Convivendo com as perdas para aprender e crescer.

 

Desde que o bebê nasce, ele já começa a experimentar as perdas inerentes à vida.  Conforme vai crescendo, perde algumas condições que, gradativamente, o deixam mais “independente” em busca de certa autonomia: aprende a andar, falar, comer sozinho, etc. Se olharmos por esta vertente, perder significa amadurecer para uma nova fase; representa evolução e conquista.

Quando falamos de perdas, muitas vezes, estamos pontuando uma transformação e podemos ver seu saldo positivo. Perdas são necessárias para nosso desenvolvimento como um todo.

Em nossa sociedade, as perdas vêm carregadas de conotações negativas, por estar diretamente conectada com a ideia de morte  fim ou fracasso. Traz um significado de dor e sofrimento. Mas, todo fim é brindado com um começo, com a possibilidade de recontar uma história ou criar uma nova; representa algo novo e diferente. Talvez, o mais angustiante seja que, esse diferente nos remeta ao desconhecido, o que nos traz certa inquietação, que irá cessar  mediante um movimento (ação) em busca de segurança.

Pais jamais conseguirão poupar seus filhos das perdas, por mais que os amem. Não adianta amamentarem no peito por tempo indeterminado, deixarem a chupeta e mamadeira até que eles rejeitem e, nem mesmo, substituir brinquedos que quebram por outro ou deixarem as crianças ganharem no jogo e brincadeiras coletivas.

Pais também sentem a perda, não têm mais o bebê na família, ele está crescendo. Dependendo da conotação dada pelos pais e os sentimentos que as perdas remetem, torna-se difícil gerenciá-las diante dos filhos. Por exemplo: quem nunca ouviu mãe/pai angustiados relatarem sobre os primeiros dias de seu filho na escola, ou quando ele vai dormir pela primeira vez na casa de um amiguinho? Perder é se deparar com uma situação de crescimento, de mudança de estado, situação e condição. A criança ganha um novo mundo e a mãe/pai uma nova criança, que agora se relaciona com outras e aprende coisas novas.

Pais precisam estar juntos com seus filhos, sem enfatizar a perda como algo de cunho puramente negativo. Assim, estarão ensinando-os a encarar a vida de forma a aceitar as mudanças e as adversidades, sabendo entender o “sim” e o “não”, sem criar rotas de fuga e defesas mediante as mudanças e obstáculos que surgem no decorrer da vida, tornando-se mais fortes na juventude e vida adulta para lidar com as situações de perda.

Autora:

Veronica Esteves de Carvalho

É graduada pela PUC-SP (1996) e especializada em Logoterapia (2006). Psicóloga clínica, com 18 anos de experiência em psicoterapia para crianças, adultos e orientação a pais, atende em seu consultório, no bairro Jardins (São Paulo).

Fonte: https://ninguemcrescesozinho.com/