O Número Três


Falar sobre o simbolismo mágico que envolve os números é um assunto tão fascinante quanto a eterna busca para explicações que decifrem a alma humana, independente do tempo e do espaço, de religiões e conceitos, o ser humano sempre criou e procurou símbolos e códigos para decifrar a si mesmo. E a simbologia dos números é um deles.

As tradições relatam que os povos primitivos utilizavam os dedos e pedras para fazer seus primeiros numerais. Os egípcios aprenderam a matemática com os hebreus cativos, há mais de 300 anos antes de construir as pirâmides. A matemática explica que os primeiros números surgiram quando os pastores começaram a contar seus rebanhos no final do dia, comparando a quantidade de ovelhas à determinada quantidade de pedras. Uma das ciências mais antigas da História, a Numerologia, foi utilizada pelos povos fenícios, babilônicos, egípcios, romanos, chineses e árabes.

Ao longo do desenvolvimento desta ciência, cada número passou a ter um significado. E o simbolismo do número três é um dos mais curiosos e complexos nas mais diversas culturas e seus simbolismos.

Filosofia: Por definição do pensador Pitágoras, representa o conhecimento: música, geometria e astronomia. Em outras culturas é definido ainda como o símbolo sexual masculino: pênis e testículos; a composição do homem: corpo, alma e espírito; ou as três esferas concêntricas do Universo: o natural, o humano e o divino. Para os chineses é o número perfeito porque reúne o homem, a terra e o céu. Já os gregos vêem a Deusa e a vegetação em três aspectos: jovem, mãe e velha.

Bíblia: Na Bíblia o número três significa a comunhão perfeita, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus, Maria e José, três pessoas foram a Sagrada Família. Três eram os reis magos que visitaram o menino-Deus. Três foram as tentações superadas por Cristo no deserto. Aos trinta anos, iniciou sua vida pública que durou três anos. Doze eram os números de apóstolos (um mais dois, igual a três) e três eram as Marias presentes em sua crucificação. Aos trinta e três anos foi morto e três dias depois, Cristo ressuscitou.

Bruxaria: Já para as bruxas, o número três, representado pelo triângulo, significa a manifestação da magia ocidental e é usado em invocações para invocar espíritos. O sinal da entidade é colocado no centro do triângulo. O triângulo invertido representa o princípio masculino. Há também o símbolo das três luas, indicando três faces: a Virgem, a Mãe e a Anciã.

Política: Na esfera política, sobretudo na democracia, o número três se torna especial já que a sociedade civil organizada está apoiada em Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Maçonaria: O costume de colocar três pontos após a assinatura de um maçom, não é tão antiga como poderia pretender-se. Ela aparece pela primeira vez em 12 de agosto de 1774 em uma circular do Grande Oriente da França comunicando um novo valor da anuidade e a mudança de local. E na Constituição de Anderson, documento básico da Maçonaria chamada Moderna, publicada em Londres em 1723, não é usada em parte alguma a escritura tripontuada.

Esta forma de escritura, que teria como objetivo principal ocultar a compreensão de textos do entendimento de profanos, não tem sido exclusividade dos maçons; na Corte Pontifícia de Roma existia um tribunal denominado Tribunal de A C/u8220 que era escrito justamente com as letras A e C seguidas de três pontos. Para uns era interpretado como Augusta Consulta, para outros Auditoris Curea e, inclusive, Auditor Camarae. Esta situação é, até certo ponto, comum em sistemas religiosos ou filosóficos, em que um símbolo ou ensinamento é adotado indistintamente por uns ou por outros.

Por exemplo: a escada de Jacó, a cruz, adotada pela Igreja Católica alguns séculos depois da morte de Jesus; o Ternário, comum, praticamente, a todas as religiões, o avental, usado por todas as importantes religiões e mistérios antigos nas cerimônias de iniciação, etc

Os três pontos também possuem um significado todo especial e com as mais variadas interpretações. O maçom, quando assina qualquer documento, finaliza sua assinatura com três pontos, que podem significar: liberdade, igualdade e fraternidade; presente, passado e futuro; luz, trevas e tempo; nascimento, vida e morte; ou ainda sabedoria, força e beleza.

Se é certo que o maçom deve orgulhar-se de usar os três pontos na sua assinatura, ela não constitui uma obrigatoriedade, considerando que haverá certos casos em que por razões políticas, profissionais, familiares, etc., o maçom poderá ter a necessidade de não manifestar abertamente sua condição de tal. Também, a pessoa que usa os três pontos na sua assinatura não é necessariamente um maçom.

O significado simbólico dos três pontos está, evidentemente, relacionado com o Ternário e o seu significado é variado, abrangendo todos os símbolos relacionados com o número três.

O primeiro ponto é a origem criador de todo o que existe, o Uno, a Monada, o Princípio Fundamental, a Unidade, é Deus.
Os dois pontos inferiores são a Dualidade, são gerados pelo primeiro ponto e se juntaram, voltam a ser a Unidade, da qual tiveram nascimento.

O ponto superior corresponde ao Oriente em Loja, que é o mundo Absoluto da Realidade, é o Delta Sagrado, e os dois pontos inferiores correspondem ao Ocidente, ou seja, o Mundo relativo, o domínio da Aparência, são as duas colunas, como mais um emblema da dualidade.

O três significa “A Criação”, a natureza tríplice de Deus (criação – conservação – destruição). Pode significar também o desenvolvimento ordenado do Universo em sua total harmonia. E está representado sob as mais diversas variáveis:
Três são as qualidades exigidas para aqueles que postulam a iniciação: vontade, amor e inteligência.
Três são as joias fixas da loja: prancheta, pedra bruta e polida.

Três são as grandes luzes: sabedoria, força e beleza, alocadas ao leste, norte e sul e representadas, respectivamente pelo Ven.·., 1ª Vig.·. e 2º Vig.·..
Três são as virtudes morais: fé, esperança e caridade.
O Três ainda pode ser estudado sob outras óticas:
Do Tempo: presente, passado e futuro.
Da vida: nascimento, vida e morte.
Da família: pai, mãe e filho;
Da trindade cristã: Pai, Filho e Espírito Santo;
Da constituição do ser: espírito, alma e corpo.

Finalmente, é sobre três importantíssimos pontos que se deve apoiar todo Maçom: liberdade, igualdade e fraternidade.
Que o Supremo Arquiteto do Universo ilumine os nossos caminhos.


João Batista Raimundo