Experiências e Reflexões acerca da Harmonia Musical em uma Loja Maçônica

Introdução:

A presente Peça de Arquitetura tem como objetivo narrar experiências e apresentar reflexões sobre a importância da Harmonia musical e o papel do Mestre de Harmonia numa Loja Maçônica.

Como ocupante desse cargo por quase 1 ano, assumi a responsabilidade de seguir as orientações contidas nos normativos da Grande Loja do Estado da Bahia (GLEB) no Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA).

O Cargo de Mestre de Harmonia:

De acordo com o Código Maçônico do GLEB (2019), o Art. 406, aponta que compete ao Mestre de Harmonia “executar peças musicais durante a entoação de hinos da Loja ou da Ordem, circulação do Tronco de Solidariedade e em atos solenes das Sessões”. É importante ressaltar que nas Sessões Magnas de Iniciação, o roteiro musical fornecido pelo GLEB deve ser obrigatoriamente utilizado, enquanto nas demais Sessões, as músicas devem ser “maçônicas ou orquestradas de cunho clássico”.

 

O Conceito de “Músicas Maçônicas e “Cunho Clássico”:

Para compreender os conceitos de “músicas maçônicas” e “cunho clássico”, é necessário explorar a história da presença da música nas cerimônias maçônicas. Desde os primórdios da organização da Maçonaria, a música tem sido utilizada como um instrumento de harmonização para cerimônias e reuniões, além de desempenhar um papel importante no estudo maçônico. Ao longo do tempo. Músicos maçons, como Mozart, tornaram-se membros da Ordem e compuseram obras com fortes relações com os ensinamentos e simbologia maçônicas. Portanto, pode-se inferir que o conceito de “músicas maçônicas” está relacionado a composições escritas por maçons ou para os propósitos do Ritual Maçônico, sendo mais maçônico em virtude de seus autores e suas intenções do que as músicas “profanas”. Já o conceito de “cunho clássico” pode ser compreendido como um gênero de música erudita, caracterizado por uma instrumentação complexa e execução em formatos como sinfonias e óperas. A música clássica apresenta processos de execução mais sofisticados e complexos até de possuir um formato de execução mais formal e solene do que aqueles da música popular.

A Importância da Música na Maçonaria:

A presença da música nas práticas maçônicas é essencial para influenciar o comportamento e as atitudes dos maçons, elevando-os emocionalmente e permitindo uma melhor percepção das mensagens e instruções transmitidas durante as cerimônias. A música contribui para a harmonia e condução adequada dos trabalhos em Loja, sensibilizando os maçons, influenciando suas emoções e levando-os a refletir sobre os ensinamentos trabalhados. A música promove a exaltação das faculdades intelectuais e espirituais, permitindo que os maçons vibrem em sintonia com os acordes da Harmonia.

Na Maçonaria, a música desempenha um papel fundamental na criação de uma atmosfera propícia para a percepção dos princípios e valores da Ordem. Ela contribui para a purificação da mente dos irmãos, criando um ambiente tranquilo e propenso à expressão de sentimentos de amor e fraternidade. Ao atingir e aperfeiçoar a sensibilidade dos maçons, a música permite que eles se sintonizem com a harmonia universal, regida pelas leis que a Maçonaria busca promover para o aprimoramento moral e espiritual da humanidade.


Variedade e interpretação no Repertório Musical:

É essencial que o Mestre de Harmonia varie as músicas executadas, evitando a monitoria da repetição. A escolha de uma música para uma reunião maçônica requer um mínimo de cultura musical, bem como sensibilidade para interpretar o significado de cada passagem ritualística. A música deve estar perfeitamente alinhada com cada momento da ritualística, induzindo os irmãos presentes à purificação de suas mentes, deixando-os tranquilos e predispostos a emitir sentimentos de amor e fraternidade.

O Papel do Ritual como Verdadeira Música:

Bernard de Besson, Past Grão-Mestre da Grande Loja Tradicional e Simbólica Opera do Rito Escocês Retificado, em suas palavras, nos faz refletir sobre o papel do ritual como a verdadeira música. Ele ressaltou que, embora seja músico, acreditava que “a verdadeira música na Maçonaria é o próprio Ritual, e que as palavras, quando pronunciadas com a devida vibração, já se tornam música”.

Conclusão:

A música desempenha um papel fundamental na Maçonaria, criando uma atmosfera harmoniosa e elevando os maçons emocionalmente Ela tem o poder de transmitir mensagens, simbolismo e fortalecer os princípios da Ordem. As músicas maçônicas, compostas ou relacionadas à tradição maçônica, possuem características distintas que evocam solenidade, mistério e unidade. Ao mesmo tempo, a música clássica, com sua instrumentação complexa e execução solene, também desempenha um papel importante nas práticas maçônicas.

Evandro de Almeida Gouveia Sobrinho
ARLS∴ “Estrela do Sul” Nº 54 - GLEB
Or∴ de Salvador/BA

Fonte: Revista Maçônica Digital - Ano 5 - Nº 59 - Novembro/2023
www.revistaacacia.com.br