Deus

A presença do “Livro Sagrado” faz notar a existência de alguém superior, que no caso há de ser o Grande Geômetra, ou seja, Deus.

Não basta a “presença” de um livro, mas que este livro tenha sido lido para que as palavras pronunciadas permaneçam vivas e na mente de todos, pelo som emitido.

A Maçonaria teve membros, como Voltaire, e ainda hoje possui muitos, que não aceitam qualquer princípio religioso dentro das Lojas, e que não creem em Deus, embora aceitem (quiçá, apenas, para se manterem nas fileiras da Ordem) a existência de uma Inteligência Superior.

Ninguém é obrigado a entrar para a Maçonaria, mas se assim o deseja, deverá ou aceitar a crença em Deus por convicção ou em obediência às leis magnas da Maçonaria.

A definição constante do 19º Landmark nos conduz a aceitar um Deus com a qualidade de Grande Arquiteto do Universo, mas há de ser, Grande Arquiteto do Universo, na forma típica.

A designação maçônica abrange um Deus com toda gama de personalidade, como Ser Criador, não só do Mundo, mas de todo o Universo, na sua concepção filosófica de “Um em diversos”.

Nos dias atuais, quando a propensão de grande maioria dos homens está voltada para a materialidade, mais do que nunca se faz necessário que a Maçonaria empreste à suas atividades um vínculo lógico de relação e consequência idêntico àquele mesmo que traduzia a sedução das mais belas instituições do passado.

Isto quer dizer que os iniciados devem estender suas mãos amigas em gestos fraternos aos que vivam quase afogados pelas excitações dos sentidos materiais ou se encontrem contagiados pela bruteza e aridez das incompreensões.

Em tais movimentos de solidariedade hão de tentar evitar que ditos elementos caiam nos excessos de todos os gêneros, molestando seu próprio físico ou ferindo sua própria alma.

Em todos os prismas do que existe, no cintilar das estrelas, na irradiação da luz solar, no cristalino das águas, na gelidez da chuva, na variação da atmosfera, na fragrância das flores, no sabor dos frutos, no aroma dos perfumes, no colorido das plantas, nos trinados dos pássaros, em tudo é notada a influência de uma Inteligência Suprema, com atributos ilimitados.

Também nos domínios do pensamento, na grandeza dos sentimentos nos efeitos das causas e nas sensações dos sentidos, tal como na totalidade do que pode ser especificada neste mundo, a mesma influência se faz presente.

Nenhuma outra solução poderá substituir essas assertivas. O Ente Supremo é o Senhor de todos os arcanos, os maiores e os mais insondáveis. É Deus percebido em tudo por todos os viventes, inclusive os selvagens ainda sem o sentido perceptivo para discerni-lo completamente. É o Criador que sempre quis todas as suas criaturas felizes.

Dos redutos misteriosos do Oriente Eterno age como Pai Universal, fazendo manar a pureza do seu infinito interesse pela totalidade dos viandantes deste planeta.

Como parcela da Sua Obra Eternal implantou no cenário terreno o reino da fraternidade, ilustrado com a solidariedade, espargindo por ele veementes desejos de paz e impregnando-o de serenidade um pouco mais tranquilizante.

É incrível que tanta gente permaneça ainda hesitante, com os ouvidos tardos e a voz da consciência silenciosa com o coração frio quanto aos preceitos das virtudes e a alma varrida da luz da verdade, com os olhos cegados pelo negror da indiferença e a língua proferindo heréticas afirmações.

A Sublime Ordem dos maçons se fez um recanto do referido reino imenso, abrigando um grande número de operários dispostos a mantê-lo a todo custo.

Ter confiança no Criador e Conservador do Universo corresponde a ter segurança íntima nos seus desígnios e esperança firme no Seu Poder.

Possuir uma crença importa em mostrar-se consciente da sua origem e confiante na sua missão aqui na terra. “A crença fiel dever ser lição viva do espírito em serviço”, disse alguém. De fato, a crença justa e pura tem seu ninho no âmago do espírito.

A descrença é o tremedal que abafa oportunidades dos triunfos de ordem moral, embaindo o conformismo e inutilizando as altas aspirações do pensamento.

É muito oportuna a citação daquele pensamento de Davi, repetido por um iniciado que militou no cristianismo primitivo: “Se estais na fé, portai-vos varonilmente, envelhecei na fraternidade”.

Adalberto Gallon da Silva.