O Nobilíssimo Papel de uma Academia Maçônica de Letras!

O termo “Academia” remonta à escola fundada pelo célebre grego Platão, discípulo de Sócrates, recebendo esse nome por ter instalado sua sede nos jardins, que teria pertencido ao herói grego “Akademus”. Uma Academia de Letras é uma instituição de cunho literário e linguístico, que reúne uma quantidade limitada de membros efetivos, numa tradição iniciada desde o século XVII, com a Academia francesa, fundada por Richelieu, em 1635, sob o reinado de Luís XIII, da França. Tal tradição chegou as terras brasileiras, ainda, na época do Brasil Colônia, com a Academia Brasílica dos Esquecidos, em 1724, que tinha como objetivo reunir os eruditos da época, a fim de registrar a história da conquista das terras brasileiras pela Coroa Portuguesa. Em matéria anteriormente publicada, detalhamos que tais centros literários serviram para congregar irmãos Maçons, iniciados na Europa, sob a influência do Iluminismo, e organizarem a emancipação de nosso país, que se consumou, em 1822, com a forte influência maçônica, na proclamação da Independência do Brasil.

Mais tarde, no fim do século XIX, Afonso Celso Júnior, ainda no Império, e Medeiros de Albuquerque, já na República, manifestaramse a favor da criação de uma academia literária nacional, nos moldes da Academia Francesa. O êxito social e cultural da Revista Brasileira, de José Veríssimo, daria coesão a um grupo de escritores e, assim, possibilidade à ideia. Lúcio de Mendonça teve, então, a iniciativa de propor uma Academia de Letras, sob a égide do Estado, que, à última hora, escusar-se-ia a tal aventura de letrados. Constituiu-se, então, em 20 de julho de 1897, como instituição privada independente, a Academia Brasileira de Letras, cujo objetivo é o cultivo da língua e da literatura nacionais. Uma Academia é muito mais do que um prédio onde se reúne pessoas. É uma sacrossanta “Casa”, onde se congrega os pensamentos dos maiores expoentes da cultura de uma sociedade que, inspirados por seus ilustres patronos e intuídos pelo Grande Arquiteto do Universo cria, ao longo de sua história, um egrégora poderosíssimo e suas influências interagem, positivamente, junto ao coletivo humano.

O maçonólogo Joaquim Gervásio de Figueiro, 33°, em sua obra intitulada “Dicionário de Maçonaria”, Editora Pensamento, define uma Academia Maçônica de Letras como uma sociedade civil literária de Maçons, constituída sobre as bases democráticas, com a finalidade de incentivar a cultura e as letras maçônicas. Já o escritor maçom Plínio Barroso de Castro Filho, 33°, em sua obra “Dicionário Enciclopédico Maçônico do REAA, Editora Atena, simplesmente, a define como uma associação para estudos da Arte Real. Encontramos, também, uma citação do escritor maçônico João Ivo Girardi, em seu livro intitulado “Do Meio-Dia à Meia-Noite – VadeMécum Maçônico”, Editora Nova Letra, afirmando que, nos séculos XVI e XVII, os agrupamentos maçônicos denominavam-se “Academias”, para fugir às perseguições de monarcas absolutistas e do clero. A histórica frase proferida por um dos mais influentes escritores do século passado, José Bento Renato Monteiro Lobato sintetiza a grandeza e a importância de uma Academia. Quando este ilustre brasileiro imortalizou a frase “Um país se faz com homens e livros”, despertou, em seus leitores, a importância da leitura, sublimou o trabalho dos literatos e enalteceu a cultura.

A Maçonaria é uma instituição que tem como objetivo a felicidade humana e investe para isso, especialmente, no aperfeiçoamento dos costumes. Combatendo a ignorância, glorificando a Verdade e a Justiça, eleva a criatura humana aos mais altos patamares evolucionais. Nossa Ordem como uma escola de aperfeiçoamento de homens, por excelência, deve, sempre, exaltar e promover os movimentos culturais e, estar na vanguarda dos acontecimentos, estimulando o progresso e a evolução humana em todos os sentidos. A Academia Maçônica Fluminense de Letras ao reativar suas atividades e, a partir de então, priorizando suas atenções para as atividades culturais, reveste-se do mais amplo comprometimento com a exaltação da cultura. Afinal, ensinar é a arte de apontar caminhos, catalisar sensações, de ampliar horizontes, de expandir consciências e, sendo o exemplo a melhor forma de ensinar, cabe a seus membros envidar esforços para espargir seus conhecimentos maçônicos, para o engrandecimento de nossa Ordem, do Supremo Conselho e do nosso REAA, em particular. Que o Pai Celestial conceda vida longa e profícua à Academia Maçônica Fluminense de Letras e a todas as demais Academias existentes, em seu nobre papel da difusão do conhecimento.

Autor

Francisco Feitosa, - Titular da Cadeira Patronímica nº 02 - Patrono Benjamin de Almeida Sodré.

Fonte: Informativo Virtual “Astréa News” nº 47 - Edição Especial - Ano IV - Abr/15.