Corda de 81 Nós

O objetivo deste trabalho é relatar o resultado das pesquisas efetuadas sobre a Corda de 81 Nós, que orna o nosso templo do R:.E:.A:.A:., e apresentar algumas conclusões.

Segundo RIZZARDO DA CAMINO, tal ornamento está presente em todos os templos maçônicos [1]. Segundo JOSÉ CASTELLANI, porém, ela “não é ornamento presente em todos os ritos” [2].

Para JÚLIO CEZAR PIRES [3], a Corda “poderá ser natural ou esculpida nas paredes, mas os nós deverão ser equidistantes e, sempre em número de oitenta e um”, buscando preservar o seu simbolismo.

A Corda de 81 Nós deve circundar todo o templo, no alto das paredes, junto ao teto e acima das colunas zodiacais (nos ritos que as possuem). O nó central deve ficar sobre o Trono, acima do Delta, na parede oriental. A partir daí, a Corda deve estender-se pelas paredes do Norte e do Sul, com quarenta nós de cada lado. Os extremos da Corda terminam em ambos os lados da porta ocidental, em duas borlas, representando a Justiça (ou Equidade) e a Prudência [ou Moderação] [4].

Os números relacionados à Corda de 81 Nós merecem especial atenção. O número 81 é o quadrado de 9, que por sua vez é o quadrado de 3, número repleto de significações e de alto valor místico. Por exemplo:

3 eram os filhos de Noé (Sem, Cam e Jafé) – Génesis, 6,10;
3 eram os homens que apareceram a Abraão – Génesis, 18,2;
3 os dias de jejum dos judeus desterrados – Ester, 4, 16;
3 as negações de Pedro – Mateus, 26, 34;
3 as virtudes teologais (Fé, Esperança e Amor) – I Coríntios, 13, 13.
O número 40 (quarenta nós de cada lado da Corda, abstraindo-se o nó central) é número simbólico de penitência e expectativa. Por exemplo:

40 foram os dias do dilúvio – Génesis, 7, 12;
40 foram os dias de Moisés no monte Sinai – Êxodo, 34,28;
40 dias durou o jejum de Jesus – Mateus, 4, 2;
40 dias Jesus esteve na Terra após a sua ressurreição (Actos, 1, 3);
O 1 (Nó Central) é a unidade indivisível, símbolo de Deus, princípio e fundamento do Universo. Consoante JOSÉ CASTELLANI, “esotericamente, ela simboliza a união fraternal e espiritual entre todos os maçons do mundo; representa, também, a comunhão de ideias e de objetivos da Maçonaria, que, evidentemente, devem ser os mesmos, em qualquer parte do planeta” [5].

Para o mesmo autor, a “abertura da Corda, na porta de entrada do templo, mostra que a Maçonaria é dinâmica e progressista, estando, portanto, sempre aberta às novas ideias, que possam contribuir para a evolução do homem e para o progresso racional da humanidade” [6].

Já para RIZZARDO DA CAMINO, a Corda tem a finalidade de “absorver as vibrações negativas que possam ser formadas dentro do Templo; absorvidas, são transformadas em energia positiva e devolvidas aos maçons que se encontram no recinto” [7].

E conclui dizendo que “os nós representam o irmão dentro da unidade da Loja, encerrando, assim, toda a energia para espargi-la no conduto geral aos demais irmãos num ato de fraternidade” [8].

Considerações finais

Levei longo tempo para perceber que existe uma diferença entre “entender” ou “aprender” algo e “sentir” algo. O que descrevi até aqui é o que aprendi sobre a Corda de 81 Nós. Mas gostaria de dizer também o que sinto quando hoje vejo a Corda. Para mim, a Corda pode representar a humanidade toda. E cada nó representa um Maçom, que está também na humanidade. O nó marca a existência de maçons. O nó é um laço que se firma em si mesmo. Assim deve ser o Maçom: livre e de bons costumes, deve ter condições de se firmar a si próprio. Sem isto, não conseguiria contribuir para os objetivos da Maçonaria, que alcançam a toda a Humanidade, e não apenas aos maçons.

E mais: os maçons que realmente praticarem as virtudes maçônicas destacar-se-ão entre os demais homens – inclusive profanos – por serem nós (referências) na corda (humanidade). 81 é um número perfeito. E perfeita é a nossa Arte Real. Arte Real que se desenvolve em Loja. Loja é o agrupamento de maçons em trabalho. Não é o templo, ou qualquer construção. Loja é união. E em Loja, não bastam 40 maçons numa coluna mais 40 maçons na outra (40 nós em cada parede). Enquanto estiver faltando um nó, não se chega aos 81. Não se chega à perfeição.

Cícero D.

Notas

[1] CAMINO, Rizzardo da. Dicionário maçónico. Madras: São Paulo, 2006. p. 119.

[2] CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçónico. 1ª ed. Editora Maçónica A Trolha: 1990. n 8, p. 132.

[3] Conforme trabalho disponível em www.poralmaconico.com.br, consultado em 12/04/07.

[4] CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçónico. 1ª ed. Editora Maçónica A Trolha: 1990. n 8, p. 132. Estas significações aparecem também no Ritual do R:.E:.A:.A:. editado pelo GOB em 2001, p. 4.

[5] CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçónico. 1ª ed. Editora Maçónica A Trolha: 1990. n 8, p. 132.

[6] CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçônico. 1ª ed. Editora Maçónica A Trolha: 1990. n 8, p. 132.

[7] CAMINO, Rizzardo da. Dicionário maçónico. Madras: São Paulo, 2006. p. 119.

[8] CAMINO, Rizzardo da. Dicionário maçônico. Madras: São Paulo, 2006. p. 119.

Referências

Ritual do R:.E:.A:.A:. editado pelo GOB em 2001
CASTELLANI, José. Dicionário Etimológico Maçônico. 1ª ed. Editora Maçônica A Trolha: 1990. nº 8
CAMINO, Rizzardo da. Dicionário maçônico. Madras: São Paulo, 2006
PIRES, Júlio Cezar. A corda de 81 nós. Disponível em: www.portalmaconico.com.br. Acesso em 12/04/2007.