Justiça e propriedade.

 

Vou começar este trabalho com uma simples pergunta. É justo que o homem reclame a propriedade de um pedaço de terra, uma casa, uma árvore ou qualquer outro bem material para si mesmo?

 

Desde o ponto de vista do ser humano a resposta é um rotundo sim, já que o que se consegue com seu trabalho ou com seu dinheiro de seu trabalho é propriedade dele. Parece justo que assim seja e assim é no mundo material no qual vivemos e desenvolvemos nossa existência mortal.
Mas analisemos a propriedade desde outro ponto de vista, aquele que nos diz que nada nos pertence realmente já que nem nossa própria vida nos pertence se não que tudo nos tem sido dado, ou melhor emprestado, pelo Criador, Deus, Ser Supremo ou como queiram denominar.

 

Se admitimos que tudo que existe no Universo, nós incluídos, tem sido criado pelo Criador não temos mais remédio que admitir que tudo em nosso redor é obra Sua e não temos direito a possuí-lo. Tudo o que tem sido, é e será pertence, é propriedade do Criador, é um legado cujo usufruto tem cedido ao homem e este não exercerá um direito de propriedade exclusivo sobre parte alguma do mesmo.

 

Esta ideia tão aparentemente ridícula no mundo “civilizado” não o é tanto se pensamos que inclusive hoje em dia existem tribos donde não existe o conceito de propriedade – de meu e tu – senão que somente existe o nosso. Ditas tribos não conhecem o stress por acumular riquezas nem brigas ou desavenças por um pedaço mais ou menos de terra... mas são marcadas como tribos “não civilizadas” porque nós, o mundo capitalista, nos chamamos civilizados.

 

Sinceramente não saberia dizer que comportamento é mais civilizado, mas o da tribo me parece mais humano e civilizado que o andar pisando aos semelhantes para ter mais que eles.

 

Sob o ponto de vista humano e de acordo com as leis e justiça humanas é possível obter direitos de propriedade sobre as coisas. Desde o ponto de vista místico – filosófico não é possível porque tudo tem sido criado pelo Criador e, portanto, tudo pertence ao Criador.

 

Não podemos negar que o conceito de propriedade foi criado pelo homem dando assim pé ao nascimento do comércio. A natureza jamais vende nada ao homem, não comercia, simplesmente dá o que tem sem pedir nada em troca, o homem vai e toma.

 

Por outro lado, segundo as leis humanas, tem que dar uma compensação a quem trabalha para nós. Se vamos ao fundo místico veremos que não. Mas esse não dar uma compensação não implica em abusar dos demais senão o acercar nosso modo de vida ao de certas tribos donde se um precisa de algo todos os demais se reúnem para proporcionar a eles e vice-versa. A compensação real é saber que todos estão aí para quando os necessite, não para fazer mais ou menos rico.

 

Nas sociedades modernas compensamos aos professionais com dinheiro e temos conseguido ser escravos do dinheiro, tão escravos que sobrepomos o dinheiro à ajuda a nossos semelhantes.

 

Desde o ponto de vista filosófico um arquiteto deve seu engenho e inteligência ao Criador, um pedreiro deve sua força e saúde necessárias para exercer seu trabalho duro ao Criador... cada pessoa deve ao Criador os dons que possui e que o capacitam para realizar do melhor modo possível um determinado trabalho.

 

No caso do arquiteto, sem seu engenho e inteligência não seria quem de estudar, aprender e exercer sua profissão. Os dons que possui cada indivíduo não tem sido dados pelo Criador, ninguém poderá comprar; portanto não é lógico cobrar por fazer uso deles.

 

 Se todos fizéssemos o mesmo, se cada um de nós empregássemos nossos dons em todo momento sabendo que outros farão o próprio quando necessitemos deles, o dinheiro, a propriedade e o comércio não teriam razão de ser. A igualdade e a fraternidade seriam a base única do relacionamento humano. Um mundo assim é uma utopia hoje em dia e algo me diz que o seguirá sendo no futuro dado o materialismo que tortura aos humanos. Mas também estou seguro que nosso mundo atual, aonde uns poucos que tem tudo, manobram para que os demais não tenham mais ou tenham menos para não perder ou aumentar eles o seu, um mundo aonde manda o dinheiro e não as pessoas, não é melhor que o que temos descrito utopicamente. Não faz falta pensar muito para ver o mundo tão antissocial que temos. Se você viaja aos Estados Unidos, se põe enfermo e não tem dinheiro para pagar ao médico simplesmente não será atendido pelo médico. Essa é a norma geral. Que alguém o atenda grátis, que a seguridade social seja universal não o compreendem. Tua vida vale justamente o que podes pagar por ela. É isso um comportamento civilizado? É isso ético? É isso justo?. Eu diría que não, portanto deixa-me sonhar com um mundo utópico aonde o homem valorize mais a fraternidade que a propriedade, um mundo donde a justiça seja que todos sejamos iguais e tratados como iguais e não discriminados em nome do poderoso dinheiro.

 

Permita-me terminar com uma palavra do sábio Pitágoras que já mostrava que nada temos que nos pertença, se bem que suas palavras se referem a um ponto concreto e são extensíveis a todo o que nos rodeia e para meditar um pouco.

 

“Todas as ideias grandiosas que tive me vieram como uma inspiração de Deus. Por direito, elas Lhe pertencem; mas Ele desejou dar-me uma compreensão de Suas Leis e de Suas Ideias. Já que não me pertencem, desejo transmiti-las a todos para seu proveito, como um dom de Deus”.  (Pitágoras de Samos –  569 a. C. – ca. 475 a. C).

* Mario Lopez

Nacimiento: 9 de octubre de 1968
Estado civil: Casado
Domicilio: Galicia – España.
Rosacrucismo
Miembro de la sociedad Rosacruz AMORC – España.
Masoneria
Maestro masón bajo Obediencia de la Gran Logia de España
Logia capitular bajo obediencia del Supremo Consejo para el Grado 33 de España
Maestro masón de la Marca (Districto de España).

Nauta del Arca Real
Compañero del Arco Real de Jerusalén
Grados Crípticos (Super excellent master).


Tradução livre feita por: Juarez de Oliveira Castro.