queimados pelo sol, criados acostumados à morte e ao perigo, fizeram caminho para a Cidade Santa, que conquistaram depois de um cerco de dois meses, tratando os habitantes com tamanha barbárie que os soldados cavalgaram nas ruas em meio a uma massa de corpos de homens, mulheres e crianças contorcidos.

Tendo Jerusalém como capital e Godofredo de Bouillon como o primeiro rei, o “Reino de Jerusalém” foi formado.

No ano 1118, Jerusalém já era um território Cristão. Assim, nove monges veteranos da primeira Cruzada, entre eles Hugh de Payen e Geofroy de Saint Omer, dirigiram-se ao rei de Jerusalém, Balduíno I, e anunciaram a intenção de fundar uma ordem de monges guerreiros.

Dentro de suas possibilidades, se encarregariam da segurança dos peregrinos que transitavam entre a Europa e os territórios cristãos do Oriente. Os membros fizeram votos de pobreza pessoal, obediência e castidade.

Os denominados “Pobres Cavaleiros de Cristo” se instalaram numa parte do palácio que foi cedida por Balduíno, local que outrora fora o Templo de Salomão. Por isso, ficaram conhecidos como Cavaleiros do Templo ou Cavaleiros Templários.

Por baixo do antigo Templo, diz o folclore, os Cavaleiros Templários fizeram a maior descoberta de todos os tempos: o Santo Graal. Outras versões dizem ter sido encontrada a ponta da lança que perfurou Jesus ou que procuravam a cabeça de João Batista, que se presumia estar ali enterrada.

Mas, a teoria mais controversa foi a de que os Templários encontraram um livro com os registros da linhagem dos descentes de Cristo. Alguns diziam que ali estava exposto o casamento de Jesus com Maria Madalena. Segundo essa teoria, a palavra em latim para o Santo Graal – San Greal – seria uma tradução equivocada de outras duas palavras “SanG Real” ou Sangue Real.

Segundo essa teoria, Jesus se casou e teve filhos e esse seria o segredo do Graal. Provar que Jesus se casou, e teve filhos, balançaria os pilares do Cristianismo e ameaçaria toda estrutura da Europa Medieval. A Igreja pagaria qualquer preço para suprimir essa informação e assim a especulação continua, pois ninguém sabe o que realmente os Templários encontraram.

Em 1127, no Concílio de Troyes, o Papa Honório II outorgou a condição de Ordem, concedendo um hábito branco com uma cruz vermelha no peito. O símbolo era um cavalo montado por dois soldados, uma alusão à pobreza.

A estrutura da Ordem era básica e organizada numa hierarquia composta de Sacerdotes até soldados.

A esta altura, constituída não apenas por religiosos, mas principalmente por burgueses, os Templários se sustentavam através de uma imensa fortuna que provinha de doações dos reinados.

Durante um período de quase dois séculos, a Ordem foi a maior organização Militar-Religiosa do mundo e suas atividades já não estavam restritas aos objetivos iniciais.

Os soldados templários recebiam treinamento bélico; combatiam ao lado dos cruzados na Terra Santa; conquistavam terras; administravam povoados; extraíam minérios; construíam castelos, catedrais, moinhos, alojamentos e oficinas; fiscalizavam o cumprimento das leis e intervinham na política europeia. Além de aprimorarem o conhecimento em medicina, astronomia e matemática. Houve até mesmo a criação de um sistema semelhante ao dos bancos monetários atuais.

Ao iniciar a viagem para a Terra Santa, o peregrino trocava seu dinheiro por uma carta de crédito nominal que lhe era restituída em qualquer posto templário. Assim, seus bens estavam seguros da ação de saqueadores. O poder dos Templários tornou-se maior que a Monarquia e a Igreja.

As seguidas derrotas das Cruzadas no século XII comprometeram a atividade principal dos Templários, e a existência de uma Ordem Militar com tais objetivos já não era necessária. Neste mesmo período, o Rei Felipe IV (O Belo) comandava a França.

Felipe IV devia terras e imensas somas em dinheiro aos Templários. Assim, propôs ao arcebispo Beltrão de Got uma troca de favores. O monarca usaria sua influência para que o religioso se tornasse Papa. Por sua vez, Beltrão de Got se comprometeria a exterminar a Ordem dos Templários assim que alcançasse o papado. No ano de 1305, Beltrão de Got sobe ao Trono de São Pedro como o Papa Clemente V. Neste momento tiveram início as acusações contra os cavaleiros e a implacável perseguição em toda a Europa.

O processo inquisitório contra os Templários se estendeu por vários anos, sob torturas e acusações diversas, como heresia, idolatria, homossexualismo e conspiração com infiéis.

Por volta do dia 20 de setembro de 1307, Felipe IV enviou cartas lacradas a todos os senescais (governantes/superintendentes) do reino com ordens expressas de que somente fossem abertas na noite de quinta-feira, 12 de outubro. Quando as cartas foram simultaneamente abertas, a ordem expressa do rei resumia-se em: “os Templários são acusados de graves heresias e crimes …”. Na madrugada de sexta-feira, 13 de outubro de 1307, todos foram aprisionados e postos a ferros. Daí a crença de que toda sexta-feira 13 é um dia de azar.

Na França, o último Grão-Mestre da Ordem Jacques de Molay e outros 5 mil cavaleiros foram encarcerados pelos soldados do Rei Felipe. No entanto, para decepção do Rei, a frota de navios Templários ancoradas na França desaparecera no mesmo dia com todo o tesouro e nunca mais foi vista.

Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay, aos 70 anos de idade, foi levado à fogueira da Santa Inquisição às margens do Rio Sena, em Paris.

Estas foram suas últimas palavras:

“Nekan, Adonai!!! Chol-Begoal!!! Papa Clemente…. Cavaleiro Guilherme de Nogaret…Rei Felipe: Intimo-os a comparecerem perante ao tribunal de Deus dentro de um ano para receberem o justo castigo. Malditos! Malditos! Todos Malditos até a décima terceira geração de vossas raças!!!”

Clemente V morreu trinta e três dias depois e o Rei Felipe, o Belo, em pouco mais de seis meses.

Dizem as lendas, que a frota se dirigiu para Portugal, onde sabia contar com forte proteção. Perante as ordens do Papa no sentido de extinguir os Templários e executar os seus cavaleiros, o Rei D. Dinis instaurou um processo de inquérito de forma a averiguar sobre a culpa ou inocência desses cavaleiros.

O inquérito concluiu, como seria de se esperar, que os cavaleiros da Ordem dos Templários estavam inocentes de todas as acusações. Em virtude disso, nenhuma morte ocorreu em seu país. Mais que isso, o Rei português resolveu o assunto com a aguda habilidade diplomática: retirou todos os bens materiais da Ordem dos Templários e transferiu-os para uma nova ordem que criou ao abrigo da coroa Portuguesa. Deu a essa nova ordem o nome de “Ordem de Cristo”, cujo símbolo era precisamente a famosa Cruz de Cristo vermelha num fundo branco.

Em 1319, nascia assim a Ordem de Cristo, provavelmente um dos últimos redutos na Europa onde os Templários continuaram a existir e a viver na persecução das suas santas metas, e conservando os seus míticos segredos.

Contam as lendas que os Templários estiveram ocultamente envolvidos nas aventuras marítimas portuguesas. Há mapas incluindo o Brasil desde 1389. O Infante D. Henrique, Pedro Alvares Cabral, Vasco da Gama entre outros, foram todos membros da Ordem de Cristo, ou seja: Templários.

As naus que aportaram no Brasil traziam a bandeira desta nova Ordem. Pedro Alvares Cabral seria não apenas um navegador, mas um dos altos comandantes da Ordem de Cristo, que fez uso dos mapas e cartas de navegação templária para “descobrir” o Brasil.

O lema que retratava o modo simples de vida escolhido pelos Templários era: NON NOBIS DOMINE, NON NOBIS, SED NOMINI TUO AD GLORIAM!  (Não por nós Senhor, não por nós, mas para a Glória de Teu Nome).

Encerrando a pesquisa, permitimo-nos registrar o belíssimo “PAI NOSSO TEMPLÁRIO”:

Senhor, perdoa-me se não rezo a oração que teu filho nos ensinou, pois julgo-me indigno de tão bela mensagem. Refleti sobre esta oração e cheguei às seguintes conclusões:

Para dizer o PAI NOSSO, antes devo considerar todos os homens, independentemente de sua cor, raça, religião, posição social ou política, como meus irmãos, pois eles também são teus filhos; devo amar e proteger a natureza e os animais, pois se tu és meu pai, também és meu criador, e quem criou a mim, também criou a natureza.

QUE ESTAIS NO CÉU, devo antes fazer uma profunda análise em minha consciência, procurando lembrar-me de quantas vezes te julguei como um celestial pai, pois, na realidade, sempre vivi me preocupando com coisas materiais.

Para dizer SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME, devo antes verificar se não cometi sortilégio ao adorar outros deuses até acima de ti.

Para dizer VENHA A NÓS O VOSSO REINO, devo antes examinar minha consciência e procurar saber se não digo isto penas por egoísmo, querendo de ti tudo, sem nada dar em troca.

Para dizer SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, devo antes buscar meu verdadeiro Ser e deixar de ser um falso Cristão, pois a tua vontade é a união fraternal de todos os seres que criaste.

Para dizer ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU, devo antes deixar de ser mundano e me livrar dos desenfreados prazeres, das orgias, do orgulho e do egoísmo.

Para dizer O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE, devo antes repartir o pão que me destes com os meus irmãos mais carentes e necessitados, pois é dando que se recebe; é amando que se é amado.

Para dizer PERDOAI AS NOSSAS DIVIDAS, ASSIM COMO TEMOS PERDOADO A QUEM NOS TEM DEVIDO, devo antes verificar se alguma vez tornei a estender a minha mão aquele que me traiu; se alimentei àquele que me tirou o pão; se dei esperança e acalentei àquele que me fez chorar; pois só assim terei perdoado àquele que me ofendeu.

Para dizer E NÃO NOS DEIXAI CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRA-NOS DO MAL, devo antes deixar limpo o foco de meus pensamentos; amparar a mão estendida; socorrer o pedido de aflição; alimentar a boca faminta; iluminar os cegos e amparar os aleijados, ajudando a construção de um mundo melhor.

E finalmente, para dizer AMÉM, deverei fazer tudo isso agradecendo ao meu Criador, cada segundo de minha vida, como a maior dádiva que poderia receber.

No entanto Senhor, embora procure assim proceder, ainda não me julgo suficientemente forte, no intuito de tudo isto te prometer e cumprir.

Perdoa-me, embora procure assim proceder, ainda não me julgo suficientemente forte, no intuito de tudo isto te prometer e cumprir.

Perdoa-me, Senhor meu Pai, porém minha perfeição a tanto ainda não chegou.

“Non Nobis Domine, Non Nobis, Se Nomini Tuo ad Gloriam!”

(Não por nós Senhor, não por nós, mas para a Glória de Teu Nome) Salmo de David e lema dos Templários

Fábio Luiz Simões Gomes

Mestre Maçom da Loja Unificada e Plena Nº245, GLMMG, Presidente do Magnífico Conselho de Cavaleiros Kadosch “Jacques DeMolay”, Belo Horizonte, da 1ª Região Litúrgica de Minas Gerais.

Referências Bibliográficas

A vida de Jacques de Molay – H.L.Haywood;

Power Point Templários – J.Truffi;

CHARLES G Adson. A História dos Cavaleiros Templários e do Templo; Edição I, São Paulo. Editora Saraiva;

 

ODDVAR Olsen. Templários, As Sociedades Secretas  e o Mistério do Santo Graal; Edição II. São Paulo. Editora Saraiva.

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