FRENTE ÀS PERDAS, UMA XÍCARA DE CAFÉ



Realmente, estes últimos dias se mostraram pesados. Todos os dias da semana, a triste missão de prestar condolências.

Filhos que, embora reconheçam as leis inexoráveis da vida, acreditaram que um futuro distante lhe separava da despedida de seus pais. E o futuro se fez presente. Pais atordoados, que jamais imaginavam velar o corpo do filho. Cônjuges, que pleiteavam viver a longevidade secular juntos, se deparam com a morte a quebrar o contrato. Irmãos, que não podem mais brigar ou amar, apenas lamentam a ausência. Foram-se os Mestres, os quais não podem mais nos ensinar. Ficamos nós como que em um quadro em branco a refletir sobre o aprendizado.

Diante desta realidade partimos para uma alegoria que nos faz refletir.

Somos, comumente, convidados a tomar um cafezinho na casa de nosso Pai. Três, pelo menos, são os elementos simbólicos a nos envolverem neste ato: O café, a xícara e o convidador. Há o café encorpado, suave, doce, aguado, quente, frio, que, por sua natureza, pode nos trazer ou não a esperada energia.

As xícaras podem ser altas, baixas, elegantes, populares, brancas, coloridas, com alça, com ou sem defeitos, que nada irão intervir na essência do café.

O Convidador, por sua vez, personifica o bem. Afinal, quem não fica encantado com um convite? Os convites nos estimulam. Sempre há algo a aprender, compartilhar ou ensinar.

Visualizemos, pois, a cena do café sendo preparado. Do pó no coador desce a matéria liquida, que se molda à xícara e nos é servido como uma experiência sensorial. A relação pode ser prazerosa ou não. O resultado do manuseio da xícara e ao servir o café dependerá exclusivamente de nossa aguda percepção.

A questão é: - Podemos ficar com a xícara?

Não! A xícara pertence ao Grande Convidador!

O Grande Convidador nos permite interagir com a xícara. Por meio dela corporificamos o café. Afinal, ele agora está dentro de nós, em algum lugar e permanecerá para sempre em nosso coração.

Amado Irmão: quando chegarem os inevitáveis momentos de perda, tomemos um café. Lembremos que, em sua morada, o Grande Arquiteto do Universo nos preparou um “cafezinho”. Aproveitemos, então, cada gota desta maravilhosa oportunidade para aquecer a alma e elevar nosso espirito.

Por mais bela que seja a xícara, por maior que seja nosso apego a ela, a xícara nunca foi nossa. Ela estava conosco emprestada por um tempo determinado e para cumprir uma missão.

SAUDADE É O NOME DO AMOR QUE FICA.
NÃO HÁ PERDAS, APENAS DEVOLUÇÕES.
QUE O IRMÃO SINTA PROFUNDO PRAZER NOS CONVITES,
A FIM DE QUE, CONSCIENTE DE QUE TUDO É PASSAGEIRO,
NÃO PERCA A OPORTUNIDADE DE AMAR E AGRADECER.

Atingimos quinze anos de compartilhamento de instruções maçônicas. Nosso propósito fundamental é incentivar os Irmãos ao estudo, à reflexão e tornar-se um elemento de atuação, um legítimo Construtor Social.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024