Nada acontece por acaso

Bertrand Russell (1872-1970) filósofo e matemático inglês, afirmava que: “Não é através do desespero que se vai combater o Desânimo e a falta de Esperança”.

Talvez pareça despretensioso considerar possível fazer-se algo de importante para melhorar a sorte do ser humano. Todavia, pensar assim é iludir-se. Devemos acreditar na possibilidade de contribuir para a criação de um mundo melhor, tendo em vista que uma boa sociedade é fruto somente de bons indivíduos. Assim se todos procurarem agir a fim de criar em torno de si, atitudes de bondade e não de cólera, a prática do bem e não do mal e da violência, do sagrado e não do profano, da justiça e não da injustiça, da soma destas ações com certeza, surgirá um mundo bom.

Os pais que educam seus filhos de maneira que eles sejam bem orientados, tanto na parte educacional como espiritual, moral e material, certamente estão contribuindo com suas “quotas” para a instituição de um Mundo feliz. Todo aquele que resiste às tentações de intolerância ajuda a instituir uma sociedade em que grupos diferentes poderão viver lado a lado em mútuo respeito e amizade.

Um homem pouco pode fazer contra os grandes males, mas os grandes males nascem da soma de males menores, do mesmo modo que o bem nasce do somatório de pequenos atos bons. Dir-se-á, porém: Que pode o homem contra o mundo? E aí se pode afirmar que se o homem for perverso, certamente concorrerá para o mal. O bem e o mal, por grandes que sejam, brotam dos esforços individuais, não somente de pessoas altamente situadas, mas de todos os seres que compõem a sociedade.

Na história do Mundo nunca foram tão necessárias e importantes como hoje, a consciência da personalidade e a independência do pensamento em cada ser humano. Cada um de nós precisa fazer um esforço sério e decisivo para alcançar alguma coisa melhor do que o presente. Deve haver esperança num mundo de menos iniquidade e sofrimento, e vontade firme de fazer tudo o que seja possível para criá-lo. Não podemos combater as imensas forças dinâmicas do fanatismo, sem qualquer coisa de igualmente dinâmica, e pelo menos, de tão resoluto.

Podemos enfrentar a injustiça, o preconceito, a mentira, a crueldade. Mas não nos cabe prosseguir cheios de benevolência com tudo isso. Nossa emoção deve nos conduzir a um trabalho que é de algum modo ligado a criação de um mundo melhor, ainda que indiretamente. É sabido que o nosso planeta terráqueo não é de perfeição, mas sim de prova e expiação, não obstante, se quisermos conservar o equilíbrio das nossas almas em épocas de tormenta, mister se faz lembrarmo-nos sempre do que é bom e do que é mau no mundo e conseguir separar o “joio” do “trigo”. O único meio adequado de suportarmos os grandes males é termos grandes consolações.

Se há algum modo de combater o desespero, ele reside certamente em recordar mais e não menos coisas; em ampliar, e não em estreitar nosso horizonte; em saber sempre mais o que é bom, em não ver só o que é mau. A raça humana é uma estranha mistura do divino e do diabólico, isto porque, dentre tudo o que recebemos do GADU que é DEUS, duas coisas se tornaram mais importantes para nós: A primeira foi a concessão da Vida, e a segunda, a prática do Livre Arbítrio no exercício da vida por nós recebida. O completo desespero é tão absurdo quanto o cego otimismo.

Não há somente maldade e sofrimento. Há também poesia, música, amor e sonho, os quais se elevam triunfantes sobre a dor, mostrando como o homem pode ser uma esplêndida criatura, e inspirando a vida dentro do que é nobre, com o desprezo do que é mesquinho e vil. Há sublimes realizações da inteligência humana; daí termos aprendido o que sabemos da natureza, e podermos contemplar o Universo imenso e sem fim, ante o qual as vicissitudes do presente pouco valem.

Em muitos milhões de seres humanos, há coragem e resignação, como também, existe grande heroísmo em inumeráveis lares humildes espalhados sobre a terra. Há também altruísmo em servir a humanidade. Pensemos nos médicos e nos enfermeiros que se expõem a contaminação em perigosas epidemias; nos cientistas que arriscam a vida em experiências para poupar o sofrimento a outrem; nos bombeiros e nas tripulações de botes e salva-vidas, nos diversos salvamentos temerários; no destemor de enfrentar a impopularidade em benefício de uma causa; e em inúmeras outras formas de bravura.

Sempre houve na história da humanidade, bons e maus períodos, porém nenhum de longa duração, isto porque como bem preceitua o dito popular: “NÃO HÁ BEM QUE SEMPRE DURE, NEM MAL QUE NUNCA TERMINE”. É realmente desventura nossa viver numa fase má. Não obstante, ela há de acabar, e terminará tanto mais cedo, quanto mais cada um de nós mantiver viva a esperança. O homem acossado pelo desanimo e a esperança deve se lembrar que o mundo é como o fazemos, e, cada um de nós contribui um pouco para sua conduta. Esta ideia torna possível a esperança; e com essa esperança, a vida, ainda que dolorosa, terá sempre sua razão de ser, isto porque, “NADA ACONTECE POR ACASO”.

* José Anselmo Cícero de Sá

Loja "Estrela da Distinção Maçônica Brasil" Nº 953 - GOB/GOERJ

Fonte: Informativo JBNEWS Nº 1.969