Cidadania e Responsabilidade Social
07/09/2014 17:10
A sociedade é retrato de seus valores, virtudes da convivência social são pilares de uma vida livre, justa e solidária.
Todos nós nascemos com o dever moral da decência. A Justiça é fim social por excelência.
Desde sempre aprendemos a valorizar a sabedoria e a honra.
O Maçom é sacerdote desta cultura que conduz à justiça. É na fidelidade a esses postulados intangíveis, que nascem, crescem, florescem e avigoram-se os ideais maçônicos.
Afligem-nos os fatos políticos que inquietam a nação. Se o Estado não protege o cidadão, a legitimidade política do poder falece. Nascem as aventuras. Deixar o
Estado à mercê de bandidos é negar os direitos humanos e, bandidos não são só os que roubam e matam o cidadão, mas também os que usurpam e manipulam o poder do Estado, mesmo que com a aura da representação política e o verniz da legalidade.
É hora de enfrentar e combater atos tendentes a enfraquecer a independência e o princípio da separação dos Poderes.
Em vigília e na defesa da Constituição sempre esteve, também, a Maçonaria.
Estamos unidos, para exortar o Santa Catarina e o Brasil, testemunhando por nossa conduta que um dia constituirá herança para o patrimônio ético desta Nação.
Maçom íntegro faz-se, em atitude pessoal, partícipe de um mutirão cívico, a fim de reduzir as desigualdades e postar-se na vanguarda da Justiça.
A impunidade, flagelo da nossa era, resulta de ações e omissões.
O Maçom quer, no processo de interação com a comunidade, proclamar a sensibilidade que Erich Fromm pôde traduzir na “polaridade de duas funções fundamentais, a de receber e a de entregar. É a polaridade da terra e da chuva, do rio e do oceano, da noite e do dia, da escuridão e da
luz, da matéria e do espírito”.
O Maçom quer sonhar, e mais que isto, busca realizar os seus sonhos, sabendo que um dia eles podem revelar-se numa sociedade realmente digna de ser
consagrada humana.
Nós Maçons não temos medo de sonhar. E sonhamos bastante. Intensamente!
A elaboração legislativa entrega-se à dependência de maiorias eventuais e oscilantes, volúveis e promíscuas.
A subserviência dos corpos legislativos, controlados por determinadas forças da sociedade, a par dos funestos meios empregados, colide com o bem comum, resultando na concentração cada vez maior das riquezas do mundo.
O laço social mudou.
Estamos entregues a nós mesmos. Há destruição dos valores tradicionais. Destruição das pontes com o passado. Há falta de energia cultural.
É decisivo combater as desigualdades sociais e a violência, firmando-se ainda no combate às drogas, à corrupção enraizada nos Poderes Públicos, “ao desperdício, à omissão e ao capitalismo selvagem que ofendem a dignidade humana, agridem o sentimento de comunhão nacional e afligem a consciência ética dos brasileiros”.
A globalização fez empalidecer os vínculos nacionais, orientados pelo interesse público e o bem comum. O modelo cultural se altera. Insinuam-se valores novos e novos interesses. Os fundamentos éticos perdem a força e com ela a importância. A fé se transfere para as razões do mercado. A realidade cultural faz morada nas práticas iconoclastas, destruidoras de princípios e valores. O direito deixa de ser o exercício prático da razão e da ordem social.
A prudência e o humanismo cristão padecem sem sentido e importância. A república já não consagra o diálogo entre o poder e a liberdade. Em síntese, a realidade é outra. O mundo mudou. Somos uma nova realidade que precisa ser reconhecida, enfrentada e compreendida.
Realidade dominada pelo desenvolvimento científico e tecnológico, pela robótica e pela internet, pela velocidade das mudanças. Nós Maçons, não estamos fora, mas no olho deste furacão que impõe novos paradigmas, baseados no conhecimento e na comunicação.
Somos uma instituição entre a família e o Estado, capaz de aceitar e vencer este desafio. Mas precisamos reconhecer a necessidade de, sem renunciar valores e princípios, reciclarmos procedimentos, revigorarmos a energia social, revisitarmos a Docência Maçônica. Devemos fazer isto sem medo nem sobressalto, com ciência e consciência.
A Maçonaria não pode viver de costas para a realidade nem ser indiferente aos seus problemas. A passividade é que assusta e desestimula os irmãos, principalmente os mais novos. Não podemos perder o norte da missão fundamental da Maçonaria que é a formação de homens livres e de bons costumes.
A formação da pessoa, com conhecimento de si mesma, da sociedade, da cultura herdada. É uma obra de construção contínua, com um futuro construtível, e cada vez mais desafiador. Reconhecemos que a crise maior da humanidade é moral, de comportamento, de dignidade, de exercício permanente da virtude da cidadania.
E nós Maçons, quem somos? Somos para que?
As feridas da corrupção jamais cicatrizam e sangram no sentimento do povo sofrido.
O desejo de justiça é a aspiração mais arraigada do ser humano. A prática da injustiça é comportamento incompatível com a paz social.
Mas, “Justiça”, o que é: indaga Otfried Höff
JUSTIÇA É
Princípio que nasce da realidade histórica.
Necessidade concreta.
É valor supremo.
É virtude que liberta.
É consciência que dá paz.
É igualdade social.
É respeito ao mérito.
É qualidade da convivência.
É a pedra angular da ordem.
É valor que fundamenta; regra que enuncia; ato que realiza.
É legitimidade.
É solidariedade.
A Justiça não está nos códigos, nos concílios acadêmicos, nos baronatos ideológicos, na esterilidade da burocracia, no positivismo paranóico; no vazio, no formal, no inconseqüente.
Está na vida, no choro das mães, nas crianças famintas, nos moradores de rua, no frio, na dor, na fome, na miséria. Está no real, no concreto, no efetivo.
Na felicidade inalcançável, na solidariedade inexistente.
A Justiça não é verdade estagnada.
É criação perpétua.
A Justiça não está na literalidade da lei, mas na sua interpretação honesta.
Justiça não é dever de ofício.
Justiça não é folha de processo, é carne, é vida, é verdade.
Justiça não é máscara do preconceito.
Justiça é paz com a verdade, com a família, com a sociedade, com a consciência, com Deus.
Nós Maçons, não somos imunes às crises. À sociedade nacional é nossa pátria. Sofremos as dores, as fragilidades sociais. A nossa diferença com profanos é que nos comprometemos livremente com deveres especiais de conduta e atitudes. Nosso aprendizado no terreno moral é rigoroso.
Somos humanos, falíveis. Nossa vida é moldada pela cultura maçônica. Não suportamos o ócio moral. Nossa instrução tem a força inabalável da atitude ética. Sustenta-se em valores. Alimenta-se de crenças. Lutamos por uma civilização de convivência, de amor e fraternidade. Existimos para servir.
A corrosão dos valores da tradição, a dissolução da idéia de Verdade, a desvalorização de princípios e fundamentos últimos que outrora nos orientavam são os principais traços de nossa época.
Atordoados, desnorteados, perenemente em busca de bússolas de sentido, o homem contemporâneo lembra um andarilho à beira de um abismo, cuja constelação de sentimentos, ideais e ações está cada vez mais ameaçada por forças que parecem visar um único objetivo: a atrofia do pensamento e
da razão.
A hora é de desafio. As elucubrações, voluntarismos cerebrinos estão desmoralizados diante das chagas sociais. A hora é de engajamento cívico e afetivo. A Maçonaria Unida exorta o Brasil.
Oramos no altar da altivez, da lealdade e da solidariedade. Esta é a verdadeira virtude da cidadania. Meus irmãos. Batem à Porta do Templo.
Meus irmãos Catarinenses, Batem à porta do Templo! E não são Irmãos do Quadro! É a sociedade brasileira!
Obrigado!
* Jarbas Lima - Mestre Maçom (Instalado).
Loja Corpus Júris, 83, Porto Alegre – Grande Loja - RS
Data: 1º de setembro de - 2014.
Originalmente publicado na página da Grande Loja de Santa Catarina: https://www.mrglsc.org.br/