Igualdade

 

A palavra igualdade provém do latim “aequalitas” formada do adjetivo “aequus” (igual, justo, equilibrado, equitativo) e o sufixo “tat” (denota qualidade), dito de outra maneira o termo permite nomear a conformidade de algo com outra coisa em sua forma, qualidade, quantidade ou natureza.

Mas, realmente a que nos referimos com igualdade? É uma palavra que vemos muito nos meios, em livros, reflexões e é inclusive um dos componentes da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Moliner menciona a igualdade como “Qualidade de igual. Circunstância de serem iguais as coisas. Circunstância de serem tratadas da mesma maneira as pessoas de todas as categorias sociais. Equidade.

Lelande distingue igualdade no campo ético e político:

a)      O princípio segundo o qual as prescrições, defesas e penas são as mesmas para todos os cidadãos sem exceção de nascimento, situação ou fortuna (igualdade jurídica);

b)      O princípio segundo o qual os direitos políticos e na medida de suas capacidades, o acesso às funções, graus e dignidades públicas, pertencem a todos os cidadãos sem distinção de classe ou fortuna (igualdade política);

c)       O fato que dois ou mais homens tenham a mesma fortuna, instrução, inteligência, saúde, etc. Sendo esta última uma igualdade real e as outras duas igualdades formais.

A igualdade natural está fundada sobre a constituição da natureza humana comum em todos os homens, aqueles que nascem, crescem e morrem da mesma maneira, disto se depreende a igualdade como uma mesma maneira de cumprir o ciclo vital natural.

Na declaração universal dos direitos humanos se lê: “Art. 1º - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados como estão de razão e consciência, devem  se comportar fraternalmente uns com os outros”, este é um exemplo de igualdade como sistema de Direitos Humanos, mas não como uma igualdade como uma ideia ou conceito, como um produto humano que poderia ser um instrumento prático.

Pode-se  seguir fazendo menção de outros conceitos e exemplos de igualdade, mas o básico é igualdade em quê?. Se trata de uma igualdade material ou igualdade de acesso aos bens primários? Entendemos por bens primários os que denominam John Rawls liberdades básicas, ingressos, autorrespeito, etc. que qualquer pessoa deveria ter.

Mas, como podemos falar de igualdade em um mundo onde da desigualdade está presente em muitos aspectos sociais, sendo detonador de guerras, conflitos, diferenças ideológicas, etc., por exemplo um menino nascido em uma família rica e um em família pobre não têm a mesma igualdade de oportunidades, podem ter a mesma capacidade de conseguir metas em sua vida, mas, suas metas são distintas e portanto desiguais, aqui teria que intervir o governo para garantir a igualdade de nutrição e oportunidades para que ambos meninos realmente tivessem as mesmas oportunidades de desenvolvimento. Assim mesmo, no mundo natural não somos iguais biologicamente falando homens e mulheres, isto sem tomar em conta que o homem geneticamente se desenvolve como o caçador e a mulher na criança, ainda que para tarefas intelectuais é outro tema, quando a força física não é o fator preponderante, a mulher pode estar ao par do homem em muitas questões.

Não é menosprezar a mulher, seria como dizer que meus companheiros são superiores a mim, somente sou consciente de que falamos em força física o homem é superior à mulher, mas não intelectualmente. Temos diferenças genéticas e biológicas que nos definem e por isso não somos iguais nesse sentido.

A desigualdade tem sido a base de diversos conflitos durante a história do homem, um exemplo simples é a Segunda Guerra Mundial como consequência direta da desigualdade gerada pelo Tratado de Versalhes, convertendo aos aliados em inimigos, referindo-me à Itália e Japão que apoiaram aos aliados na Primeira Guerra em troca de territórios oferecidos por estes para o caso da Itália, algo que não cumpriram com a assinatura do tratado e ao Japão com territórios e o reconhecimento de igualdade diante das demais potências, coisa que não foi nem uma nem outra, a Alemanha afundaram com uma dívida de 80.000.000 milhões de dólares que para 1918 era uma soma impensável que levou o país à ruína, deixando  milhares na rua, com fome e com um sentimento de traição pelos líderes alemães daquele tempo, e como a história o demonstra nas grandes crises nascem grupos radicais que buscam corrigir essa situação. Itália e Japão jogaram contra os aliados por essa desigualdade assinada em Versalhes.

Outro exemplo está nas religiões que se derivam do cristianismo chamem-se católicos, Testemunhas de Jeová, Evangelistas, etc. Cada um deles compartem uma origem comum e falam de que todos são filhos de Deus, o que nos converte a todos em irmãos, mas muitas vezes uns e outros não veem como tais, senão como uma seita, como aquelas pessoas que não estão no correto e em certa forma limitam sua interação uns com os outros, já nem mencionamos outras religiões como o Islã ou o judaísmo que ao igual que o cristianismo têm uma origem comum em Abraão não se aceitam entre eles, nem se veem como irmãos. Já não falemos de pares do mesmo sexo por que na atualidade é um tema candente que confronta às pessoas com ideologias opostas, tanto como o foi em seu tempo o voto à mulher ou aceitar as pessoas de raça negra como igual.

Que sucede com as Lojas? Fala-se de igualdade, mas ao princípio a mulher não era admitida em uma loja, isto não pelos Landmarks senão por um patriarcado, por usos e costumes que quiseram estabelecer como Landmark deixando a mulher de fora, depois em referência ao seguinte parágrafo estaria em total contradição: “a Maçonaria é defensora destes direitos (humanos), esta é uma importantíssima regra que sempre esteve presente e é natural à Ordem porque esta, desde o começo, buscou o progresso do ser humano defendendo a Liberdade, a Igualdade e a dignidade do homem e mulher, não admitindo nenhum tipo de discriminação”; com o tempo se retificou e se aceitou a mulher dando pé de igualdade entre homens e mulheres a contribuir à maçonaria de forma ativa e crescer tanto filosoficamente como espiritualmente, e na atualidade há lojas masculinas, femininas e mistas como prova dessa igualdade.

Agora podemos falar de igualdade quando entre ritos não todos se consideram iguais? Pessoalmente penso que não, pois para começar há regulares e irregulares, a primeira desigualdade, ao mesmo tempo Irmãos de uma loja podem não ver como seus iguais aos de outra loja pelo diferente modo de trabalho ou do rito ao que pertencem sem tomar em conta que buscam um fim comum, depois no caso de profanos e maçons por esse simples fato não são iguais, ou a igualdade é somente para quem está dentro de Ordem, mas não para quem está fora? Então a Fraternidade e a Igualdade podem chegar a ser somente palavras escritas, mas não postas em prática. Para ser realmente iguais não somente como um conceito dentro de um sistema, senão como uma ferramenta para conseguir nossas metas devemos ter três coisas presentes que, nós como maçons já conhecem, Liberdade de escolher nosso caminho, assumindo as consequências boas ou ruins que isto trás consigo, Igualdade de oportunidades, de trato e de respeito e Fraternidade para comportarmos com uma sociedade unida e alcançar um desenvolvimento humano cabal, apoiando-nos uns aos outros, com valores como a humildade, honradez e em total apego na busca do bem comum e o crescimento de cada um de nós, estejam ou não estejam em um Ordem ou grupo social, étnico ou religioso.

É uma utopia que possivelmente o homem não esteja destinado a alcançar, pois por si mesmo é um ser destrutivo que não vê a todos como seus iguais, demonstrando durante o transcurso da história.

Podemos começar trabalhando a ideia de igualdade entre nós mesmos e quem nos rodeiam, fomentando o respeito aos demais como o respeito que queremos para nós, todos somos seres humanos e sob esse aspecto todos somos iguais, ainda que tenhamos circunstâncias distintas.

Somo iguais, mas ao mesmo tempo diferentes, sem que isto signifique discriminar, cada pessoa é distinta da outra em sua forma de atuar, pensar, projeto de vida e ver o mundo que o rodeia, mas devemos ter bem claro que todos somos iguais em que lutamos por nossos ideais, uma melhor vida, nossa felicidade, pelo que queremos chegar a ser e aí é onde devemos ter uma igualdade de oportunidades e não que se mínguem por diferencias étnicas, raciais, sociais, religiosas, genéricas, de preferência sexuais ou se pertencem a um grupo ou não.

Vejamos a igualdade como um direito inalienável do ser humano para conseguir seu plano de vida, como uma ferramenta própria de cada um, tendo acesso a oportunidades equitativas e justas, assim como ao respeito íntegro de sua pessoa, para alcançar os fins que se propõe na vida.

Fonte: https://www.diariomasonico.com/opinion/igualdad-masonica

Tradução livre do espanhol para o português feita por: Juarez de Oliveira Castro.