O medo e a culpa decorrem de nossa mente contingente ou reativa que acredita

O medo e a culpa decorrem de nossa mente contingente, ou aprisionada, que se acredita ou concebe como parte, fragmento e irremediavelmente separada, onde de a mesma maneira se identifica como forma definida. Ao considerar tal forma como perecível busca então afastá-la de todas as ameaças. 

Nossa consciência aprisionada nos labirintos da latência se percebe assim como mente reativa e se defende de tudo e de todos sem se aperceber que sua essência está justamente na integração sinérgica com tudo e com todos. 

Neste processo defensivo ou de sobrevivência opta sempre pelo controle das situações externas, de modo que tudo possa convergir para a proteção de sua forma extinguível.
Como percebe em si uma complexidade organizada, e como apreende no mundo a existência de um modo operativo aparente, naturalmente busca absorver as regras no intuito de dominar o jogo e sair então vitorioso. 

Sem atinar o porquê, percebemos que podemos criar dentro de nós mesmos um espelho, ou se preferir simulador do mundo exterior. Gradativamente construímos parte a parte deste espelho com as experiências que acumulamos neste jogo de erros e acertos. 

Porém tal espelho desafia as regras físicas e esconde segredos. Tal espelho de fato se mostrará no futuro um portal. No entanto, como nossa mente aprisionada é reativa, não consegue de princípio perceber algo além de uma simulação. 

Não obstante continuamos a confeccionar tal espelho, pois é imperativo que sobrevivamos. Colamos e recolamos os fragmentos que teimam sempre em se misturar como um grande quebra cabeças. Porém por mais que a lógica nos ajude, muitas vezes os pedaços parecem inadequados uns aos outros. Por mais que tentemos sempre encontraremos entraves que nos 

remetem ao sofrimento. Muitas vezes somos levados a crer que não existe afinal um sentido ou uma ordem. Onde então o desacerto? 

O problema de difícil solução está justamente no modo reativo da mente, e de sua percepção enganosa de separação. Dentro desta perspectiva sempre estarão presentes elementos sabotadores do sucesso. Tais como o medo, a raiva, a culpa. São elementos decorrentes de uma distorção. 

Toda vez que cometemos um engano e sofremos, a mente reativa enganosamente volta a situação posicionando-se perante seu espelho simulador como parte isolada, ou seja, como fragmento, e a partir deste posicionamento, ou referencia enganosa, busca onde se equivocou; porém o equivoco está justamente neste posicionamento vicioso da mente. O ambiente criado pela mente para rever as atitudes está corrompido e naturalmente desvirtuado, mesmo estilhaçando. Tal percepção defeituosa embaça o espelho com o medo da descontinuidade, em um ciclo vicioso que nunca acabaria se a mente não buscasse uma concepção mais dilatada de si mesma. Não mais como parte ou fragmento, mas como um todo constituído e não isolado. Não mais como faceta, mas como diamante integralizado; não mais como colapso ou partícula, mas como onda não colapsada. Não mais como um ser egoísta, mas herdeiro de um eu maior. 

A mente enganada de sua realidade se coloca a parte da própria existência, permitindo-se o esvaziar e a angustia. Busca sempre pelo futuro que nunca se realiza, pois que a verdadeira realização é o sentir pleno do presente quando deixamos de ser reativos e passamos a integrar o todo. Seremos continentes vivos. Não mais a ansiosa busca por antecipar o que irá acontecer, mas seremos o ato em si. 

A mente reativa seria um estado equivocado e prisioneiro da consciência que se coloca em um labirinto perdendo a percepção da própria essência maior. 

Percebemos muitas vezes que tal mente prisioneira está relacionada ao mundo das latências e dos fragmentos, um mundo que tentamos encadear embora de forma linear com a razão. Tal é muito importante, pois que vivemos neste universo fragmentado, sendo a razão uma tentativa de coerência dentro de um mundo labirinto. A lógica pura, no entanto está sempre presa a linha que traça. 

A intuição, no entanto quando bem dirigida nos ajuda a retomar o estado amplo da consciência, uma mente ativa e não reativa onde não mais nos sentimos constantemente desprovidos, temerosos ou culpados. 

Ao colar os fragmentos com a cola da intuição estaremos dando ao espelho a amplitude e profundidade que farão dele um verdadeiro portal não apenas para o entendimento de nossa realidade como de tudo o que está em symanecina. 

Dentro do labirinto fragmentado, o ser busca adivinhar os acontecimentos, criando dentro de si um espelho fantasioso que busca recriar a realidade fazendo projeções probabilísticas do que poderá acontecer. Porém sempre contaminada com medos, ou com a ansiedade do devir, gerando desta forma ilusões e enganos não condizentes com a realidade. 

A capacidade de fantasiar é fundamental, pois que será portal para o desenvolvimento da plena intuição com a única diferença que não mais o espelho distorcido pela mente reativa, temerosa e ansiosa, mas pela mente ativa e plena, onde se tornará espelho cristalino e fidedigno da existência. 

Para abrirmos os espaços mais amplos onde nossa mente poderá atingir sua plenitude potencial, temos que ativar nossas possibilidades latentes, exercitando a vontade nesta direção. Tornar-nos-emos íntegros e dinâmicos e cheios de possibilidades em plena sinergia. Assim atingiremos um estado de plena simetria com O grande Possibilitador. Seremos plenamente iluminados e abastecidos com sua luz. 

Não se trata de apenas de reeducar a mente, mas aprender a pairar acima dos labirintos do mundo de fragmentos. Exercitar as asas que nos permitirão o elevar-se a um estado onde poderemos nos sentir plenos. 

Não apenas domar a fera, pois que a fera sempre estará no mundo dos fragmentos, mas deixar de ocupar tal escafandro. 

Desenvolver os atributos que nos permitam sustentar as colunas de um novo espaço amplo e profundo, para que não colapsemos novamente na contingencia ilusória e temerária.
Os labirintos poderão continuar a existir, mas estaremos acima deles. Tais labirintos não mais serão sentidos como labirintos por nossas consciências dilatadas. 

Desenvolver as possibilidades, ativando as simetrias adequadas nos permitirá erigir colunas sólidas a permitir a resiliência dos espaços maiores alcançados.
Não mais estaremos perdidos em um mar de fragmentos torturados pelas probabilidades caóticas, embora ilusórias, que nos rodeiam e ameaçam esmagar. Ao contrário seremos integralizados e todas as possibilidades em sinergia criarão o espaço de nossa vibração existencial. 

Integralizar demanda exercício direcionado da vontade, demanda esforço disciplinado na busca pela virtude almejada. Tais virtudes nos permitirão manter ativo o elevador da intuição. O pairar ativo acima da ilusão. O foco que devemos ter.
Muitos avatares nos trouxeram iluminação para alcançarmos o êxito da realização. 

Mestres nos trouxeram o amor como elemento maior a ser alcançado para a felicidade. Amor representa sinergia harmoniosa e ampla. Integralização eficiente e equilibrada com tudo e com o todo. 

Mestres nos trouxeram caminhos práticos para desenvolver a musculatura que nos permita alcançar os planos de consciência superior. 

Nossa existência graças a tais avatares pôde seguir adiante. Assim pudemos ter acesso ao conhecimento de um sentido maior que é continente do jogo reativo de ações e reações. Pudemos alcançar a percepção da matriz de possibilidades como um todo e não apenas perambular por linhas confusas dentro dela. 

Nossas interações deixarão de ser egoístas para serem altruístas, pois que somos apenas se em sinergia com o todo e com nosso semelhante estivermos.
Tais mestres permitiram que alcançando planos maiores redimensionássemos os acontecimentos, pois que a partir do topo da montanha seria possível uma real percepção de importância de todos os acontecimentos de nossas vidas. 

Muitos, no entanto nos tempos atuais desconsideram a existência destes planos maiores que podemos acessar, e como reducionistas afirmam que devemos nos ater e reter pelo plano de fragmentos em que estamos. Negam uma essência divina e endeusam a matéria. Tal concepção reducionista não permite aos seres que consigam entender sua essencial ligação,  ligação esta que permite a relação verdadeira e íntima com o sentido maior que nos envolve e sustenta, e que nos alenta os sentimentos e pensamentos. Tal concepção reducionista e materialista nos impede de respirar o ar fresco da razão maior de nossas vidas que é justamente o amor. 

Tal visão não procede nem na lógica em que diz apoiar-se, pois que a lógica só vê da borda para o centro, nunca podendo dizer o que está além. Ainda mais em um mundo como o nosso onde a cada dia nos surpreendemos mais com tantos horizontes novos descortinados. 

Tal visão materialista é, ao meu entender, acomodada e cega, talvez movida pela vaidade ou pelo orgulho e apenas realça o pseudoheroísmo do ego. 

Nossa essência é a integralização com nossos irmãos de caminhada. A intimidade com o sentido maior que nos vivifica a existência. A integralização com O Grande Possibilitador que dá a razão de ser, sentir e pensar de nossas vidas. Ele que dá a densidade de sentido para que nossas vibrações ganhem sons e cores. 

Ao sinergizarmos com nossos semelhantes, a intimidade com eles nos permite o ampliar do horizonte da própria existência. Nosso vibrar se amplifica e aprofunda. Dilatamos gradativamente o sentido que temos em essência, em herança. 

A consciência atenta constantemente da realidade maior. Um estado de gratidão mantida pelo fruir harmônico e equilibrado da existência. 

Aprender a resignar-se ante a dificuldade, suportando as adversidades do mundo de fragmentação e exercitando as colunas de virtude que abrirão as portas ao nosso eu verdadeiro. A resignação ativa nos permite o desenvolver das habilidades necessárias ao pleno e verdadeiro fluir. 

Não conformação ou acomodação, mas aprender a suportar a dor do crescimento, que desvenda um mundo virtuoso e cheio de prosperidades.
O sofrimento revela a virtude faltante a ser trabalhada, musculatura a ser trabalhada, virtude esta que quando edificada nos permitirá a felicidade verdadeira. 

O mundo das aparências é ilusório, sendo, no entanto escola a revelar nossas verdadeiras necessidades de crescimento.
Deixar o estreito da mente inquieta e adentrar aos amplos espaços de uma consciência maior, vivendo de forma autentica a existência. Sem medos, mas cheio de harmonia e paz. 

Luis Felipe Tavares 

Fonte: JBNews - Nº 1.003