O medo
Existem afirmativas que nos obriga a pensar de forma diferente da cotidiana.
Uma das mais instigantes é a que diz que: o contrário do amor não é o ódio, mas o medo.
Fiquei muito tempo apreciando esta possibilidade de vê o medo como o grande opositor. Voltei meu olhar para a infância é vi como Deus me foi apresentado. Era um ser que transcendia a compreensão, cujo nome era impronunciável. A ele se fazia referencia apenas por títulos: Senhor, Grande Arquiteto do Universo,...
Naquela época eu era forçado a "amar" a Deus sob todas as coisas por temor. Se não o fizesse seria punido nesta e na outra vida após esta.
Adorar ao Senhor, era a regra. Com o tempo passando foram outras exigências se impondo e as obrigações de adoração, dentre elas cito rezar todas as noites e ir à missa no final de semana, foram sendo relaxadas.
Com o tempo passando fui assumindo uma posição agnóstica e depois abertamente de um descrente. Não que os temores infantis houvessem sido superados, mas pela urgência em travar outras batalhas cotidianas.
Finalmente chegou o tempo no qual Deus não me trazia medo. Então, comecei a compreendê-lo como aquele a quem Jesus chama de Pai. Uma presença amorosa. Que pode ser sentida como uma voz que nos fala vindo do interior.
Uma presença que testemunha que embora sejamos hoje filhos da Árvore do Conhecimento; somos, na origem, filhos da Árvore da Vida.
Deus como uma presença que nos convida ao discernimento diante das opções que se apresentam quando estamos a caminho. O caminho do amor é pela via da perda gradativa do medo. Daí a razão do chamamento a amar o inimigo.
O medo também se apresenta como o grande opositor ao desejo. Quantas vezes desistirmos de um sonho, de um desejo, diante do medo do desconhecido?
Não seria o medo de acolher o outro, o estranho, a razão de tantas guerras?
Não só das guerras exteriores, mas principalmente das interiores? Não seria o medo de não ser acolhido pelo outro a razão de tantas invasões?
Um dia de Sol para todos nós.
Hiran de Melo
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