Levante dessa cadeira!

 

Sempre há perdedores existenciais, muitos deles vadios natos e hereditários que acreditam possa haver um “ócio criativo”. Não pode haver criatividade na ociosidade, o vadio nunca vai ser criativo. Criatividade exige combate, estar na linha de fogo da vida, ardendo por algo e tendo diante dos olhos uma causa por que lutar. 

 

O Brasil, sabemos, é terra fértil para que alguém pregue ociosidade, tempo livre e feriadões na vida… Terra fertilíssima.

 

Todos os dias me deparo com pessoas que andam dando voltas e voltas na vida… e nada. Não saem do lugar. Todos os dias me encanzino com jovens pelas respostas que me dão às perguntas que lhes faço. Duas são as perguntas, a primeira é. Tens poupança? Vacilam na resposta e por hábito dizem que não, que não têm poupança. E acrescentam: “Ganho pouco, Prates”!

 

E a segunda pergunta que faço a eles e elas, ainda nas fraldas da vida, é. Qual é o teu plano de vida, teu objetivo profissional? Vacilam, entortam os olhos, não têm resposta pronta. E a resposta tinha que estar na ponta dos lábios.

 

Desde cedo na vida, temos que ter causas por que lutar, saber bem do que queremos. E digo isso lembrando uma frase que o autor daquele livro idiota - o Ócio Criativo - fez numa entrevista. Ele disse que “o tempo livre é importante para a felicidade humana”. Concordo, só que o tempo livre é o tempo de dormir à noite. Só esse. Fora disso, tempo livre é coisa de vadio. Lutar freneticamente por um sonho, lutar, lutar e lutar até vencer. Uma vitória que jamais será completa, afinal, ninguém sabe tudo de tudo.

 

Todos os dias vejo jovens jogando tempo fora fazendo trabalhos menores, que não os fazem felizes nem os farão realizados para uma vida mais tranquila na velhice e não se inquietam em levantar da cadeira e partir para a luta, para os estudos, para as qualificações, pela realização dos sonhos.

 

Jovens, bonitos, saudáveis e… acomodados, deixando o tempo passar. Vivem como que num “tempo livre”, o tempo favorito dos perdedores na vida. Vamos, levantem dessa cadeira.

 

Luiz Carlos Prates

 

Fonte: Jornal “A Notícia”