Como será o seu mundo sem você?

 

Você é uma pessoa importante para a sua família? Importante para os seus amigos? Importante para a sociedade? Importante para o Mundo? Claro que é! Todos somos importantes para alguém. Alguém precisa de nós, sejam nossos filhos, nossos pais, nossos amigos, o cachorro, o gato ou as folhagens.

 

Tudo o que você faz parece importante, urgente ou fundamental para a sua sobrevivência e para a dos demais. Quantas vezes você se sentiu “imprescindível” no seu trabalho? Em determinadas situações familiares, você é “o cara” para resolver aquele problema. A sensação de que somos importantes para alguém e o medo do futuro são as forças que nos movem. Fomos educados a nos preocupar com o futuro, a estudar para ter um futuro melhor, a fazer uma poupança para o futuro ou fazer um plano de aposentadoria privada. Nos preocupamos muito mais com o futuro do que com o presente.

 

Quando tratamos do presente, não fazemos isto para viver este momento da melhor forma possível, mas sim preocupados com os impactos do presente sobre o futuro. Quantas vezes você já disse “não posso agora, estou fazendo algo para amanhã”. Preciso trabalhar duro hoje para ter direito a férias e aposentadoria. O cotidiano também evidencia a importância dada a cada coisa. Se você estiver arrumando a casa ou fazendo qualquer outra tarefa, e for chamado pelo seu filho ou pela sua mãe para sentar juntos no sofá e assistir alguma coisa que está passando na TV, provavelmente dirá que está ocupado. Logo, a sua tarefa é mais importante do que aquele pedido.

 

E as suas coisas, aqueles objetos que você adquiriu e os cuida com tanto zelo? Sabe o vaso aquele que trouxe não sei de onde? E os cristais que eram da sua avó? E o sofá, o tapete, a cadeira que custaram uma fortuna? Deus nos livre alguém estragá-los. Imagine emprestar aquela roupa ou os sapatos que você adora e voltarem estragados? Um desastre! Tudo isto tem a importância que você atribuir a estes objetos.

 

Sem dúvidas que o futuro e a preservação dos bens materiais são importantes, mas talvez estejamos exagerando na dose. Nós e nossos bens somos importantes, mas muito menos do que imaginamos. Para verificar isto, imagine um cenário de como será o seu mundo, sem você, 5 anos após a sua morte?

▪                Como estaria vivendo sua família sem você?

▪                Como teria sido equacionada a questão financeira da família?

▪                Com estariam os seus amigos sem você?

▪                Como estariam sendo resolvidas aquelas tarefas que “só você” é capaz de fazer na sua casa ou no seu trabalho?

▪                Como estariam as pessoas, animais e plantas que dependiam de você?

▪                O que teria acontecido com todas as suas roupas, sapatos, objetos tão valiosos e que hoje lhe causam tantas preocupações?

 

Moral da história, tudo o que outra pessoa pode fazer no seu lugar, não é tão importante. Alguém pode arrumar a casa, fazer a comida, educar o seu filho, fazer o seu trabalho, cuidar do seu cachorro! Mas, ninguém conseguirá dar o seu sorriso, falar com as pessoas como você fala, escrever o que você escreve, cantar/dançar/jogar/… como você, abraçar os seus familiares e amigos, como você os abraça. O importante é aquilo que você é na essência e o que você transmite para os outros.

 

O resto vai logo virar pó ou será esquecido. “Como será o seu mundo sem você?” não é uma pergunta para mostrar a nossa insignificância, mas para nos questionar se o que estamos fazendo hoje é significante, se faz sentido para nós e para os outros.

Luis Felipe Nascimento é professor na Escola de Administração da UFRGS

Contato: nascimentolf@gmail.com

obs: Texto originalmente publicado no blog www.luisfelipenascimento.net