MAÇONARIA, MATÉRIA E ESPIRITUALIDADE
Tema complexo de ser tratado, pois o choque entre os dois valores, provocam naturalmente reações das mais diferenciadas e as reações passam a ser entendidas, pelo fato que uma é visível e os seres humanos vivem diariamente com ele.
O outro, invisível, que você por iniciativa própria e com muita sensibilidade tenta encontrá-la, mas, para que isto possa acontecer, você tem que utilizar os veículos, que se bem utilizados, poderão lhe proporcionar a oportunidade e contribuir para que alcance este privilégio e que muitos poucos conseguem alcançar.
Nós homens iniciados nos augustos mistérios da maçonaria, recebemos graciosamente esta maravilhosa e sagrada oportunidade, privilégios de muitos poucos escolhidos entre bilhões de seres humanos que fazem parte deste planeta, ao fazer esta afirmação quero deixar bem claro e transparente, que o privilégio, não lhes dá o direito de passarem adormecidos pelo período de aprendizado e que muitos mestres, responsáveis pelos ensinamentos daqueles que precisam aprender, não poderão manter-se alienados, como se o despertamento e o aprendizado acontecesse sem o
necessário e fundamental trabalho, dos que com seus aventais azuis, possam mostrar o verdadeiro caminho a ser seguido, pelos aprendizes e companheiros.
Lembro-me de uma citação, quando afirmei, “que o mestre diante da prancheta de ensinamentos, nada conseguiu transmitir, pois nada sabia”.
Não podemos esconder esta verdade, pois as inúmeras afirmações que hoje temos tomado conhecimento, como choque de gerações, ou que precisamos mudar a maneira de ensinar os nossos valores, bem comprovam a crise de conhecimento que estamos atravessando, neste momento tão difícil de ser superado.
A maçonaria, através de muitos séculos tem procurado mostrar aos homens o
verdadeiro caminho a ser percorrido, independentemente dos fatos que fazem parte das épocas que estamos vivendo.
Os ajustes que precisam ser feitos, nada tem a ver com o que recebemos e que são tão ricos, que ultrapassam o conhecimento e a sensibilidade dos seus integrantes.
O que precisamos entender, é que as gerações mudam pela evolução material, mas, os ensinamentos que nos conduzem para alcançar o conhecimento e a aplicação dos valores espirituais, são eternos e imutáveis, pois, como mudar se não os conhecemos, nem os aplicamos.
Meus irmãos, a humildade em aceitar que nada sabemos e que somos eternos aprendizes, precisa ser definitivamente absorvida e aceita por todos os iniciados.
A maçonaria, nasceu para transformar os homens e seus comportamentos, lembrem-se que as duas fases, a maçonaria operativa, que teve como missão construir templos, monastérios, para oferecer aos homens da época, a oportunidade de começarem a se identificar, com o que desconheciam, mudando os seus hábitos violentos e agressivos, no momento que aqueles homens começaram a compreender que existiam forças até então desconhecidas, surge a segunda fase, a maçonaria especulativa com a missão de transformar os homens em templos da virtude, dando-lhes a oportunidade de conhecer-se e se aperfeiçoarem, para justificar a sua própria existência.
Este, portanto, representa o grande conflito, porque a massa humana está distante destas verdades e quem teve o privilégio de se integrar a ela, pensa que tudo o que recebeu, serve para si próprio sem distribuí-la com os seus semelhantes.
Meus irmãos, ser verdadeiramente maçom, é trabalhar incansavelmente para fazer com que as transformações se tornem realidade, mesmo com o risco da própria vida, simplesmente, porque esta vida é passageira e a vida eterna está a nossa espera e depois de tanto receber, não podemos chegar lá de mãos vazias.
As dificuldades são imensas, porque os valores materiais fazem parte do nosso dia a dia e são, teoricamente, mais atraentes do que os valores espirituais que estão ocultos, porém vivos e verdadeiros.
Não sei se tenho muito mais a acrescentar, pois, torna-se profundamente difícil de acordar quem está adormecido e se sente mais confortável, manter-se no estado que se encontra, mas como a nossa missão como homens iniciados é despertar e transformar quem necessita dos nossos conhecimentos, e, por esta razão, é que não temos o direito de mantê-los somente para o nosso entendimento de bem viver.
* Wilson Filomeno
Ex Grão-Mestre da Grande Loja de Santa Catarina