ESCLARECENDO O CANDIDATO!

 

 

Algumas considerações básicas para aclarar assuntos sobre a Ordem Maçônica.

 

 

Maçonaria - A definição mais simples: “Uma Instituição que tem por objetivo tornar feliz a Humanidade, pelo aperfeiçoamento, pelo amor, pelo aprimoramento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião”.

 

Essa definição representa, no entanto, apenas um comportamento exterior, uma vez que a Maçonaria agrega um grupo de iniciados que, além de amarem o próximo, amam-se a si mesmos, evoluindo mentalmente, na incessante busca do saber.

 

Toda instituição que recebe seus adeptos por meio do processo iniciático foge do comum, pois, existindo uma “seleção”, a Maçonaria ocupa-se dos problemas superiores, fugindo do vulgar.

 

O maçom, como elemento componente da instituição, por sua vez, deve comprovar pertencer a uma entidade seletiva e destaca-se do mundo profano, pelo exemplo.

 

Reconhece-se o maçom mais pela conduta. 

 

O maçom foi “pinçado” mercê da vontade do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, entre milhares de pessoas; é um “destaque” e por esse motivo ele faz jus às benesses que a Maçonaria dispensa; deve, a todo o momento, ser grato por ter sido “chamado” e demonstrar essa gratidão pelo seu viver.

 

A crença - A crença reflete uma convicção em alguma coisa esotérica, mística ou religiosa.

 

Ela é um produto da fé. A Maçonaria exige do candidato e, posteriormente, de seu adepto que tenham crença em Deus, como base fundamental de sua convicção maçônico-filosófica.

 

A liturgia (termo para designar o desenvolvimento do Cerimonial Maçônico) é composta de efeitos místicos traduzidos em sinais, palavras e posturas. A Maçonaria, na interpretação de sua liturgia, possui a parte esotérica, ou seja, reservada aos iniciados; é o sentido da espiritualidade.

 

Tudo tem uma razão de ser nessa liturgia, e o maçom a aceita como se fora um culto.

 

Entre si, os maçons cultivam o amor fraterno como se fosse uma crença; trata-se de uma postura mística, uma vez que sem o afeto, o respeito e a amizade, nenhum corpo maçônico poderia sobreviver. Essa amizade revertida em amor produz seus frutos, que são a tolerância, a compreensão, o afeto e a sinceridade, entre outros.

 

Não é a Instituição que institui o amor fraterno, mas é cada maçom individualmente que propugna por esse comportamento.

 

Um aperto e mão caloroso simboliza afeto, apoio e segurança, um abraço afetuoso, palavras gentis, compreensão, o aceitar conselhos, o aconselhar, enfim, o comportamento essencialmente familiar faz do maçom um ser humano seleto. 

 

A cultura - O homem culto sobressai dos demais e conquista o respeito dos seus semelhantes. O oposto da cultura é a ignorância, que avilta o homem.

 

Para ingresso na Ordem Maçônica não é exigido título universitário, bastando que o candidato prove ser alfabetizado.

 

A cultura, porém, pode estabelecer-se em uma mera instrução; boas leituras, interesse pelas artes, diálogo bem constituído, tudo pode conduzir o maçom ao respeito dos seus irmãos.

 

Para compreensão da Maçonaria, o maçom deve adquirir sua biblioteca especializada e ler muito, pois assim poderá compreender a filosofia maçônica.

 

Irmão - A essência da Fraternidade é o amor; os maçons dedicam muito amor uns para com os outros; é essa prática que funde o sangue para que haja no grupo uma só criatura. Todos devem dar e receber em troca amor, embora isso seja uma utopia; mas sendo todos filhos de um mesmo Criador, a Família Universal deveria apresentar outro comportamento. 

 

Sabemos, porém, que não é assim, então, quando nos reencontramos, abraçamo-nos, pois em ambos os corações palpita a satisfação de tornar a ver-se.

 

O bem-querer, a tolerância e a Fraternidade dentro da Loja transformam o homem em criatura dócil, espontânea e fiel, apta a desempenhar a cidadania no mundo profano.

 

Toda a humanidade é uma irmandade única, embora a maioria esteja desviada da trilha correta. A rigor, o amor fraternal deveria estender-se a toda a humanidade; no entanto, ainda não estamos preparados para isso.

 

Livres e de bons costumes - É a condição exigida para ue um profano ingresse na Maçonaria por intermédio da Iniciação. Não basta o candidato ser politicamente livre; não basta que tenha um comportamento moral comum.

 

A Maçonaria, quando exige que um candidato seja “livre e de bons costumes”, indubitavelmente inclui as drogas na relação dos fatores que constituem o vício.

 

O maçom tem o dever não só de repetir o uso de qualquer droga que o torne viciado, como envolver-se nas campanhas sociais para evitar que os seus semelhantes busquem no vício uma ilusória liberação.

 

A Maçonaria proclama que a sua filosofia tem por base na tradição, nos usos e costumes; portanto, “costumes” não é um mero comportamento, uma moral de conduta, mas sim um universo de práticas que conduzem o ser humano a uma vida espiritual.

 

O candidato deve comparecer à Iniciação com uma disposição de “amar a seu futuro irmão” como a si mesmo. Isso exige um comportamento para com seu próprio corpo, para com sua própria alma e para com o seu espírito.

 

Espírito é a partícula eterna e universal que todo o ser humano possui. Alma é vivente; espírito, vivificante. O amor fraternal maçônico tem como raiz esse espírito divino. Todo maçom tem o dever de viver em espírito e verdade.

 

Ser livre e de bons costumes constitui uma exigência de maior profundidade do que parece à primeira vista; seria muito cômodo aceitar um candidato que politicamente é livre, pois não há mais escravidão no mundo; ou que não se encontre preso, cumprindo alguma pena. A escravidão constitui um ‘estado de consciência”; as paixões e as emoções conduzem à escravidão.

 

Hoje em dia não existem mais escravos no sentido e ser o homem propriedade de alguém; mas a cada dia que passa, mas se acentua a escravidão do vício; na atualidade, o pior mal da humanidade são as drogas.

 

O homem jamais será livre para entregar-se ao vício, porque esse impulso em direção a uma pretensa liberdade o transforma em escravo.

 

Livre e de bons costumes é a característica do maçom e ele deve fazer jus a essa benesse.

 

Todo o maçom, mesmo antigo na Ordem, tem de se manter “livre e de bons costumes”.

 

O proponente - Diz-se assim do maçom possuidor do Grau de Mestre que “propõe” à Loja o nome de uma pessoa (profano) para, depois de sindicado, ser Iniciado.

 

O ato de propor um candidato reveste-se de cuidados extremos, uma vez que está sendo proposto alguém que irá pertencer a um grupo já coeso e formado (leia o alerta no rodapé deste texto).

 

Não se pode propor um amigo apenas pela amizade; o patrão ou o chefe para beneficiar sua carreira profissional. O proposto deve possuir as condições essenciais e certo carisma que faça com que seja aceito de bom grado, com simpatia e, sobretudo, com amor, de poder unir-se ao grupo sem dissonâncias, mas que possa aderir de imediato à filosofia grupal.

 

O Proponente nunca deve esquecer que há risco na sua proposta, a de levar para o grupo alguém que mais tarde desafine e perturbe. Deve, portanto, meditar e usar de sua sensibilidade espiritual para propor alguém totalmente apto para ser assimilado posteriormente.

 

A Iniciação - significava a “aceitação” para fazer parte do grupo, posto que possa ser definida como “princípio”, é a expressão peculiar para as cerimônias e ritos secretos, místicos e espirituais.

 

A Iniciação maçônica pode transformar o ser humano e despertar dentro de si a virtude que jazia aprisionada. Um renascimento como é a Iniciação dará uma nova personalidade onde as virtudes positivas afloram.

 

O principal é ter equilíbrio e evitar o fanatismo; o maçom é um iniciado permanente; mesmo que se afaste de sua loja, a Iniciação não sofrerá abalo; é como o sacerdócio, “in aeternum”.

 

A Maçonaria sempre adotou a Iniciação como meio de selecionar seus filiados.

 

Liberdade, Igualdade e Fraternidade - Apesar de inserido no lema da Maçonaria, o mundo ainda não conseguiu definir a igualdade e a liberdade, e muito menos a Fraternidade.

 

Igualdade - Nossa Constituição afirma que todos são iguais perante a lei. Contudo, um menos favorecido da sorte não encontra vaga nos colégios para seus filhos em idade escolar; um pobre enfermo bate às portas dos hospitais em vão; não há oportunidade para o trabalho; o lazer e a  diversão não são distribuídos equitativamente; o que benesse não é dado aos pobres. Um pobre que apenas consegue subsistir porque ganha somente para a escassa alimentação, não pode fazer parte do maravilhoso preceitos constitucional de igualdade. Uma igualdade injusta não é igualdade.

 

Um maçom deve cultivar a igualdade como se fosse uma virtude! As diferenças sociais ferem e aviltam; a operosidade maçônica detém-se, também, nesse campo.

 

Liberdade - Nada há mais perigoso que esse conjunto de nove letras, porque frequentemente, em nome da liberdade, cometem-se os mais hediondos crimes. A liberdade exige um conjunto de ações complementares; uma falsa liberdade oprime e desajusta, desequilibra e desilude.

 

Fraternidade é uma associação fraterna usada para demonstrar que todos os homens podem conviver como se fossem irmãos da mesma carne. O próprio animal, quando preso, transforma-se em ser agressivo, irritado e mau.

 

Maçonicamente interpretado, a Fraternidade apresenta-se de vários modos: a Fraternidade de uma Loja; a Fraternidade em uma Ordem; a Fraternidade Universal, também designada de “Fraternidade Branca”.

 

O candidato que passa pela Iniciação maçônica ingressa após a sua aclamação em Loja, na Fraternidade maçônica, nos seus vários aspectos e de modo permanente. 

 

A Fraternidade implica obrigações e direitos; a parte ética e de comportamento é muito importante. São admitidas pequenas rusgas, como sucede dentro de uma família, mas com a obrigação de serem passageiras. O maçom tem o dever de tolerar esses incidentes e perdoar se eles tiverem sido mais intensos. 

 

A Beneficência - Oficiosamente, cada maçom sente a necessidade de amparar o próximo carente; a sua formação espiritual lhe dá esse impulso; o maçom pratica a caridade no sentido material.

 

A finalidade da Maçonaria não é fazer benefícios no sentido material, mas se é feito, traduz apenas o encobrimento do seu real sentido; a beneficência é esotérica, pois o benefício que cada maçom recebe é espiritual.

 

A Maçonaria distribui um sem-número de beneficências que alcança os pontos mais sensíveis do amor ao próximo; ela prepara o maçom para ser um cidadão exemplar e, como tal, preocupar-se com o infortúnio alheio.

A beneficência pode ser exercitada “mentalmente”, enviando por meio da Cadeia de União a “força” necessária para aliviar o aflito e o necessitado.

 

Vantagens - Pela dedução de suas leis, a Maçonaria não oferece nenhuma outra vantagem aos seus filiados, senão a que se relaciona com a solidariedade fraterna e o levantamento moral de suas personalidades. 

 

Aqueles que porventura intentem marchar para seus Templos preliminando interesses pessoais ou alimentando esperanças alheias aos fundamentos do referido ideal, deverão ser evitados, porque, ou se enganarão redondamente ou irão se decepcionar em pouco tempo de estada nas suas fileiras.

 

Todos os maçons, de qualquer grau, têm por dever precípuo observar as Leis Maçônicas e Regulamentos vigorastes. Sob um prisma todo especial, são métodos que ensinam tudo que possa dizer respeito à família, à honra, à ciência, ao princípio de liberdade e a todas as ideias elevadas, às grandes concepções e todas as iniciativas de indiscutível grandeza moral. 

 

Valdemar Sansão

Mestre Maçom

vsansao@uol.com.br

 

Consultamos: “Breviário Maçônico para o dia-a-dia do maçom” Rizzardo da Camino