O porquê da corda de 81 nós?


 

A corda simboliza ligação, vínculo, união, sobretudo quando possui um ou mais nós, significando uma ligação com as forças ocultas do universo. Já quando é representada estendida, sem nós, a corda simboliza ascensão, o ato de subir, de se elevar.

A corda que percorre o friso dos Templos das Lojas, tendo uma borla em cada uma das suas extremidades, que terminam diante das duas colunas da entrada. De distância em distância existem nós denominados “laços de amor”. Primitivamente, estas cordas com “laços de amor” eram desenhadas num pequeno paralelogramo, traçado no chão, com giz ou carvão que constituía o Painel da Loja e que posteriormente, foi substituído pelo “tapete”. No grau de Aprendiz havia três laços, no de Companheiro existiam quantidades de laços diferentes e no de Mestre não havia laços, era um desenho diferente.

Já Joules Boucher (2001) defende que “Pode-se, portanto, pensar razoavelmente que os primeiros maçons especulativos, tendo substituído o cordel operativo por um cordão ornamental, deram muito naturalmente a este cordão nós em forma de “laços de amor”. Esta espécie de nós figurando nos brasões, no Painel ou Tapete da Loja que enfeixa os símbolos, essenciais da Maçonaria, pode ser considerado como o armorial maçônico”.

Abrindo aqui um importante parêntese a ser estudado, alguns autores dizem que a corda de 81 nós ao redor da abóbada é uma invenção brasileira. O que existe na tradição maçônica é a corda de 13 nós que servia para medições no canteiro de obras, onde houve uma germinação do rito das famílias Stuart na Escócia. Em França, algo parecido existiu como “laços de amor” nas decorações das Lojas, mas não se referiam à corda de 13 ou 81 nós.

Sabemos que muitos dos nossos estudos e da nossa própria história se perdeu no tempo. Mas aqui vão alguns pontos a serem estudados e analisados pelos Irmãos que gostam de aprofundar os nos nossos estudos.

1- A estrutura destes “nós” (em forma de laços), representa o símbolo esotérico do infinito, indicando que a obra da renovação é duradoura e infinita. Este é um dos motivos pelos quais estes laços são chamados “Laços de Amor”, porque demonstram a dinâmica Universal do Amor – na continuidade da vida.

Além disto, o fato dos nós estarem abertos, em forma de laços, como um “8” deitado (∞), devem lembrar ao Maçom que é preciso tomar muito cuidado para não os puxar. Eles devem permanecer como estão! Porquê? Um nó fechado, neste caso, significaria a interrupção e o estrangulamento da fraternidade que deve existir entre os Irmãos.

2 – A disposição da corda inicia-se no “nó” central, que deve estar por cima do Trono de Salomão (da cadeira do Venerável Mestre). Ele simboliza o número UM e tudo o que ele implica: unidade, indivisibilidade, sagrando-se ainda, por representar o Criador, princípio e fundamento do Universo. Este símbolo, especificamente, remonta à antiga escola Pitagórica.

Desta forma, a corda conta ainda com quarenta “nós”, equidistantes, de cada lado que se estendem pelo Norte e pelo Sul.
Reparem que a corda acaba terminando em duas borlas, em cada uma das suas extremidades, ambas relembram ao Maçom a Justiça e a Prudência.

3 – Segundo a maioria dos estudiosos, o fato da corda ser aberta junto à Porta do Templo indica que a Ordem Maçônica é dinâmica e progressista, estando, portanto, sempre aberta às novas ideias, desde que estas contribuam para a evolução do Homem e para o progresso racional da humanidade.

Sem dúvida, a corda é a trena de hoje, assim como o terço tem a sua representação numa religião, a corda que como ferramenta, fala de união e força, pode ter na sua origem tal medida. Finalizo considerando em todos os sentidos, que o nó da corda dos Templos Maçônicos é o nó impresso nos ladrilhos do Templo de Salomão, e não o nó de uma corda de medidas, ou seja, é uma ferramenta emulada; ou seja, faz-nos sentir nobres, igualando-nos aos Irmãos em virtude e merecimento.

Valdecir Martins
Publicado originalmente: https://www.freemason.pt/