Educação: uma questão de classe?

Livro revela que a divisão das classes nos EUA está aumentando, apesar da diminuição da diferença racial.

Atualmente, a diferença entre as classes sociais é a mais importante linha divisória da sociedade dos Estados Unidos, mais do que a questão racial, e é na família que essa divisão é mais nítida. Há anos os conservadores insistem em apontar as graves consequências do colapso do núcleo familiar. Agora, um dos estudiosos liberais mais proeminentes do país uniu-se ao coro.

Robert Putnam é ex-decano da Harvard’s Kennedy School of Government e autor de Bowling Alone (2000), um livro instigante sobre o declínio do capital social nos EUA. Em seu novo livro, Our Kids: The American Dream in Crisis, ele descreve a diferença crescente na maneira de educar os filhos em famílias ricas e pobres. Os leitores de Coming Apart de Charles Murray conhecem esse tema, mas Putnam acrescenta detalhes interessantes e excelentes gráficos neste livro reflexivo e convincente.

A família tradicional tem um papel primordial entre a elite com uma educação superior;  menos de 10% de filhos nascidos de relações com colegas de faculdade são resultado de casos extraconjugais, um percentual pouco maior do que em 1970. Mas, em 2007, entre mulheres com um nível de escolaridade de ensino médio, 65% dos nascimentos eram resultado de relações não conjugais. A raça faz diferença: só 2% de crianças são provenientes de casos extraconjugais entre pessoas brancas com formação universitária, em comparação com 80% entre afro-americanos com apenas nível médio de escolaridade, percentuais que não mudaram muito desde a década de 1970.

No entanto, a proporção de nascimentos de crianças de pais solteiros entre pessoas brancas com nível médio de escolaridade aumentou para 50% e essa mesma proporção entre afro-americanos com nível universitário caiu para 25%. Portanto, a divisão das classes está aumentando, apesar da diminuição da diferença racial.

A educação dos pais ou das famílias influencia as oportunidades na vida. As famílias de classe alta além de serem mais ricas, com uma dupla renda do casal, são mais estáveis e preocupadas com a educação dos filhos. Na década de 1970 não havia quase diferença entre classes sociais quanto ao tempo que os pais reservavam para conversar, ler e brincar com os filhos pequenos. Hoje, os filhos de pais com formação universitária recebem 50% mais do que Putnam chama do tempo dedicado ao Goodnight Moon (uma referência a um livro infantil ilustrado muito popular).

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Fontes: Economist-Minding the nurture gap.

Extraído da página  https://opiniaoenoticia.com.br/internacional/educacao-uma-questao-de-classe/