Devemos nos isolar do mundo?

 

É comum se perguntar, quando começamos o caminho nas veredas místicas, se devemos ou não nos isolar do mundo que nos rodeia para concentrarmos em nossa vereda. A resposta curta a dita pergunta é um rotundo Não.

Ainda que nesse momento não saibamos, existe uma energia que rodeia a tudo o que existe no Universo e que recebemos muitos nomes como Nous, Energia Vital; Energia etérea... em virtude da escola de mistérios que lemos ou pertencemos.

Essa energia deve penetrar em nós e purificamos de maneira progressiva. Segundo os ensinamentos orientais, dita penetração tem lugar através dos chakras e, no ocidente, talvez pelo tipo de vida social que levamos, é um dos pontos cruciais a desenvolver.

A energia mais sutil, ao transitar livremente pelo organismo, equilibra to do o sistema biopsíquico, harmonizando-o com as frequências mais elevadas. A sensibilidade psíquica é estimulada continuamente e o estudante começa a ampliar seu horizonte de percepções.

Nesse ponto, sem saber muito bem porque, muitos começam a se sentir incômodos com a vida que levavam. Tudo ao redor parece complicar o processo empreendido. O ruído das ruas, o falatório da pessoa, as notícias negativas dos diários... tudo parece molestar ao estar mais consciente de tudo isso e dão vontades de mandar tudo para “plantar batatas” e se converter pouco menos que em um solitário. Parece que  a fuga é a única solução.

Mas isto está longe de ser o certo. Logo nos daremos conta do grande erro no qual temos caído e que o problema não se resolve em absoluto. Ao princípio tudo parece uma maravilha, estamos tranquilos em nosso retiro de paz. Mas com o passar dos dias surgem pequenos problemas como se o Sol demasiado quente ou chuva não para ou os animais da zona como mosquito ou similares começam a nos incomodar.

O único que temos conseguido tem sido trocar uns problemas por outros, mas não temos dado com a tão ansiada solução. O problema real radicado nos ensina e estamos habituados a projetar nossos problemas ao exterior. É a família e os deveres até ela nos tiram tempo para praticar os exercícios de relaxamento ou estudar os diferentes temas e ao final nos dizemos.

- Tenho que resolver meus problemas para ter paz e poder continuar meus estudos devo isolar-me.

Porém um dia descubro que, por mais que se esforce, os problemas levam a seguir onde queira que vá. Por que a solução não é fugir, nem intentar resolver aquilo que está fora de nós.

A solução está na árdua insistência da realização do trabalho de nosso desenvolvimento interior. É o contínuo trabalho do dia a dia, a disciplina autoimposta para tirar tempo de onde parece não tê-lo o que nos fará avançar, porque se trata disso, de avançar mas sem abandonar nossos deveres familiares ou sociais. O autêntico iniciado está para servir e ajudar: como podemos dizer que fazemos isso se para isso descuidamos nossos compromissos sociais e familiares?

A liberdade que nos dá a Luz tão desejada chega sempre de dentro para fora, e não de fora para dentro. A verdadeira Luz e Sabedoria está em nosso interior, em nossas veias, em nosso sangue, em nossa própria vida.

A Luz chega quando a energia cósmica consegue circular livremente por todo nosso organismo e nos harmonizamos com tudo o que nos rodeia: família, amigos, natureza, sociedade. É, então que começamos a compreender a grandeza da criação, que em cada lugar que olhemos tem produzido um milagre da vida e compreendemos que para se elevar até à Luz não é necessário se encerrar em uma caverna, senão ao contrário. Necessitamos compreender como funciona o Universo, necessitamos compreender o mundo, necessitamos compreender aos homens e, para isso, primeiro necessitamos compreender a nós mesmos.

Damos-nos conta, pouco a pouco, que nossas vibrações internas se fazem mais elevadas e nada nos parece já incomodar. Não se trata de abandonar os problemas, senão de resolvê-los sem que nos afetem. Conseguimos assim dar solução aos problemas que realmente precisam de modo quase automático porque não deixamos que nos afetem emocionalmente e isso se consegue simplesmente porque temos começado a compreender o que sucede com as pessoas que nos rodeiam. A necessidade de fugir tem desaparecido e descobrimos o doce gosto de viver livres de preocupação e totalmente à disposição dos demais.

A coisa é muito simples, ou muito complicado como já nos dissera os sábios de todos os tempos:

Homem conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.

Mário Lopez