Maçonaria: um farol guia em um mundo à deriva

Em uma era de polarização, a Maçonaria oferece um santuário de equilíbrio. Ela ensina que a verdade se encontra através do diálogo, não da imposição, e que a fraternidade se estabelece através da aceitação das diferenças. Sua missão é atuar como uma força silenciosa e estabilizadora — um farol para um mundo que parece ter perdido a bússola.

Numa era marcada pela polarização e pelos conflitos, encontramo-nos, talvez mais do que nunca, perante uma questão essencial: qual o papel da Maçonaria neste mundo que parece ter perdido o rumo?

Nos últimos tempos, testemunhamos conflitos militares, tensões regionais e protestos sociais violentos que abalaram estruturas estatais e dividiram sociedades. Guerras – sejam na Europa, na Ásia ou em outras regiões – trouxeram sofrimento e incerteza.

Paralelamente, ondas de protestos violentos, alimentadas por extremos da esquerda e da direita, dividiram comunidades e ampliaram a discórdia social.

Esses fenômenos, embora diferentes na forma, têm uma coisa essencial em comum: eles expressam uma profunda falta de equilíbrio na vida social, política e moral.

Quando as sociedades sucumbem a extremos, sejam eles políticos ou ideológicos, o caos se instala. Conflitos armados frequentemente refletem um desequilíbrio entre nações, entre interesses e valores. Protestos violentos, por outro lado, revelam a frustração de certas categorias sociais, mas também a incapacidade do diálogo racional de prevalecer.

Neste mundo fragmentado, está se tornando cada vez mais difícil manter um senso comum de verdade, justiça e respeito mútuo.

A Maçonaria, por sua natureza e tradição, é um santuário de equilíbrio. Ela ensina que a verdade é buscada por meio do diálogo, não da imposição, que a justiça requer moderação e que a fraternidade requer a aceitação das diferenças.
Na Loja, homens de diversas origens, opiniões e crenças aprendem a moderar excessos. Esta é uma lição que pode servir de bússola para um mundo marcado pela polarização.

Assim, os valores essenciais da Maçonaria assumem vital importância em tempos de crise social e política:
• Fraternidade não implica uniformidade. Significa apoio e solidariedade, independentemente de filiações, uma arma contra o ódio e a divisão.
• A verdade se torna um compromisso firme de buscar fatos e princípios, não notícias falsas ou manipulação.
• Tolerância é a capacidade de coexistir com uma pluralidade de opiniões e encontrar um consenso. É o antídoto para o fanatismo. O maçom é chamado a ouvir antes de julgar e a buscar a harmonia entre as opiniões, não o triunfo de um único ponto de vista.
• A justiça impõe equidade e respeito aos direitos de todos, mesmo quando as forças da violência tentam anulá-los.

O trabalho social da Maçonaria não exige exposição pública. Ela atua por meio do exemplo pessoal e do compromisso silencioso. Cada maçom é chamado a ser uma "coluna invisível" no templo da sociedade, promovendo a coesão e a compreensão em suas comunidades.

Essa discrição ativa é, paradoxalmente, uma força que pode neutralizar o ruído e a violência dos extremos.
Mas a Maçonaria, como qualquer movimento humano complexo, não está imune a conflitos internos. Diferenças em reconhecimento, regularidade e formas rituais, em certos contextos, criaram divisões entre certas Grandes Lojas.
Essas divisões são um desafio, mas não devem obscurecer uma verdade fundamental: o trabalho maçônico é um trabalho comum, que transcende essas diferenças formais.

Embora a Maçonaria seja plural, isso não significa fragmentação irreconciliável. Pelo contrário, em sua diversidade reside uma fonte de força e vitalidade.

Não nos esqueçamos do essencial: nosso juramento não é a uma instituição específica, mas a ideais universais. Não é um pedaço de papel que faz o Irmão, mas o trabalho, a ética, o espírito.

Se os maçons não se reconhecem para além das diferenças administrativas, como poderiam ser construtores de uma humanidade unida? Se a desconfiança, o orgulho ou a indiferença prevalecem em suas próprias estruturas, como poderiam ser exemplos para o mundo profano, sedento de significado e coerência?

Diante dos conflitos e tensões globais, bem como dos desafios internos, a Maçonaria tem o dever de permanecer um espaço de equilíbrio.

A Maçonaria é chamada não apenas a existir, mas a agir. Não apenas a contemplar símbolos, mas a colocá-los em prática. Não apenas a cultivar um ideal, mas a projetá-lo no mundo.

Mas para que essa ação tenha força, ela deve ser comum. É necessária a unidade entre irmãos, para além de obediências, ritos ou fronteiras. Não uma unidade institucional, mas uma unidade mais profunda: a unidade do espírito maçônico, que se reconhece por atos, por valores compartilhados e por um trabalho discreto, mas essencial.

O mundo nunca precisou tanto de Luz quanto agora. Pessoas que pensam com clareza, sentem profundamente e agem com discernimento. Os maçons podem ser essas pessoas — se estiverem unidos. Unidade não é apenas uma estratégia. É um dever. Um compromisso de consciência. E talvez até, em tempos como estes, uma forma de resistência espiritual.

Todo maçom é chamado a praticar e promover a unidade na diversidade, a trabalhar pela paz e pelo diálogo e a ser um exemplo vivo dos valores que podem curar as fraturas do mundo.

Dessa forma, a Maçonaria continua sendo não apenas uma tradição antiga, mas um farol de esperança e razão em um mundo que precisa urgentemente de equilíbrio.

Gabriel Anghelescu
Esse artigo foi publicado originalmente em https://www.thesquaremagazine.com
e https://revistamalheteonline.blogspot.com/