O estudo: a base de um bom Maçom

 

De imediato podemos afirmar que, somente pelos estudos pode o homem comum chegar a ser um excelente Maçom. O Maçom não é mais do que a educação que se faz dele. Se existe algo realmente necessário nos dias de hoje na Maçonaria, e não tem nenhuma dúvida que sempre tenha sido elemental para o Maçom, são os estudos.

 

Os maçons depois de tudo é estudando que descobrimos quem somos (“Nosce te ipsum”), entendemos muito mais do mundo que nos rodeia, nos capacitamos para o trabalho maçônico e também é a maneira pela qual expressamos ou aprendemos a expressar nossas ideias.

 

Esforçar-se nos estudos, então, é algo muito importante, e não somente para os maçons eruditos ou de tendências intelectuais, mas para todos sem distinção alguma. Estudar compreende nosso pensamento, nosso tempo, nosso corpo, nosso trabalho e os Irmãos com os quais convivemos e dividimos tudo.

 

Não é somente interessante e se pode dizer que em realidade é necessário se perguntar: Por quê existem tantos maçons que problemas com os estudos? Por quê tantos maçons estão ansiosos por terminar de memorizar (porque na realidade não analisam) as perguntas do ritual para o telhamento e depois nem sequer dão uma olhada nesses mesmos rituais e menos ainda, nenhum livro de filosofia, arte ou ciências?

 

As respostas para estas perguntas nos mostram um caminho com ensinamentos muito importantes. Se pensamos mais ao respeito e todos os maçons descobrimos o que é valioso estudar para um maçom e estaremos mais próximos ao aperfeiçoamento pessoal necessário para poder ser obreiro útil na obra a qual a Maçonaria nos chamou. Do contrário seguiremos sendo pedras sem nenhum valor para a construção que temos que levantar, seguiremos sendo potencialmente valioso, mas nunca verdadeiramente valiosos e menos ainda úteis na verdade à humanidade. 

 

Se começarmos a indagar a razão mais importante pela qual o estudo tem sido tão difícil para alguns maçons, descobrimos que se deveu ao fato de que no mundo profano misturaram em nossa mente estudo e obrigação desagradável. Não vemos o prazer relacionado ao ato de estudar. 

 

Desde cedo, quando éramos crianças nos inculcaram que o estudo é coisa séria, que se necessita muita concentração, esforço, persistência, e que nunca, mas nunca, estudo é sinônimo de algo agradável, útil e interessante. A Maçonaria nos demonstra o contrário. Busca eliminar este prejuízo profano da mente dos maçons e manifesta o prazer valioso de estudar tudo o que nos rodeia, o que vemos e que não vemos, o grande e o pequeno, o exotérico e o esotérico. De que outra forma se  pode buscar a verdade? Os maçons podemos ter certeza de que devido ao acaso a verdade não virá sozinha por si mesma para bater na porta de nossa casa enquanto estamos vadiando na frente da televisão ou mergulhando no vício da preguiça intelectual.

 

Algumas coisas nos podem ajudar, na prática,  a superamos cada vez mais na virtude do estudo. Não existem fórmulas mágicas para isto. São guias que podem ajudar muito. Mas é necessário ter a vontade de usá-las e não desistir em aplicar cada uma delas até que se transformem em hábito. Quando um maçom cria um hábito, o deve fazer com naturalidade, sem nenhum esforço. Por isso, quando o maçom transforma o estudo em hábito (um bom hábito), será muito natural em seu dia a dia, e muito mais que isso, vai a ser prazeroso.

 

Por isso mesmo, não deve desistir. O maçom estuda porque é necessário, mas também estuda porque é prazeroso, porque é a chave do crescimento maçônico, porque foi criado pelo Grande Arquiteto do Universo com o dom especial da inteligência.

 

Há tantas maneiras de aprender a estudar para o maçom como maçons existem no mundo, mas um muito útil para a maioria pode ser composto das seguintes 7 etapas:

1) Troque a visão do estudo. Não é possível para o maçom ver o estudo como se fosse um castigo, deve-se ver isto muito além. O maçom pensa positivo, considera as coisas boas que traz um bom estudo. Busca romper as visões equivocadas às que foi treinado no mundo profano, como aquelas que já falamos. O maçom diferente do profano pode escolher.

 

2) Estabeleça horários. Não esqueça a régua de 24 polegadas. Já que é necessário estudar, estabeleça o horário em que deve estudar todos os dias (aparte da loja, a família e o trabalho profano habitual).

Verifique também quanto tempo vai se dedicar a estudar. Se ele termina com sua recreação, ocupa o espaço de sua esposa ou namorada, o tempo que dedica a seus Irmãos e à família, então começará a ser indesejável. Escolha quanto tempo vai estudar de forma equilibrada e se esforce em cumprir sua agenda.

Estude a Bíblia, os rituais, livros interessantes, documentos… A cultura nunca é demais.

 

3) Melhore sua memória. Se tens capacidade de guardar por mais tempo na mente tudo o que lês e aprendes, seria muito proveitoso a hora de usar bem as informações quando for necessário. Estudar também significa melhorar a memória e desenvolver com qualidade.

Existem inumeráveis técnicas de memorização. Busca uma que se adapte a seu estilo.

 

4) Ensine. Não por acaso ao terceiro grau que lhe deram o título de Mestre. Aquilo que se faz, fica registrado com maior nitidez na mente, que aquilo que simplesmente se escuta, escreve ou se diz por aí. A melhor maneira de aprender é ensinar. Comece com algum irmão que necessite aprender algo que já sabes. Ensina, explica, exemplifica. Ficará admirado ao ver como isso fará que sua mente se expanda.

 

5) Cuide a saúde. Como é o caso em outras atividades, no estudo também há uma íntima conexão entre a produção e o estado de teu corpo.

Sem saúde, sem boa disposição, a ninguém vai bem nos estudos, nem na Maçonaria. Cuide-se, alimente-se bem, durma regularmente, realize exercícios físicos. Um maçom deve cuidar de sua saúde, comer saudável, exercitar-se e não perder-se em vícios e noites inúteis. 

 

6) Pratique. Se só estuda, estuda, estuda e nunca usa o que aprendeu, muito breve esta rotina será muito cansativa e não será agradável.

Recorde que o estudo não deve ser um fim em si mesmo. Busque oportunidades para empregar o conteúdo. Seja na Loja, ensinando a outros, ou no mundo profano, aplicando o que aprendeu na Maçonaria. 

Pratique em casa para desenvolver projetos, pratique com seus Irmãos para melhorar as relações fraternais.

 

7) Avance. O estudo para gerar prazer sempre deve trazer novidades. Aprender para o maçom é algo que não tem fim. Não fique estagnado, apenas estudando e revendo o habitual, os mesmos rituais, os mesmos livros na casa ou o mesmo documentário na televisão. Descubra novos assuntos e sinta novamente o gosto dos descobrimentos. Isso é superação e o maçom sempre busca a superação.

 

Depois de colocar em prática estes passos para melhorar o estudo, quero esclarecer uma outra ordem de ideias que antes de tudo, devemos evitar uma tentação.

A tentação comum de colocar a culpa nas novas gerações (como se os maçons de hoje fossem diferentes dos de antes) ou a uma suposta “fratura entre gerações”, que é mais um efeito do que uma causa do problema.

 

Nenhum maçom pode negar que seja necessário o esforço para estudar e aprender mas o que devemos fazer é juntar prazer e satisfação. Uma das maneiras de encontrar o atrativo do estudo na Maçonaria é justamente considerá-la em seu conjunto, compreender que se prologam na busca de um objetivo do ideal de maçom e de humanidade.

 

A filosofia não detém a princípios do século XX como na maioria dos livros nos fazer crer, a história continua depois da II Guerra Mundial, a física tem que ver com os descobrimentos científicos recentes. Os conhecimentos afundam suas raízes na realidade e não cessam de desenvolver-se, independente da história básica da escola primária.

  

Advertir isto já é um aprendizagem no maçom. Estas linhas que esta lendo neste momento são também um aprendizado. Considerar-se como uma espécie de investigador da verdade ajudará ao maçom. Mas, ao igual que o científico, não pode esperar se sentir entusiasmado a todo momento. 

 

O astrofísico não se dirige todos os dias ao trabalho dizendo-se: “Hoje vou resolver o enigma do universo”. Não. Também ele sofre da rotina, como todo mundo. Mas o essencial é não perder o sentido maçônico do que se faz, cultivar as primeiras motivações e saber que existe também um verdadeiro prazer de aprender, uma verdadeira satisfação estética. 

 

Por isso siga em frente, para cima na Maçonaria. Tudo o que necessita é estudar.

 

Extraído do livro: “Masonería una filosofía de vida” de J. M. Berredo Mandziul.

 

 

Tradução livre feita por: Juarez de Oliveira Castro.