Luz e Iluminação

As palavras “Luz” e “Iluminação, assim como muitas outras, têm mais de um significado. Uma é a luz física, seja natural, das estrelas ou artificial produzida pelo homem. Mas luz também significa entendimento, razão, compreensão. Quando alguém diz: " me dá uma luz aqui neste assunto", não está pedindo uma lanterna, mas uma explicação.

Quando a Bíblia diz "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho"(Sl 119,105), refere-se novamente à instrução, esclarecimento.

Quando Buda, sentado embaixo de uma árvore sente-se iluminado, não foi pelo súbito aparecimento do sol, mas pelo raiar da compreensão intelecto/espiritual sobre a natureza da vida.

A multiplicidade de significados tem provocado equívocos. Quando "a luz é dada ao neófito" na cerimônia de iniciação, a luz física do momento representa o acesso que a partir daquele instante ele terá aos princípios e conhecimentos maçônicos.

Diferente é o significado e a experiência daquele que passa pela catarse psico/espiritual do "Novo Nascimento" Cristão, que ao esvaziar-se de si mesmo é preenchido pelo espirito divino, "estava em trevas e agora vê a luz". Vê a si mesmo e ao mundo "sob nova luz". "Vi as coisas antigas como se fossem novas, e meus olhos também estavam novos".

Assim também, de certa forma todas as antigas iniciações buscavam "levar o iniciado para a luz" de seus particulares ensinamentos.

Devemos procurar entender os profundamente diferentes significados da palavra luz em cada caso, sob pena de não alcançarmos a compreensão correta e ficarmos "no escuro" com relação a este tema.

Todos os equívocos e confusões existentes quanto as definições da natureza do Ser, da vida e do cosmos devem-se as diferentes gradações da iluminação psico/intelectual que cada um alcança, que vai da completa escuridão, passa por vários graus de penumbra, até alcançar a raríssima compreensão da plena luz.

Em geral nossa compreensão não é precisa, pois é um processo que ocorre no interior de nossa “mente”: o evento, fenômeno, objeto externo precisa ser traduzido por nosso sistema psíquico, e o resultado dessa tradução é o que chamamos de “compreensão”.

Logo, ela depende de nosso particular acervo de conhecimentos e experiências prévias.

Teríamos condições de entender algo completamente novo, sem qualquer referência ou semelhança com o que já é conhecido?

Vemos tudo envolto pelos véus das definições, conceitos, palavras e da cultura vigente. Por isso podemos brincar com as palavras e dizer que a verdade é sempre “revelada”: re-velada, envolta em novos véus, nunca a vemos “desvelada”, o que significaria ter acesso à compreensão total, completa, da plena luz.

A plena luz é privilégio de poucos, se é que existe hoje alguém que já tenha alcançado esse nível.

Eleutério Nicolau da Conceição
Mestre Maçom (Instalado)
A.·.R.·.L.·.S.·. "Alferes Tiradentes" Nº 20
Florianópolis/SC