O Fortalecimento da Maçonaria

 

Sobre esta importantíssima matéria – a Origem da Maçonaria – muito se tem falado e escrito, porém, nem sempre condizente com o espírito cosmopolita da Organização que, por ser dinâmico e não estático, transcende as limitações da História e da Geografia.

 

Considera-se que a Maçonaria é uma organização possuidora de um segredo. Mas os autores modernos preferem salientar que não se trata de uma associação secreta, mas discreta, embora disponha de Cerimônias e Ritos Esotéricos que poderiam compará-la às antigas sociedades de mistérios. A Maçonaria é, portanto, uma Fraternidade, em princípio só acessível ao sexo masculino e cujos adeptos se identificam por alguns comportamentos que, para os profanos, podem parecer enigmáticos.

 

A Maçonaria não representa nem uma Religião, nem qualquer sistema filosófico, sendo compatível com todos os credos ou com qualquer doutrina espiritual. Ela é, portanto, Universal.

 

As origens reais da Maçonaria se perdem nas brumas da Antiguidade, sendo inúmeras as hipóteses que procuram explicar o seu nascimento. Uma delas a faz proceder das confrarias inglesas de pedreiros da Idade Média, das quais herdaram hábitos, apetrechos, vocabulários, além do tradicional esquadro e compasso. Essa hipótese parece ser a mais aceita, principalmente, pelos autores brasileiros da Escola Autêntica da Maçonaria, como José Castellani, Theobaldo Varolli Filho, Francisco de Assis Carvalho, Nicola Aslan, Kurt Prober e Frederico Guilherme Costa.

 

A hierarquia estabelece três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre, herança sem dúvida, das corporações medievais. A célula maçônica básica é a Loja. Um grupo delas constitui uma Obediência, Grande Loja ou Grande Oriente sob a direção de um Grão-Mestre que, no Grande Oriente do Brasil tem o tratamento de Soberano.

 

Os Ritos Maçônicos são extremamente diferenciados, o que acontece também com a própria organização da Maçonaria. O modelo, entretanto, parece ser a Grande Loja de Londres, surgida em 1717 e que, seis anos depois, promulgou um código – as chamadas Constituições de Anderson (do nome de seu redator) – adotado universalmente por todas as Lojas Maçônicas. A Grande Loja de Londres, considerada a 1ª. Obediência Maçônica Regular do Mundo fundiu-se em 1813 com a Grande Loja dos Antigos Franco-Maçons da Inglaterra (Antigos de York que aderiram ao sistema obediencial em 1751) dando origem a Grande Loja Unida da Inglaterra.

 

Na medida em que os conhecimentos científicos e históricos progrediam no mundo profano, esses métodos foram, gradativamente, sendo aplicados no estudo da Maçonaria, de sorte que, atualmente, existe um vasto acervo de informações positivamente exatas sobre nossa Ordem.

 

Em conseqüência disso, já existem quatro principais escolas agrupadas segundo suas relações de conhecimentos: a Autêntica, a Antropológica, a Mística e a Oculta.

 

A Escola Autêntica empreendeu uma enorme soma de pesquisas nas Atas das Lojas e em documentos de toda espécie, tratando do Passado e do Presente da Maçonaria;

 

A Escola Antropológica tem reunido um vasto cabedal de informações sobre costumes religiosos de povos antigos e modernos, encontrando ali muitos vestígios de nossos símbolos;

 

A Escola Mística encara os Mistérios da Ordem de um outro ponto de vista, vendo neles um plano para o despertar espiritual do homem e seu desenvolvimento interno;

 

A Escola Oculta é um tipo de estudo e conhecimento do lado interno da Natureza por meio dos poderes existentes em todos os homens. O objetivo ocultista, não menos que o místico, é a unidade consciente com Deus, porém diferem seus métodos de busca.

 

 

No Brasil, a Maçonaria teve destacada atuação nos movimentos políticos a partir do fim do século XVIII, sobretudo as Lojas do Grande Oriente do Brasil e do qual o Imperador D. Pedro I foi membro e o segundo Grão-Mestre Geral da Ordem. Dele também fizeram parte Joaquim Gonçalves Ledo e José Bonifácio, sendo este último, o 1º. Grão-Mestre do Grande Oriente e que seria o que hoje chamamos de Patriarca da Independência.

 

As idéias de Liberdade e Democracia já faziam parte do Pensamento Maçônico daquela época. Grandes feitos históricos foram realizados com a ajuda dos Maçons:

 

- A Inconfidência Mineira foi calcada em nossos princípios;

- A Independência, a Abolição e o Ideal Republicano tiveram as Lojas Maçônicas

   em sua linha de frente.

 

Os Maçons assumem o Poder, não havendo qualquer exagero quando afirmamos que o Primeiro Presidente da República e todos os seus Ministros pertenciam à Ordem.

Como fato, implantada a República, o Marechal Deodoro da Fonseca (Grão-Mestre do GOB de 24/mar/1890 a 09/fev/1892) assumiria o Poder como Chefe do Governo Provisório, com um Ministério totalmente constituído por Maçons: Quintino Bocayuva (Grão-Mestre do GOB de 24/jun/1901 a 23/mai/1904), na Pasta das Relações Exteriores; Aristides Lobo, na do Interior; Benjamin Constant, na da Guerra; Rui Barbosa, na da Fazenda; Campos Salles (futuro Presidente da República), na da Justiça; Eduardo Wandenkolk, na da Marinha; e Demétrio Ribeiro, na da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Esses homens foram escolhidos pelo fato de representarem – com exceção de Rui Barbosa, que era chamado de “republicano do dia 16 de novembro” – a nata dos “republicanos históricos”, que, por feliz coincidência, pertencia ao Grande Oriente do Brasil.

 

 

A 19 de dezembro de 1889, pouco mais de um mês após a implantação da República, que se deu a 15 de novembro do mesmo ano, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, sendo Presidente do Governo Provisório, era eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, numa época em que a Maçonaria abrigava os melhores homens do País e a elite intelectual da Nação.

 

Até as duas primeiras décadas do século XX os Maçons ainda tiveram grande influência. Com a Revolução de 30, a influência da Maçonaria Brasileira teve ligeiro declíneo nos altos cargos da Nação.

 

Já no processo de redemocratização, em 1945, havia muitos Maçons engajados, mas não há mais Maçonaria como um todo.

 

Hoje,  muitos Irmãos, por seus próprios méritos, ocupam relevantes cargos públicos e lá estão sem o apoio formal da Maçonaria, quando muito contam com a ajuda pessoal de Obreiros de suas respectivas Oficinas. Mas, toda regra tem exceção. Nas eleições de outubro de 2006, houve uma sensível mudança no posicionamento da Ordem. Muitos Maçons foram eleitos com o apoio das Obediências Maçônicas Estaduais e do Grande Oriente do Brasil, em particular.

A Ordem Maçônica se apresentou ao pleito com as candidaturas de diversos Irmãos, por distintos partidos políticos. Significativos foram os resultados apresentados, elegendo, por exemplo, os Governadores do Distrito Federal e do Estado de Goiás, o Engenheiro Irmão José Roberto Arruda e o Médico Irmão Alcides Rodrigues Filho, respectivamente, e que contaram com o apoio irrestrito das Lojas e, conseqüentemente, dos Maçons de suas bases eleitorais. Graças ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, o número desses Irmãos tem crescido novamente.

 

Como no passado, devemos volver nossos olhos no sentido de que tenhamos representantes em todos os seguimentos da Sociedade e em todos os poderes constituídos. Todo Maçom é um líder, ou deveria sê-lo, devendo cumprir bem o seu dever no presente, principalmente, pensando em melhorar o futuro de nossa Ordem.

 

O futuro da Maçonaria está em conseguir chegar até a Juventude e oferecer a ela uma doutrina calcada em ideais progressistas, solidários e espirituais, construindo o futuro com base nos alicerces de nossa Tradição – o que de melhor a Humanidade já conquistou – e expondo um ideal maçônico contemporâneo, de acordo com a realidade atual e futura do Povo Brasileiro.

 

Finalizando, lembramos que somos no presente os portadores do Ideal Maçônico e legar aos nossos sucessores uma Ordem mais Sublime e mais Coesa, só dependerá de nosso trabalho e habilidade para que transformemos os anseios da Comunidade em fulgurante realidade, modernizando a Ordem, sem prejuízo das Tradições herdadas de nossos antepassados.

 

Que o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO nos auxilie neste empreendimento. É a nossa aspiração na qual empenhamos toda a nossa capacidade de realização.

 

POR UMA MAÇONARIA FORTE!

 

 Lucas Francisco Galdeano

 

 ARLS∴ "Universitária Verdade e Evolução" Nº 3.492 - Rito Moderno

 

 

 

 

FONTES CONSULTADAS

 

1. ANGEBERT, Jean- Michel. O Livro da Tradição. São Paulo/Rio, DIFEL, 1976.

 

2. AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. “MAÇONARIA” – verbete “Dicionário de Nomes, Termos e Conceitos Históricos”, páginas 251 e 252. Editora Nova Fronteira, 1990.

 

3. CASTELLANI, José. HISTÓRIA DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – A Maçonaria na História do Brasil, páginas 165 a 167. Brasília (DF), Gráfica e editora do GRANDE ORIENTE DO BRASIL, 1993.

 

4. FIGUEIREDO, Antônio Gervásio de. Dicionário de Maçonaria, seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia e sua História, São Paulo, Editora Pensamento, 1997.

 

5. GUÉNON, René. A Grande Tríade. São Paulo, Editora Pensamento, 1989.

 

6. GUÉNON, René. Os Símbolos da Ciência Sagrada. São Paulo, Editora Pensamento, 1993.

 

7. LEADBEATER, C. W. A Vida Oculta na Maçonaria. São Paulo, Editora Pensamento, 1964.

 

8. MARIEL, Pierre. As Sociedades Secretas Governam o Mundo. Lisboa, Livraria Bertrand, 1981.

 

9. MELLOR, Alec. Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons. São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1989.

 

10. SCHLESINGER, Hugo. Dicionário Enciclopédico das Religiões, Petrópolis, Editora Vozes, 1995.

 

11. WAITE, Arthur Edward. As Ciências Ocultas – Compêndio de Doutrina e Experimentação Transcendental, Ediouro, 1985.

 

12. Sítio do Grande Oriente do Brasil na Internet,

Endereço: https://prumo.gob.org.br/museu/hexposicao.aspx

 

 

Fonte: https://www.freemasons-freemasonry.com/