Compromisso e Paciência

O compromisso e a paciência desempenham papéis fundamentais em nossas vidas, bem como dentro da maçonaria, pois, ambos, refletem valores centrais da Ordem.

Como, para o maçom, a maçonaria é apenas uma parcela da vida, vou iniciar discorrendo sobre o todo, já que tanto o compromisso como a paciência representam facetas fundamentais no intricado tecido de nossas vidas. Assim como na engenharia civil, eles atuam como alicerces que sustentam o edifício do desenvolvimento pessoal, relações interpessoais robustas e a consecução de metas de longo prazo. Em outras palavras, o compromisso, na sua essência, é um pacto consigo mesmo ou com outros, permeando tanto a esfera pessoal quanto a coletiva, enquanto a paciência é a virtude que tempera a jornada da vida, conferindo serenidade diante das vicissitudes e permitindo o florescimento gradual de potenciais.

É importante compreendermos que precisa haver um equilíbrio entre compromisso e paciência, pois, muitas vezes, comprometer-se excessivamente, sem o contrapeso da paciência reflexiva, pode conduzir a uma exaustão emocional, podendo ser confundido com impaciência. Por outro lado, paciência desmesurada pode resultar em inércia e estagnação, já que a passividade excessiva pode obscurecer a visão do objetivo final, relegando sonhos e aspirações.

Se partirmos para uma análise mais interpessoal, a capacidade de comprometer-se transcende a mera concessão de pontos de vista, pois ela se entrelaça com a habilidade de cultivar empatia, compreensão e aceitação mútua. Essa alquimia relacional floresce quando indivíduos se dedicam a um compromisso ativo, no qual o dar e o receber são equilibrados em um delicado tango, de concessões conscientes e negociações respeitosas. De mesmo modo a paciência é a aliada silenciosa que acalma a impaciência inerente ao desejo de resultados imediatos. Mas, essa metamorfose interior demanda tempo e reflexão, pois cada ser humano traz consigo sua própria narrativa, ritmo e idiossincrasias. Ambos os conceitos estão interligados no aprendizado contínuo. Como um escalador, aprender a ser paciente durante os desafios e a comprometer-se com o processo de aprendizado contribui para um crescimento significativo na busca de alcançar o objetivo final.

Quando falamos de compromisso e paciência na maçonaria, não deveria ser algo diferente do que foi dito até o momento, mas nossa Ordem é uma escola de aperfeiçoamento pessoal interior, onde o compromisso refere-se à dedicação inabalável dos membros aos princípios éticos, morais e espirituais da fraternidade, simbolizado por juramentos solenes e práticas simbólicas, enquanto a paciência pode ser considerada uma virtude essencial na jornada maçônica, principalmente na busca por autoaperfeiçoamento e compreensão mais profunda da existência. Essa virtude está relacionada à ideia de que o conhecimento maçônico é gradualmente revelado e assimilado ao longo do tempo, requerendo uma mente paciente para absorver as lições e os mistérios simbólicos.

Esses princípios não são apenas teóricos, mas também práticos, pois se estendem à interação dos maçons com o mundo exterior, promovendo valores de tolerância, compreensão e respeito mútuo. O objetivo é que os maçons busquem aplicar esses conceitos em suas vidas diárias, influenciando positivamente suas relações pessoais  profissionais e contribuições para a sociedade, contribuindo para a construção de uma sociedade mais ética e compassiva, influenciando positivamente não apenas os membros da Ordem, mas a comunidade em geral; Benjamin Franklin e George Washington são exemplos disso.

Atualmente na função de líder maçônico em Alagoas, percebo, muitas vezes, que estou trabalhando sozinho em determinados setores, que os eventos organizados não recebem o devido valor, que há muita cobrança e pouco trabalho, tudo, exatamente pela falta de compromisso de alguns irmãos. Mas, assim como na vida, a paciência também tem um limite na maçonaria e, um dia, esses “irmãos” irão descobrir que a falta da autolapidação e autorrestauração constantes os deixarão a mercê da erosão da passividade, se tornando meros cascalhos e sendo varridos para fora e levados pelos ventos, como as areias do tempo.

Em resumo, o compromisso e a paciência são virtudes valiosas que, quando aplicadas com sabedoria, podem enriquecer nossas vidas, fortalecer nossos relacionamentos e nos ajudar a alcançar nossos objetivos mais significativos. A maestria dessas virtudes exige uma consciência aguçada, uma compreensão refinada das nuances da experiência humana e uma disposição constante para cultivar essas qualidades em todas as esferas da vida.

Compromisso e paciência, quando harmonizados, emergem como as âncoras que ancoram a efemeridade da existência, conferindo significado duradouro e profundidade à nossa jornada, seja ela individual ou coletiva.

Como exemplos inspiradores, vou citar alguns filmes sobre os temas abordados: Vida de Inseto (1998); O Sorriso de Mona Lisa (2003); O Vidente (2007); Lincoln (2012); O Primeiro Homem (2018); King Richard: Criando Campeãs (2021); entre tantos outros e, olha, nem citei livros e sagas que sou fã, como O Senhor dos Anéis, Star Wars, Harry Potter, ..., ...Talvez o leitor não tenha o mesmo olhar que eu tive a assistir, mas é só uma questão de paciência e comprometimento.

Carlyle Rosemond Freire

Mestre Maçom (I) -  CIM 307.07 - A∴R∴L∴S∴ "Terceiro Milênio" Nº 7 - GOAL -  Membro da Academia Maçônica de Ciências, Letras e Artes - AMCLA - Cad. 113

Fonte: Revista Cultural Virtual “Cavaleiros da Virtude” - Ano X Nº 057 - Novembro de 2023
A Revista Cultural Virtual “Cavaleiros da Virtude” é uma publicação mensal e independente, que está ligado ao Grande Oriente de Alagoas - GOAL, por meio de seu Editor e, que tem a finalidade de Informar, Instruir e Interligar os Irmãos, Familiares e Amigos, sobre a Maçonaria e seus trabalhos realizados, desmistificando a Ordem aos olhares da sociedade.