Como tal, somente reconheço quem for "Maçom autêntico"!

Parece que virou uma febre. Todo novel escritor maçônico ou palestrante já se identifica de plano como pertencente à vertente “autêntica” da maçonaria. Tem calafrios e se desconcerta caso algum ouvinte associe qualquer conteúdo de seu trabalho como da escola “romântica”, assemelhada a uma doença contagiosa. Ser bonito e respeitado é declarar-se maçom autêntico. Com os adeptos de outras linhas de pensamento, ou com escritores que no passado serviram de referência aos seus estudos, agora o desdém. Até a intolerância ao que pensam de outra forma, já é constatada. Que essas atitudes não resvalem em “cancelamentos ou lacrações”, ora em moda.

Não se pode negar que a criação em Londres da Quatuor Coronati Lodge, Nº 2076, em 1884, a principal loja de pesquisa maçônica do mundo, foi um marco no sentido de substituir os escritos mais antigos ou considerados rudimentares, atribuídos a escritores imaginativos, por métodos acadêmicos de investigação histórica.

Tradicionalmente, são reconhecidas quatro escolas de pensamentos, como a Autêntica (Histórica), a Antropológica (Primitiva), a Mística (Teológica) e a Esotérica (Oculta), todas ensejando um processo evolutivo do pensamento em busca das verdades baseadas em especulações filosóficas, que possibilitem o aprimoramento intelectual, moral e espiritual. A Maçonaria tem espaço para todos, com Ritos que atendem a cada perfil e nível de exigência!

A Moderna Maçonaria recorreu aos instrumentos de trabalho dos maçons operativos medievais para construir um “sistema de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. Várias outras fontes contribuíram para formar as instruções morais e filosóficas dos Graus Simbólicos, bem como dos Graus Superiores da Ordem em vários Ritos, com denominações bastante sugestivas e que não escapam a certo romantismo, as quais não se confundem com o objetivo primordial da Ordem, o de tornar melhor o homem bom. Segundo Albert Pike, grandes verdades, esotéricas e divinas, residem veladas no simbolismo da Maçonaria.

Reconhecendo-se como Arte Real, a Maçonaria não pode dar guarida a qualquer restrição, pois ao ensinar a pensar, torna-se inconcebível eventual tentativa de aprisioná-la em uma corrente exclusiva de pensamento, o que iria contra o princípio da livre investigação da verdade (filosofia), pois suas fontes permeiam todas as disciplinas do conhecimento, com acesso tanto a métodos indutivos quanto a dedutivos (ciência).

Nesse cenário, cautelarmente precisamos deixar de lado a polêmica dos rótulos de partidários de tal ou qual Escola de Pensamento, Romântica ou Autêntica, por exemplo, que mais separam e confundem do que agregam em nosso meio, como gostam de confundir-nos os notáveis e, por vezes, ferozes e enfadonhos puristas da Ordem. Os bons entendedores, portadores da Plenitude Maçônica, sabem do que estamos falando. Com o tempo cada um apreende o que é a Maçonaria e o que ela não é. Trata-se de uma descoberta pessoal. E mais, entenderão como vivenciá-la e de onde ela se inspirou, apenas isso, se inspirou para forjar o seu simbolismo. Simples, assim!

Enfim, qualquer censura em nosso meio deve ser rebatida de pronto. O respeito já está implícito. Precisamos, isso sim, reconhecer como “Maçom Autêntico” apenas e tão-somente aquele irmão que realmente se dedica aos estudos, que age dentro dos objetivos e princípios da Ordem e participa efetivamente de sua Loja como incentivador, colaborativo e disciplinado.

“Há mais indícios seguros de autenticidade na Bíblia do que em qualquer história profana.” (Isaac Newton)

Márcio dos Santos Gomes

Mestre Maçom (Instalado) da Loja Maçônica Águia das Alterosas Nº 197 – GLMMG - Oriente de Belo Horizonte. 

Membro da Escola Maçônica “Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida” e da “Academia Mineira Maçônica de Letras”.

Fonte: Blog: https://opontodentrocirculo.com/